A mensagem religiosa do Islão
teve como mentor o profeta Maomé, numa transmissão, a partir da escrita
e da sua própria interpretação, profundamente basilar à civilização
arábico-muçulmana, difundida, ao pormenor, pelos fiéis de Meca, Medina e
da região da Arábia Central.
A primeira biografia do Profeta
é a interminável colecção de importantes tradições, compiladas em Medina
por Muhamad Ibne Ishaq. As suas revelações iniciaram-se cerca do século
VI da era de Cristo, no vale rochoso de Meca. Um tradicionalista
ortodoxo menciona que, ao chegar o momento da Oração, o Profeta, por
hábito, saía e dirigia-se para os vales da cidade. A tradição aponta o
Anjo Gabriel a anunciar a Maomé que fora escolhido como o enviado de
Deus. Alî, filho de Abû Talib, tio do Profeta, fora o primeiro homem de
que há notícia a acreditar no enviado do Senhor, rezando com ele e
aceitando a sua mensagem.
Quando Maomé faleceu, Árabes,
Muçulmanos e Persas, de crença ecuménica e de espírito missionário,
disseminaram-se por vastas áreas habitadas, distintas na sua cultura,
civilizações herdeiras da cultura clássica, pela qual os islâmicos se
deixaram também influenciar. A mutação da capital político-religiosa,
primeiro em Medina, depois direccionada a Damasco e ainda a Bagdade, ao
longo de dinastias omíadas e abássidas, provoca uma perda da referência
de cultura dos primitivos centros islâmicos e de matriz do Islam
clássico. Não obstante, a civilização islâmica não deixa de ter todo um
conjunto de saberes único e genuíno.
A mentalidade religiosa
muçulmana tem um carácter universalista, sem perder a referência às
doutrinas de Maomé, valorizando o modelo da Umma, do Islão, da
comunidade de crentes, como a organizara e dirigira o Profeta nas
cidades de Meca e Medina.
A propósito, escreve António
Dias Farinha:
“O quadro mental do
muçulmano forma-se a partir do ensino do Livro Sagrado aos jovens,
desde a infância, e da obediência aos mandamentos e deveres
religiosos codificados na Sharîà, ou Lei islâmica, aplicada
pelos qâdis e respeitada pelos chefes políticos”.
(1985)
A Sharîa ou Char´
ou Chari’a é o caminho a seguir pelos Muçulmanos, como a via
única, composto por regras de ordem jurídica a que não lhes é dado o
privilégio de se desviarem um fio de tâmara que fosse. É a explicação da
lei ou do grupo de leis que regem todos os aspectos da comunidade
islâmica. É aplicada pelo qâdi’, ou seja pelo funcionário que
detém o poder judicial, sendo juiz e notário, arbitrando acerca de
questões relativas à Lei. Era administrativamente auxiliado por um
qâdi-l-qodât, um oficial menor, magistrado local, submetido às suas
ordens.
Entre o pouco que já referimos,
é possível detectar os elementos explicativos da mentalidade islâmica de
uma civilização religiosa, de uma “religião do Livro”, um livro
orientador da vida moral, dos deveres e dos direitos, e de toda uma
vivência. Reflecte uma ideologia da sociedade do Islão, uma sociedade
teocrática laica e igualitária, sem a profunda hierarquização
característica da Cristandade Ocidental e da sociedade feudal europeia.
Contrariamente ao Cristianismo, não existe um equivalente à ordem
clerical no Islão. Os fiéis a Deus, na Idade Média, não precisam de
intermediários para comunicar com a divindade, como entre os Cristãos,
podendo dirigir-se imediatamente, sem intermediários, a Deus, nas suas
orações e assumir as funções que, no Cristianismo, pertenciam à
clerezia. Por princípio, não existe o poder de intercessão – shafâ’a
– entre o homem e Deus, nem o culto das relíquias e dos Santos do
Cristianismo, usados como mediadores na religião cristã.
António Dias Farinha alerta-nos
para uma contradição ou tensão no ideal da sociedade muçulmana,
conferida pela oposição urbe/campo ou entre a vida na cidade e o apelo
do deserto. Mas, essencialmente, impera o gosto islâmico pelo centro
urbano, até pelas referências a Maomé. O Profeta era citadino e, no
início da sua pregação, dirigiu-se ao povo da cidade de Meca. Os
próprios deveres religiosos cumpriam-se plenamente na cidade, onde está
a mesquita principal (al-masjid al-jam’). É também na cidade e na
abrangência da mesquita, que se situa a actividade do Qâdi,
zelador da ortodoxia do cumprimento da Lei (Sharî’a), Enquanto
isso, os Árabes continuaram ligados aos valores da vida do deserto,
morando em tendas e organizados em tribos, imbuídos pela memória dos
antepassados heróicos, uma memória veiculada pela poesia popular e pelos
contos. Apesar disso, os Árabes fixaram-se nas cidades, reunidos em
bairros distintos, bairros esses nomeados pelos nomes de cada tribo ou
família. Além da própria sociedade islâmica provocar esta antítese, as
chefias políticas também reflectiam esta oposição cidade/campo.
