Judite Maria Zamith Cruz

A PERSPECTIVA ARQUETÍPICA DA MENTE
O inconsciente colectivo de Carl Gustav Jung (Index)

Discussão Final

Na actualidade, o que mais se contesta em Jung é que os arquétipos possam ser «universais». As culturas dividem-nos e múltiplos mitos de transformação nos unem no imaginário ocidental pela metamorfose, no fantástico, no surrealismo, em Pompeios, Atlântida, Avalon... Existem mitos de reis desaparecidos, de indivíduos adúlteros, de incesto, libertinagem ou loucura reconhecidos nas literaturas.

Sem dúvida que Jung, na sua concepção passadiça, teria pensado à luz da primeira metade do século XX. Estava em causa também para o seu pensamento, a sua condição sexual, masculina, familiar, ocidental, sem ascendência judia, nascido na suíça, mesmo que tivesse conhecido outras paragens.

Em sentido lato, como vimos, todos nós possuímos concepções dinâmicas de atributos humanos face aos quais reagimos e desenvolvemos ideais, motivações e a própria identidade do «eu», a personalidade. Assim compreendidos, os valores, os interesses e o que somos como pessoas organizam-se em estruturas de personalidade. A identidade forja-se sujeita a «virtudes» e a «defeitos» provenientes do contacto com o ser humano masculino e com o ser humano feminino: pai, mãe, avó e os seus substitutos. Reagimos pelo exemplo de alguém que identificamos como ser de eleição ou ser fruto da desgraça.

Como ficou claro, as produções imaginárias de Jung foram férteis em alusões a auto-retratos (arquétipos) de pulsões para sociedades ocidentais, incluídas as transmutações da própria vida com rasgo de intencionalidade - o itinerário de um inconsciente que cumpriu a sua realização (1). No fim da vida, ele sentir-se-ia ainda distante de solucionar enigmas insondáveis, o desconhecido e o desconexo, partindo da decifração/interpretação analítica. A Psicologia de Jung foi a realização de si mesmo.
Notas
(1) AA.VV. (1978, trad. port. 1979, p. 118).

Judite Maria Zamith Cruz é doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho, onde lecciona cursos de licenciatura e mestrado dedicados ao estudo do desenvolvimento humano e do auto-conhecimento do profissional de educação, desde 1996, é membro de instituições nacionais e internacionais dedicadas ao estudo e investigação da sobredotação, talento e criatividade e, em 1997, integrou equipa internacional e interdisciplinar, coordenada pela Professora Doutora Ana Luísa Janeira, nos domínios de ciência, tecnologia e sociedade - «Natureza, cultura e memória: Projectos transatlânticos». Colabora, desde 2000, no Instituto de Estudos da Criança, em projectos centrados na educação matemática; depois, na área da língua portuguesa e artes plásticas, como membro do Centro de Investigação «Literacia e Bem-Estar da Criança» (LIBEC) da Universidade do Minho .

Entre Janeiro e Julho de1982 foi professora de psicologia e de pedagogia em Escola de Formação de Professores do Ensino Básico de Torres Novas. De Junho a Setembro de 1982, assumiu o lugar de Assistente Estagiária na Universidade de Lisboa – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, de que se afastou para desempenhar funções de psicóloga clínica em cooperativa dedicada a crianças e jovens deficientes motores e mentais, em Lisboa – CRINABEL (1982-1985). De 1985 a 1988 foi professora do Ensino Secundário, em Braga, leccionando a disciplina de psicologia na Escola D. Maria II. De novo ocupou funções de psicóloga clínica em associação dedicada à educação de crianças e jovens deficientes auditivos (APECDA-Braga), entre 1988 e 1992. Em 1987, realizou trabalho como psicóloga no Hospital Distrital de Barcelos, de que se afastou em 1990 para efectuar curso de mestrado. Em 1992 ocupou o ligar de Assistente de metodologia de investigação, na Universidade do Minho, em Braga, onde é professora auxiliar.