Pergunte-se: «O que seria de Eros e de Psyque e de todos os deuses, faunos e ninfas, após o desaparecimento da conjuntura grega que os iluminou?»
Parece ser ponto assente que, ao longo dos séculos, as suas lendas e símbolos serviram de pretexto a artistas e a gente que lia os gregos e latinos para se servirem deles quando se referiam a coisas reais. Essas pessoas evocavam, por exemplo, a desordem de um mundo que não estava sob a lei dum Deus morto na cruz para redimir os pecados humanos.
Psyque nunca existiu, como também nunca existiu qualquer sociedade matriarcal ou Deusa-Mãe com plenos poderes. Sempre predomina a postura social dominante do homem, embora o mito possa induzir a ideia da mulher ter um papel social primordial.
Mas, sem dúvida que outorgar à mulher uma «superioridade» pode encobrir a perpétua violência exercida sobre o sexo feminino. Onde é que foi a mulher superior? Em lugar algum.
E se a mulher foi fonte de imaginação «criativa» nas mitologias, estaria no princípio do caos e da desordem ou acusava a incapacidade em usar bem flechas e arcos. As representações das parelhas arquetípicas chegaram a prescindir de caracteres sexuais externos. Não se justificou acentuar a diferença no par.
Assim considerado o valor da narração com ênfase no género, o presente estudo de vidas reais e ficcionais obrigou-nos a auscultar razões de ser para múltiplas realidades psicológicas, apresentando-as recriadas, reflectidas e elucidadas.
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Judite Maria Zamith Cruz é doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, onde lecciona cursos de licenciatura e mestrado dedicados ao estudo do desenvolvimento humano e do auto-conhecimento do profissional de educação, desde 1996, é membro de instituições nacionais e internacionais dedicadas ao estudo e investigação da sobredotação, talento e criatividade e, em 1997, integrou equipa internacional e interdisciplinar, coordenada pela Professora Doutora Ana Luísa Janeira, nos domínios de ciência, tecnologia e sociedade - «Natureza, cultura e memória: Projectos transatlânticos». Colabora, desde 2000, no Instituto de Estudos da Criança, em projectos centrados na educação matemática; depois, na área da língua portuguesa e artes plásticas, como membro do Centro de Investigação «Literacia e Bem-Estar da Criança» (LIBEC) da Universidade do Minho .
Entre Janeiro e Julho de1982 foi professora de psicologia e de pedagogia em Escola de Formação de Professores do Ensino Básico de Torres Novas. De Junho a Setembro de 1982, assumiu o lugar de Assistente Estagiária na Universidade de Lisboa – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, de que se afastou para desempenhar funções de psicóloga clínica em cooperativa dedicada a crianças e jovens deficientes motores e mentais, em Lisboa – CRINABEL (1982-1985). De 1985 a 1988 foi professora do Ensino Secundário, em Braga, leccionando a disciplina de psicologia na Escola D. Maria II. De novo ocupou funções de psicóloga clínica em associação dedicada à educação de crianças e jovens deficientes auditivos (APECDA-Braga), entre 1988 e 1992. Em 1987, realizou trabalho como psicóloga no Hospital Distrital de Barcelos, de que se afastou em 1990 para efectuar curso de mestrado. Em 1992 ocupou o ligar de Assistente de metodologia de investigação, na Universidade do Minho, em Braga, onde é professora auxiliar.
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