Com o triunfo da religião
islâmica, sucedeu uma veloz expansão desta nova religião no final da
vida de Maomé (que vem a falecer em 632) e nos primeiros séculos da
Hégira. O Islão expandia-se geograficamente, obtendo vitórias militares,
estabelecendo-se a administração, a sede e a construção da mesquita,
como centros do estabelecimento, vivência e controle da islamização dos
povos submetidos.
A Arte Islâmica
A arte muçulmana encerra em si
um conjunto de manifestações artísticas, correspondentes a diferentes
graus de evolução da sua cultura, numa civilização que se expandiu por
um vasto território, tendo sido o seu factor de unidade a religião.
Desta feita, a arte islâmica em Portugal corresponde a um dado momento
da evolução civilizacional muçulmana, interagindo com um povo, cuja
cultura era totalmente distinta e, pricipalmente, atendamos, no sector
religioso que comandava a vida de ambos os povos: os Árabes e os
Portugueses. Este facto é deveras compreensível, até porque os
Muçulmanos entraram no nosso território, com o objectivo de invadi-lo e
usurpá-lo aos Visigodos (710-716). Apesar da conflitualidade, a arte
foi, de certa maneira, bem aceite e facilmente assimilada pelos
moçárabes, deixando os seus vestígios e influências. Como se esperava, a
arquitectura (religiosa) islâmica, com a “Reconquista”, foi, em grande
parte, cristianizada, destruída e profanada, num impulso vingador contra
aqueles que o Islão tinha como infiéis.
O fenómeno cultural islâmico
caracteriza-se pela sua assimilação, criação e difusão de determinadas
formas artísticas. No campo decorativo, basta atendermos à lindíssima
escrita árabe, cujos textos originais eram decalcados na íntegra ou por
partes nas paredes, pintadas ou ornamentadas com relevos belíssimos.
Tanto bastava para a decoração. Ou ainda com azulejos reproduzindo
partes de textos ou com motivos geométricos de belíssimas cores (Ilustração
4).
A vida muçulmana é regida por
uma certa unidade, cujo factor primordial reside na Religião. No
entanto, esta unidade vivencial não viria a fazer sentir-se na sua
cultura artística eminentemente homogénea. A vasta área do domínio
islâmico que, num ápice, partiu do vasto Oriente a arribou à Península
Ibérica, cobrindo todo o Norte de África, foi propício, nas suas várias
regiões, a distintas representações formais, de que a nossa Península é
um perfeito exemplo. A cultura artística berbere, ao ser difundida pelos
invasores, interagia com a tradição local, enriquecendo e alterando as
suas próprias formulações de origem. A expansão islâmica noutras
culturas tinha como consequência directa a produção da diversidade
artística, consoante as suas regiões de implantação. Muito além da sua
influência na arte dos povos dominados, outro factor originou a
diversidade da cultura artística do Islam. Referimo-nos ao factor
proveniente do fundo político-social lá desenvolvido, nas suas numerosas
variedades étnicas donde saíram diferentes dinastias e assistiu-se à
mudança, ao longo do tempo, dos centros de Cultura, segundo as chefias
políticas que promoviam, consoante o seu desejo, certas regiões e a
construção artística das mesmas.
No início, a Arábia não conheceu
a arquitectura monumental. Quando os Muçulmanos ocuparam a Síria e o
Iraque foram imbuídos pela influência bizantina das dinastias sassânidas
nesses territórios, onde emanavam aspectos artísticos do mundo
mediterrânico e asiático. Os Sassânidas tiveram o seu início com uma
dinastia que reinou por mais de trezentos anos na Pérsia (Fárs), entre
224 e 651, sem grandes dificultades políticas e de adaptação ao “mundo”
desértico e citadino que ocuparam.
Após a derrota do Império dos Partos, os Sassânidas, oriundos do Irão
Central, edificaram um império que abarcava aquela região, a Mesopotâmia
(Caldeia e Assíria) e o Vale do Indo e do Ganges. O seu epónimo é Sâssân,
nome de um deus desconhecido, imediatamente abolido, desde a unificação
das tribos, atribuída a Maomé.
