JÚLIO CONRADO...

Bilhete postal para Matilde Rosa Araújo

O falecimento de Matilde Rosa Araújo apanhou-me fora do país, em trânsito, razão pela qual só ao regressar me dei conta do infausto acontecimento. Sendo meu privilégio ter sido seu aluno no início dos anos cinquenta, beneficiando então dos extraordinários dotes da pedagoga, e depois, enquanto escritora, da atenção e carinho com que seguiu os meus passos como colega das Letras, que poderei eu dizer ou escrever que outros não o tenham feito já com a elevação apropriada, senão que o seu percurso de mulher cuja relação com o mundo,  exemplar,  perdurará entre aqueles que um dia beneficiaram da sorte de a ter por amiga? Matilde Rosa Araújo deixa uma herança de simpatia, solidariedade e simplicidade, que perpassa, aliás, por toda a sua escrita, como prova de um estilo pessoal em cujo vértice estava uma educação esmerada de grande senhora. Recordá-la-ei com a constância que a sua incomparável personalidade e a obra literária que construiu, pioneira na área infanto-juvenil, inteiramente justificam. Adeus, Matilde.

Latitudes, Cahiers Lusophones / Triplov

Júlio Conrado. Ficcionista, ensaísta, poeta . Olhão, 26.11.1936 . Publicou o primeiro livro de ficção em 1963 e o primeiro ensaio na imprensa de âmbito nacional em 1965 (Diário de Lisboa). Exerceu a crítica literária em vários jornais diários de referência e em jornais e revistas especializados como Colóquio Letras, Jornal de Letras e Vida Mundial. Participação em colóquios e congressos internacionais. Participação como jurado nos principais prémios literários portugueses. Membro da Associação Portuguesa de Escritores, Associação Internacional dos Críticos Literários, Associação Portuguesa dos Críticos Literários e Pen Clube Português. A sua obra ensaística, ficcional e poética está reunida numa vintena de livros. Alguns livros e ensaios foram traduzidos em francês, alemão, húngaro e inglês.

Ver bio-bibliografia alargada em:

http://penclube.no.sapo.pt/pen_portugues/socios/julio_conrado.htm