O amor europeu surgiu no século XI, vindo a desenvolver-se até ao Romantismo, época em que se uniu à sexualidade a mente - o espírito francês. O Romantismo (francês) teve início no 3º quartel do século XVII.
Ainda que lentamente, portanto, enriquecido com os sentimentos mais ousados, existirão amores mais endiabrados e atrevidos? E o que é o «amor ocidental»?
Como vimos, para os gregos clássicos, o amor foi por vezes tragédia.
Já no Ocidente, actualmente, ainda é comum pensar-se que amar é um bem comum. Mas foi a partir do século XI, portanto, que se expandiram novas formas de amar, umas mais idílicas outras mais carnais (traduzidas nas cantigas de amor e de amigo), em que o amor passava pelo «jogo social».
Ainda na contemporaneidade,pensa-se também que a paixão surge quando nos apaixonamos não pelo outro, uma pessoa real, mas pelo modo como o/a vemos. Há paixões compartilhadas e outras não. Por conseguinte, existe uma paixão bem solitária, podendo ser dado o exemplo de Narciso que somente via Eco espelhada no lago.
Por distinção do amor e do amor de si, idealizamos o ser humano amado e chegamos a idolatrá-lo. Essa pessoa da nossa paixão é sujeita a mimetismo, ou seja, inconscientemente e com a convivência podemos passar a adoptar o seu comportamento, linguagem e juízo.
Há quem acredite que essa concepção de amor-paixão existe somente entre nós (1), ocidentais. Segundo Clifford Bishop, foram os trovadores «românticos» a darem esse cunho ao sentimento amoroso. Também, de acordo com essa fonte, é possível que na Indonésia os weyewas nos considerem algo «desumanos», a atender a esse facto bruto – amar apaixonadamente. Por sua vez, no Amazonas, o enamoramento entre os mehinakus é ainda tido como um íman que atrai os espíritos malignos. O resultado é nefasto nessa sociedade, talvez porque não saibam explorar nuances emocionais, diferentes gradações de emoções: enamoramento, amor-paixão, amor casto, amizade electiva…
Afinal, nas ilhotas Ifaluk, nos desertos africanos, no Egipto Antigo, na China do século XX, no Alasca do povo inuit ou em Portugal defende-se que todos conhecemos esses sentimentos de amor romântico mesmo que sejam mal vistos ou inconvenientes (2).
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Judite Maria Zamith Cruz é doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, onde lecciona cursos de licenciatura e mestrado dedicados ao estudo do desenvolvimento humano e do auto-conhecimento do profissional de educação, desde 1996, é membro de instituições nacionais e internacionais dedicadas ao estudo e investigação da sobredotação, talento e criatividade e, em 1997, integrou equipa internacional e interdisciplinar, coordenada pela Professora Doutora Ana Luísa Janeira, nos domínios de ciência, tecnologia e sociedade - «Natureza, cultura e memória: Projectos transatlânticos». Colabora, desde 2000, no Instituto de Estudos da Criança, em projectos centrados na educação matemática; depois, na área da língua portuguesa e artes plásticas, como membro do Centro de Investigação «Literacia e Bem-Estar da Criança» (LIBEC) da Universidade do Minho .
Entre Janeiro e Julho de1982 foi professora de psicologia e de pedagogia em Escola de Formação de Professores do Ensino Básico de Torres Novas. De Junho a Setembro de 1982, assumiu o lugar de Assistente Estagiária na Universidade de Lisboa – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, de que se afastou para desempenhar funções de psicóloga clínica em cooperativa dedicada a crianças e jovens deficientes motores e mentais, em Lisboa – CRINABEL (1982-1985). De 1985 a 1988 foi professora do Ensino Secundário, em Braga, leccionando a disciplina de psicologia na Escola D. Maria II. De novo ocupou funções de psicóloga clínica em associação dedicada à educação de crianças e jovens deficientes auditivos (APECDA-Braga), entre 1988 e 1992. Em 1987, realizou trabalho como psicóloga no Hospital Distrital de Barcelos, de que se afastou em 1990 para efectuar curso de mestrado. Em 1992 ocupou o ligar de Assistente de metodologia de investigação, na Universidade do Minho, em Braga, onde é professora auxiliar.
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