A arte islâmica, genericamente,
desde os seus primeiros impactos com a civilização, caracterizou-se pelo
seu sincretismo, na mistura mais ou menos confusa de doutrinas
diferentes e, gradualmente, definiu uma identidade própria, mas com as
suas diversidades regionais. Apesar da diversidade formal desta arte,
manteve dois aspectos imutáveis: o carácter áulico de uma arte ao
serviço do imperium e testemunha do centro urbano onde assenta. A
sua arquitectura revelou-se como um foco englobador de outras artes. O
edifício, no seu todo, é um verdadeiro suporte da decoração.
*
Voltamos à invasão
berbere da Península Ibérica, iniciada em 711, data tradicionalmente
apontada. Uma invasão, precedida de uma entrada de reconhecimento, no
ano anterior, comandada por Tarif, que foi bem sucedida e rápida,
seguindo-se duas de destruição axima, pela conquista, lideradas, uma por
Muça e outra por Tarik. Em apenas três anos deu origem à quase total
conquista do território hispânico, sem dúvida, em 716, já em
reorganização. Não só a força militar sarracena fora o argumento de tal
êxito, mas também a própria deterioração do Reino Visigodo, no início do
século VIII, foi um importante condicionador do rápido domínio dos
invasores. A dominação muçulmana manteve-se por largo tempo devido à
flexibilidade deste povo em relação aos conquistados, ao aceitarem, de
certa maneira, a religião e o modo de vida destes. Inicialmente, a
província do Andalus foi chefiada pelo governador omíada de Caipuão.
Posteriormente, com a chegada de Abd-al-Rahman I, em 755, e a mudança
da capital de Sevilha para Córdiva, o Andalus converteu-se em emirado
independente. A época de maior esplendor político e cultural ocorreu no
século X e decorre desde a fundação do califado de Córdova, independente
do de Bagdad, ao seu declínio e dissolução em 1031, dando lugar aos
reinos de taifas.
É da opinião de
alguns autores que não pode falar-se de uma arte islãmica nos primeiros
75 anos de ocupação do território, devido à situação de instabilidade
política e à inferioridade numérica dos invasores em relação aos
conquistados e pelo facto de, no início, terem utilizado as igrejas
cristãs como mesquitas. Do século VIII, conhecem-se construções como a
Mesquita Branca de Saragoça e a Mesquita de Elvira, perto de Granada. A
primeira manifestação em Córdova, do emirato cordovês, é a
mesquita-maior (Ilustração 2). Nesta, aliam-se elementos das
tradições hispano-romana e visigoda, com as influências síria e
norte-africana; a cronologia desta mesquita compreende o espaço de 758 à
queda do califado em 1031. Os
reinados de Abd–al–Rahman III (929-961) e de seu filho al-Hakam II
(961-976) constituem o período de apogeu do califado omíada, no que se
consolida o aparato estatal cordovês (Ilustração 14). A Fitna
começou em 1009 com um golpe de “Estado” que implicou o assassinato de
Ab- al- Rahman Sanchuelo, filho de Almançor, a deposição de Hisham II e
a ascensão ao poder de Muhammad ibn Hisham ibn Abd al-Yabbar, bisneto de
Abd – al-Rahman III. A Fitna no al-Andalus foi o período de
instabilidade e guerra civil que levaria o Califado de Córdova ao
colapso.
No fundo encontravam-se também
problemas como a exasperante pressão fiscal necessária para financiar o
custo dos esforços bélicos. Córdova e os seus arrabaldes foram saqueados
repetidas vezes. A queda do califado implicou, consequentemente, para o
Califado a perda definitiva da hegemonia de al-Andalus e a sua ruína
como metrópole.
A mesquita de Córdova (Ilustração 2) é um importante testemunho
do legado islâmico na Península Ibérica e nela se vê a acção construtiva
de cada um dos emires e califas cordoveses em ampliações e modificações.
Construções, visando a adaptação de um espaço às necessidades de uma
cidade em crescimento, além de imortalizar o nome do governador na
História. Apesar de cada um dos líderes governamentais deixar a sua
marca, houve por parte deles um respeito pelas obras dos antecessores e
procura da unidade estética do conjunto, sem se deixar de identificar
cada fase construtiva, ou os nomes dos arquitectos que figuram sempre.
