Judite Maria Zamith Cruz

PSICOLOGIA DO AMOR ROMÂNTICO - II
O prodígio das histórias de amor na transformação humana

INDEX

3.2. O amor em Mangaia, uma ilha do Pacífico

Em Mangaia, uma das Ilhas Cook (1), no Pacífico, amo-te significava «quero fazer amor contigo».

Ao longo de cerca de 25 anos, gerações de antropólogos pensaram não existir amor romântico lá longe, em Mangaia. O ambiente pareceu-lhes de extrema licenciosidade, a partir do testemunho dos homens nos seus locais de reunião onde costumavam «gabar-se» dos seus poderes amorosos aos estrangeiros curiosos.

Quando uma antropóloga americana, Helen Harris (2), foi para aquele local com a finalidade de realizar um doutoramento, apresentou o povo estranho segundo a tese contrária: «O povo de Mangaia ama, apaixonadamente». Em 1995, o contributo científico de Helen foi exposto na Universidade da Califórnia - Santa Bárbara: Human Nature and the Nature of Romantic Love.

De acordo com as perguntas então formuladas acerca dos mores (hábitos arreigados, impostos como leis), também em Mangaia o acto sexual se tornara clandestino (tomo vaine), à força de os pais quererem casar os filhos para lhes aumentarem o poder material em terras e em prestígio. O amor inaceitável constituía, portanto, outra calamidade para as famílias.

(1) Simon Andreae (1998, trad. port. 2003, pp. 229-232).

(2) Helen Harris (texto manuscrito, 1995; cit. por S. Andreae, 1998, trad. port. 2003, pp. 229-232).

Judite Maria Zamith Cruz é doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, onde lecciona cursos de licenciatura e mestrado dedicados ao estudo do desenvolvimento humano e do auto-conhecimento do profissional de educação, desde 1996, é membro de instituições nacionais e internacionais dedicadas ao estudo e investigação da sobredotação, talento e criatividade e, em 1997, integrou equipa internacional e interdisciplinar, coordenada pela Professora Doutora Ana Luísa Janeira, nos domínios de ciência, tecnologia e sociedade - «Natureza, cultura e memória: Projectos transatlânticos». Colabora, desde 2000, no Instituto de Estudos da Criança, em projectos centrados na educação matemática; depois, na área da língua portuguesa e artes plásticas, como membro do Centro de Investigação «Literacia e Bem-Estar da Criança» (LIBEC) da Universidade do Minho .

Entre Janeiro e Julho de1982 foi professora de psicologia e de pedagogia em Escola de Formação de Professores do Ensino Básico de Torres Novas. De Junho a Setembro de 1982, assumiu o lugar de Assistente Estagiária na Universidade de Lisboa – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, de que se afastou para desempenhar funções de psicóloga clínica em cooperativa dedicada a crianças e jovens deficientes motores e mentais, em Lisboa – CRINABEL (1982-1985). De 1985 a 1988 foi professora do Ensino Secundário, em Braga, leccionando a disciplina de psicologia na Escola D. Maria II. De novo ocupou funções de psicóloga clínica em associação dedicada à educação de crianças e jovens deficientes auditivos (APECDA-Braga), entre 1988 e 1992. Em 1987, realizou trabalho como psicóloga no Hospital Distrital de Barcelos, de que se afastou em 1990 para efectuar curso de mestrado. Em 1992 ocupou o ligar de Assistente de metodologia de investigação, na Universidade do Minho, em Braga, onde é professora auxiliar.