A baía contemplada desde o relvado em círculo do Castro de Vigo
sob uma luz de junho isenta de sombras
hostis ao esplendor diurno,
surpreende o visitante inédito
pela ambição de espaço e de paisagem que ele ali descobre.
Vindas do interior do Castro
isto é: do lado sombrio da História,
cento e trinta e seis vozes do coro dos fantasmas
assombram com gritos
(sonoros nas palavras lapidares)
toda aquela encenação
em prol da hegemonia das cores fulgurantes.
Cento e trinta e seis gritos e disparos
devolvem subitamente o forasteiro
à insuportável melancolia
das trevas.
A baía de sonho contemplada do Castro
celebra a volúpia ociosa do mar de junho
rente
à presença intemporal da infâmia
e do eco, para sempre obstinado, do seu ruído.
Tudo tão longe e tão perto.
Vigo, 26/ 6/2016
|