A cidade islâmica
O percurso do Islão iniciou-se
com a pregação do profeta Maomé às populações. Contudo, este não foi bem
sucedido no início da sua predicação e, por este facto, teve de emigrar
para outra cidade, daí se explicando a Hégira (622, a fuga de Maomé de
Meca para Medina ou Yatrib, marcando o início de nova cronologia, o ano
1 da Era muçulmana). Nesses primórdios, este centro urbano tem o nome de
Yatrib, nos documentos anteriores à Hégira. Todavia, posteriormente
dá-se a mudança de designação desta cidade para Mâdina, durante a
permanência de Maomé na cidade. A tradição explica ser este substantivo
a abreviatura de Madînat-al-Nabî – “a cidade do Profeta” -,
homenageando esta personagem. A presente explicação é, no entanto,
ambígua, dado que a cidade de origem do profeta é Meca, e a cidade
continuou a ser o lugar santo dos Muçulmanos. As dúvidas permanecem
quanto à explicação da mudança de nome do centro urbano de Yatrib. Mas o
termo “Medina” persistirá para designar a cidade islâmica, cada
uma com a sua mesquita, ou local de culto, dado que foi, logo após 622,
que, em Medina, se ergueu a primeira mesquita.
Os Muçulmanos conquistadores
instalavam-se nas cidades conquistadas, desprezando o campo, em centros
urbanos como Damasco (capital do califado omíada) e na maioria das
cidades da Península Ibérica. Fundaram muitas outras, por duas ordens de
razões: no desejo de erguer uma capital, símbolo do poder islâmico, como
é o caso de Bagdade; ou quando as cidades existentes não estavam nas
vias de comunicação utilizadas por eles, como são casos Cairuão / Fez,
na via que ligava todo o Oriente de Marrocos. Na Península Ibérica,
menciona-se a fundação das cidades de Múrcia, Lérida e Almeria.
Segundo Torrers-Balbás,
contabilizam-se na Península vinte e duas cidades de fundação muçulmana.
Na segunda metade do século VIII, terminara a época das grandes
conquistas da primeira expansão muçulmana. Na época, nos territórios
conquistados, organizava-se o poder, na Península Ibérica sob os Omíadas.
Foi a primeira dinastia de califas do profeta Maomé que, embora não
sendo do seu sangue, pertenciam também a uma tribo de Meca — os
Curaixitas. A primeira dinastia reinou de 651 a 750. Ironicamente, o clã
curaixita de onde foram provenientes os Umayyadas teria sido, no
passado, inimigo do próprio Maomé. O Califado Omíada estabelecido em
651, durou cerca de um século, como se viu Todos os califas da dinastia
eram descendentes de Umayya Ibn Abd Shams, cidadão da Makkah (Meca) e
membro da tribo Coraix (Quraysh - Coraixitas), que viveu, pelo menos,
duas gerações antes do Profeta Muhammad. O califa Omíada mais conhecido
é provavelmente Abd al-Malik (685-705), que construiu a Mesquita da
Cúpula da Rocha de Jerusalém, emitiu a primeira moeda muçulmana e
adoptou a utilização do Árabe como a língua oficial da administração. A
Grande Mesquita de Damasco (construída a partir da igreja bizantina de
São João) e a Mesquita Aqsa de Jerusalém foram construções dos Omíadas.
Nenhum dos califas da dinastia
marwan exerceu o poder por muito tempo, com excepção de Hisham, que
governou de 724 a 744. Durante este período, os Muçulmanos expandiram o
território islâmico até França, quando foram interrompidos pelos Francos
em 736 (Tours). Quando Hisham morreu, em 743, o império estava envolvido
numa série de revoltas e foi nesta época que os Abássidas conseguiram
destronar a dinastia Omíada. Os Abássidas eram descendentes de al-Abbas,
um tio paterno do Profeta Muhammad (Ilustração 15). Foi, então,
que estes se aliaram aos 'Alidas, e com seus exércitos unificados,
derrotaram o último califa marwanida; Marwan II. O líder dos Abássidas
era Abul 'Abbas, que assumiu o califado, e pôs um fim a dinastia Omíada,
fazendo-a dar lugar, em 750, à dos Abássidas.
Na região ibérica,
desenvolveu-se uma civilização rica, a do Islam, que por aí deixaria um
amplo património cultural. Os muçulmanos carragavam consigo a herança da
cultura do mundo persa, greco-bizantino e romano cristão. Constantinopla
fora sobretudo admirada pelos Muçulmanos.
A localização
geográfica da cidade pelos Muçulmanos tinha uma certa preferência pela
proximidade das margens dos rios, a fim de contarem permanentemente com
água suficiente para beberem, precisavam dela para as abluções, cinco
lavagens de todos os homens, cinco vezes por dia, antes de orarem nas
mesquitas ou onde quer que fosse, desde que voltados para Meca. Útil
ainda para a agricultura que conhecia nas verduras e fruteiras um grande
desenvolvimento e ainda pelo papel que tem no imaginário muçulmano. Ibn
Hsldûn diz ser a existência de água a primeira condição para a escolha
de uma cidade, explicando-se pelo facto de a água ser um dom de Deus.
