Os baruya (1) são um outro povo para nós estranho de um vale elevado das montanhas da Papua da Nova Guiné - Oceânia. Em 1951 foram descobertas 2.000 pessoas e, em 1975, o grupo tornou-se independente, depois do domínio da Austrália.
Nessa tribo, o acto sexual reveste-se de características muito particulares: somente depois de várias semanas após o casamento as relações sexuais heterossexuais são permitidas. Primeiro, a linhagem masculina deve construir a habitação para o futuro casal. Entretanto, a fuligem da chaminé deve enegrecer as paredes da casa, feitas de argila e de pedras lisas.
Esse é um espaço de passagem entretanto proibido à mulher. Caso arrisque percorrê-lo, será açoitada sem piedade. Pensa-se que o seu sexo será aberto pelo fogo, o que contraria a função do fogo: cozer os alimentos do futuro marido.
Terminada a obra, o casal ainda não poderá dormir no aposento da lareira. Na primeira noite, o homem passa a noite nessa sala com os rapazes e, na segunda noite, será a vez de a mulher aí pernoitar com as raparigas.
Quando finalmente ficam juntos, está-lhes vedado o coito. O marido acarinha a esposa e dá-lhe a beber o seu esperma, por se julgar que este se transformará em leite que, por sua vez, servirá de alimento aos filhos a nascer.
O acto real de a mulher tocar com a boca no sexo do homem (fellatio) alcança uma função imaginária, atendendo a que é o homem a manifestar o seu poder de dar vida: o seu esperma tornar-se-á leite. Está expressamente proibido o cunnilingus – o acto recíproco de fellatio. Essa ideia faz o homem escandalizar-se e chegar a gritar e a vomitar.
Por último, na iniciação sexual, quando o casal descobre que a fuligem da lareira enegreceu as paredes, inicia-se o coito com a mulher por baixo do homem, deitada no chão da parte feminina da casa, junto à porta. Noutra dependência, o homem pode dormir só ou com hóspedes masculinos. Caso a esposa se coloque por cima do marido, durante o acto sexual, teme-se que os fluxos do sexo (secreções vaginais) possam deslizar sobre o ventre dele, arruinando o seu poder supremo.
Está proibida qualquer relação sexual nas regiões pantanosas e nos elevados locais habitados por
maus espíritos. Os campos de cultivo estão igualmente vedados à actividade sexual. As relações adúlteras tornam-se perigosas no caso de se verificarem com frequência nos bosques. Assim o esperma e os
fluxos do sexo poderão ser arrastados para a terra por vermes e serpentes que os doarão a divindades ctónias (da terra) e hostis.