Construía-se para o efeito poços-cisternas bem solidamente revestidos da
pedra local (Ilustração 12). Como curiosidade, é de referir a
importância dada pelos Muçulmanos à Astrologia como auxiliar da escolha
da data de iniciação da construção de uma cidade.
O povo muçulmano
deixou as suas marcas bem vincadas na concepção da vila/cidade, de tal
modo que a tradição moura influenciou a planta medieval ibérica da urbe.
Uma assimilação facilitada pela conjectura da Península Ibérica na época
de invasão, em 711, os Muçulmanos ocupam este território, exceptuando a
estreita faixa das Astúrias e encontram um reino cristão, onde o
fenómeno urbano estava enfraquecido e sedento de impulsionamento, que,
após a ocupação romana foi perdendo, desde o século III, no traçado
urnano. O invasor mouro encontrou um meio muito ruralizado e preparado
para ser urbanizado, preenchendo os ímpetos urbanos desta civilização da
cidade. Esta oferecia uma nova mentalidade, uma nova cultura, edificaria
um enovador edifício administrativo e político. É uma civilização
voltada para Deus; regulada pela religião, direito, arte e arquitectura;
pelo Alcorão, em que Deus é uno e omnisciente e Maomé , o seu
Profeta, sendo, a partir deste último, formulada a cronologia islâmica,
como já o referimos acima.
Desta “civilização
citadina” nascem florescentes cidades, como Córdova, Toledo e Mértola
que se juntam às já antes referidas. O novo conceito de centro urbano,
implantado pelos Sarracenos em Portugal, centrou-se en vários
parâmetros, entre eles, o mais importante é, sem dúvida, a questão
defensiva, concretizada pela arquitectura militar. No espírito mouro,
era crucial que a cidade fosse provida de boas condições de defesa, para
estar protegida contra os ataques dos reis dos reinos do Norte ou contra
o rei de Portugal e o meio mais utilizado foi a construção de muralhas e
a fortificação de edifícios (Ilustrações 8, 9, 10, 11e 13).
Note-se a ponte de Ucanha, com sua torre, construída sobre fundações
mouras (Ilustração 11).
Nessa linha de
pensamentos, a escolha do terreno era importante na implantação de novos
centros urbanos. Os solos tinham de ser acidentados, elevados e de
difícil acesso ao inimigo. Na parte mais alta do recinto urbano,
situava-se a alcáçova de regular extensão (Ilustrações 8, 10, 13).
Esta seria a última estrutura a ser alcançada no ataque inimigo, sendo a
derradeira defesa contra este, pelo que possuía uma saída independente
para o exterior, permitindo ao grupo militar a administrativo uma fuga
discreta sem passar pelas ruas da cidade. A alcáçova, a cidadela murada,
era também útil em caso de revoltas internas, por coincidir com a
residência do governador e dos seus homens. O invasor podia ocupar a
cidade ou o casario, mas não o centro da alcáçova, suportando-se por
algum tempo o cerco. Era uma estrtatégia impeditiva de muitas vitórias
guerreiras, como o testemunha a história do nosso Psaís. Temos o exemplo
de 1169, quando D. Afonso Henriques vem a Badajoz em ajuda a Geraldo
Geraldes, ocupando as ruas e o casario, mas perdendo esta batalha por
não ter conseguido alcançar a alcáçova.
Para além da questão
defensiva, em torno da qual a cidade islâmica se organiza, o aspecto
climático e o factor religioso são importantes na definição do traçado
urbano. O segundo factor formulador das cidades hispano-muçulmanas é o
clima. As temperaturas, na
Idade Média, relativamente ao Norte de África e à Península Ibérica,
eram consideradas elevadas pelos autores, havendo, pois, a procura do
elemento sombra, materializado na construção de ruas estreitas impedindo
a entrada dos raios solares, caracterizando as ruas pela sua frescura.
Quanto ao factor
religioso, este era um forte condicionante à fundação da cidade. O
muçulmano via a casa como espaço de retiro do crente, onde medita e
jejua. Por isso, a rua apenas limita as praças e habitações, não sendo,
de todo, um local de troca de ideias. As ruas principais interceptam-se
no centro, onde se acha o núcleo cultural, comercial, administrativo e
religioso. Estas ruas eram, por vezes, cobertas com arcos unindo o
casario. Facto importante é a organização da cidade se inspirar no
Alcorão, conjunto das revelações de Deus e da Sunna, uma
fonte do direito muçulmano que se baseia na tradição relacionada com
Maomé, com o seu comportamento, sendo, pois, constituída pelo somatório
dos actos do Profeta que serviam de orientação aos crentes. Ambas
redundariam no Livro dos Seguidores ou Crentes, pela Qar’a
que significa ler, recitar, declamar, sendo, sob o ponto de vista da
religáo muçulmana, a revelação que Maomé recebia de Deus e que tornara
pública posteriormente.
Assim, também as
plantas topográficas das cidades muçulmanas ibéricas seguiram, regra
geral, modelos triangulares ou trapezoidais, envolvidas por muralhas.
Estas, com a sua função defensiva, tão necessárias nesta época de
instabilidade e lutas, são simultaneamente indicadores da dinâmica da
cidade ao apontar o crescimento e desenvolvimento da vila ou cidade,
visível nos alargamentos sofridos pela muralha. Quando estes
alargamentos não ocorriam, eram sintoma do declínio da urbe.
O centro urbano
gizado pelos muçulmanos foi originário de um contraste no futuro
território português entre o sul resplandescente de vilas e cidades
islâmicas e as povoações do Norte, especificamente rurais. Indubitavel
nos parece que a permanência islâmica fomentara a urbanização. Cada
exemplar é concebido como um espaço hermético, obscuro e fechado como um
santuário e orientado segundo a interpretação do Livro sagrado. Este
tipo de cidade, quando comparado com a cidade romana e a helenística,
sugere um evidente empobrecimento por não ter espaços simbólicos e
lúdicos como a ágora, o circo ou o teatro. Contudo, este tipo de cidade
não deixa de ser fascinante pelo seu carácter labiríntico, com as suas
ruas estreitas, angulosas e sombrias, com os edifícios voltados para o
interior e não para o exterior, como nas demais civilizações.
Na Península
Ibérica, presenciamos diversos desenvolvimentos urbanos, por exemplo,
nas cidades de Córdova, Múrcia, Sevilha, Toledo, entre outras… que foram
desenhadas segundo um traçado de tipo oriental, enquanto, no Norte da
Península, o esquema seguido foi diferente, reunindo-se os povoadores em
torno dos castelos e mosteiros.
O núcleo principal
da cidade muçulmana é a medina e nela se agrupam:
a mesquita, o lugar onde
se reza a Deus;
a madrasa, ou escola –
colégios teológicos que funcionavam sob o princípio da
contrapropaganda sunnita;
o palácio que
representava a sede do poder onde se aplicam as leis:
o soukh ou suq,
ou seja, o lugar da realização dos mercados;
e a alcaçaria, ou
as ruas comerciais.~
Extra-muros,
localizavam-se espaços para as festas religiosas, revistas militares e
desportos. Nestes locais, podiam também organizar-se as feiras
periódicas. O cemitério localizava-se também fora das muralhas. E, no
arrabalde, havia as hortas, os pomares e casas de recreio dos
habitantes.
“The learned Jew
converted to Islam,
proposed to the caliph ‘Omar that the
place of prayer,
in Jerusalem, should
be fixed North of the Sakhra, so that
the Muslims should turn during
their
prayers, towards the Holy Rock, and
the Ka’ba a stone at the same time”.
(Goitein)
A Mesquita
A mesquita é o edifício
fundamental, religioso do Islam. É comummente designada pela
palavra masyid, que significa “lugar santo”, no sentido da cidade
santa. O Islão possui três masyid: Meca, Medina e Jerusalém – “E
lembrai-vos – diz-se no Alcorão – quando Nós fizemos do Templo de
Meca um local de visitação e um asilo para os Homens, quando estes
fizeram do Maqâm de Abraão, um lugar de Oração! Nós estabelecemos
um pacto com Abraão e Ismael, dizendo-lhes:´Purificai o Meu Templo para
os que fazem a circumambulação, para os que fazem retiros piedosos (‘akafa),
para os que se inclinam e prosternam’” (Sûra II, vers. 119).
Contudo, cedo
começou a designar-se de masyid a morada onde se reunia o profeta
de Deus com os seus fiéis para rezar e tratar das questões da
comunidade, tal como o modo de aplicação da lei (processual civil e
criminal, comercial, de direito internacional, de direito público e
privado). Assim, a casa de Maomé converteu-se num lugar santo, num local
de oração para os Muçulmanos que procuraram imitar o seu arquétipo para
os edifícios onde se praticavam as mesmas funções.
As primeiras
mesquitas do Islão seguem o modelo básico da morada do Profeta, local
transformado em santuário após a sua morte. As mesquitas têm como
elementos uma parte coberta – o haram – que se estende ao longo
da qibla, a qual assinala a orientação para Meca, e um extenso
pátio – o sahn – geralmente rodeado por pórticos, proporcionando
uma zona de sombras.
A mesquita (Ilustrações
1, 2 e 3) inclui uma sala de oração para onde os fiéis fazem as
preces (sâla), virados para Meca (a qibla, ou orientação,
direcção, como acima ficou referido).
Apesar da mesquita
ter por objectivo a orientação, o muçulmano podia orar noutro local e
só, sem deixar de fazer as suas abluções e de estar orientado para Meca.
Mas tinha a obrigatoriedade de, ao meio-dia de sexta-feita, reunir-se
com a comunidade na Masiyd-i-Yuma, a Mesquita-Maior, a principal
da cidade. Nessa reunião, praticavam a oração numa congregação sob a
direcção do cefe, o califa, ou de um seu representante religioso, o
imâm, palavra que podia designar o califa sunita na sua qualidade de
chefe da comunidade dos crentes ou personagens veneradas pela sua
doutrina e pela sua vida, ou, ainda, aquele que preside e dirige a
oração feita em grupo. Os Xiitas chamavam-no como tal, ao ascentende de
‘Alî, reconhecido por eles como chefe da sua comunidade.
O imâm
proferia a sua alocução, a jutna, sentado numa cadeira
elevada, de nome minbar, no centro da qibla. Este móvel
era a representação simbólica da cadeira de Maomé, remetendo para o
sentido teocrático do Islão.
Além dos elementos
referidos, a mesquita tem o mirabe, o minarete e a
maqsura, elementos que não existiam na Casa de Maomé.
O mirabe (Ilustração
5) é um pequeno nicho aberto no muro da qibla. A sua forma e
decoração profusa levantaram algumas questões por parte dos
historiadores. Este elemento tem um carácter simbólico, representando o
lugar onde Maomé permanecia como imâm da Medina. Tem uma forma circular,
provavelmente, introduzida por artesãos coptas nesta cidade, no ano de
706, na sua mesquita.
O minarete ou
manâra (Ilustrações 3 e 6) é a torre de onde o almuadém
chama os muçulmanos para a oração. Os minaretes situam-se nos
ângulos das paredes da mesquita. A sua origem provém das torres
angulares de um santuário clássico, sobre o qual se costruiu a Basílica
de Damasco que os Muçulmanos assimilaram. A partir daí, o minarete surge
em quase todas as mesquitas, sem apresentar uniformidade no número e
localização. A forma prismática, mantida nos primeiros tempos do Islão,
tornou-se usual no Norte de África e em Castela.
A maqsura (Ilustração
7) é a parte do oratório usada pelo califa ou pelos grandes chefes.
É um elemento exclusivo das mesquitas-maiores. Este local foi delimitado
e isolado, devido aos atentados ocorridos contra alguns califas durante
a oração.
A mesquita
encarnava a função religiosa, mas também abrangia o cumprimento de
outros objectivos. Este edifício também relegou para si a administração
da justiça, esta função era aí praticada por estar profundamente ligada
ao estudo do Alcorão e da lei canónica, a char’ ou charî’a,
isto é, o caminho a seguir pelos Muçulmanos como via única, composto por
regras de ordem jurídica. É a explicação da lei ou de um grupo de leis
que regiam todos os aspectos da comunidade islâmica. As contendas eram
arbitradas pelo cheikh, sem que este tivesse poderes coercitivos.
Havia, pois, o al-qadî, este com dependências na própria mesquita ou em
edifícios anexos à mesma. Outra função aplicada à mesquita era o ensino,
executado sob a sombra dos pórticos ou nas arcadas que circundam o pátio
das abluções, ou em recintos próprios anexos – as escolas (madrasah)
– servindo também de residência aos alunos e centro de convívio.
A própria vida
financeira girava também em torno da mesquita, o tesouro achava-se
dentro do seu espaço interior, sob a sua guarda, entre outras coisas.
Os banhos públicos
(hammam) para a purificação dos habitantes, estavam também a
cargo dos serviços do templo.
A hospitalidade, um
preceito moral e ético islâmico e regulado pelo direito aos visitantes
da cidade, era também uma responsabilidade da mesquita que oferecia o
alojamento. |
Portugal pode
considerar-se herdeiro da cultura islâmica, uma herança resultante de
500 anos de dominação muçulmana, legadora de diversas vertentes
culturais, ainda hoje visíveis.
Um dos contributos mais evidentes desta civilçização é, sem duvida, o
vocabulário, embora não passe de substantivos, nada que se compare com o
lagado latino, o qual é demonstrativo da própria construção da frase e
de um número de verbos e nomes absolutamente incontáveis. Quanto à
influência muçulmana, neste sector, tudo leva a crer que não tenha
ultrapassado as 800 ou mesmo nem tivesse chegado a tão estreito léxico.
Algumas, inclusive, acabaram por desaparecer do nosso dicionário,
sobretudo no que respeita ao âmbito da Administração. Ficam alfaias de
casa, nomenclatura médica (em número reduzido), nomes respeitantes à
alimentação… e, acima de tudo, o mais importante, indiscutivelmente, a
numeração e a introdução do zero que trouxeram do Oriente.
Dentro do legado construído islâmico, indubitavelmente, a arquitectura
militar é dominante, nos finais da alta Idade Média. Reflexo disso, era
a existência, no século X, em todas as cidades de uma alcáçova ou torre
alta da fortificação, das quas quais poucos vestígios sobreviveram.
Carlos Alberto Ferreira de Almeida aponta como importante evidência a do
Castelo de Santa Maria da Feira - uma construção torriforme,
habitacional, dos finais do gótico, assenta sobre uma alcáçova
muçulmana. O arco da sua entrada principal, hoje alargado, na origem,
terá sido em ferradura, numa arcada segundo a técnica cordovesa. O Autor
data esta base da alcáçova, pertencente ao Castelo de Santa Maria da
Feira, do século X ou XI (Ilustração 10).
Entre este património construído, legado da ocupação islâmica, contam-se
vários castelos levantados com taipa, com objectivos defensivos,
dominando as vias de comunicação do Gharb al-Andalus. Os castelos
são os principais vestígios arquitectónicos legados pelos Muçulmanos
entre os séculos VIII e XII. Como exemplo destas fortificações, temos o
de Alcácer do Sal, interessante pela sua contextualização histórica e de
localização estratégica ao dominar a entrada de um amplo território.
Outros são os exemplos de castelos islâmicos, como os de Beja, Coimbra,
Elvas, Évora, Faro, Lisboa, Mértola, Santa Maria da Feira, Silves, entre
outros. Nestes fortes, está presente a utilização islâmica da taipa na
arquitectura militar, profusamente divulgada e difundida pela Península
Ibérica no tempo do domínio islâmico. No entanto, a taipa não tem
origens islâmicas, nem a sua utilização na Península Ibérica se fez
apenas no período muçulmano; a utilização da taipa já se evidencia ao
tempo da ocupação romana, mas a civilização islâmica em Portugal
incrementou e foi unfluente na utilização da taipa e do adobe, de que os
Berberes foram transmissores de notáveis conhecimentos práticos das
técnicas de utilização. Esta é conhecida desde a mais remota antiguidade
e teve um uso generalizado em áreas do Mediterrâneo, sendo, ainda hoje,
perceptível como um dos sitemas essenciais de construção nas Províncias
do Sul do nosso País. Também, na reconstrução de paredes e divisórias de
casas de pedra, típicas, que duraram pelo andar dos tempos, na nossa
actual Beira Interior. Exemplos desta brilhante aplicação técnica são as
muralhas de Silves, Paderne e Alcácer do Sal, evidenciando taipa militar
das dinastias Almorávida e Almoada (Ilustrações 16 e 17),
semelhantes às taipas das muralhas de várias medinas do reino de
Marrocos.
A unidade, a globalidade, a contemplação, a escrita cúfica como elemento
decorativo e como sistema transmissor religioso constituíram-se como
príncípios gerais da arte islâmica.
Um dos mais importantes contributos dos Muçulmanos foi o surgimento de
um novo urbanismo e uma outra arquitectura trazidos para a Península
Hispãnica e, no nosso caso específico, sobretudo para o Centro e Sul.
Entre as cidades portuguesas islamizadas e que ainda, após século sobre
séculos, são capazes de revelar alguns destes elementos aqui trazidos a
lume – o seu castelo, materiais de construção, solidez militar e
decoração -, contam-se Alcácer do Sal, Évora, Lisboa, Mértola,
Santarém, Sesimbra, Óbidos, Palmela, Silves e Sintra, como as mais
sintomáticas. Atendamos às suas muralhas e aos espaços da cidade.
*
Esta civilização sobre a qual
nos detivemos sinteticanente, e característica do Sul da Europa e do
Norte de África, nas zonas periféricas, teve uma extrema relevância na
época. De uma importância no alargamento do saber, pelas tradições
islâmicas - que não podemos considerar mais fechadas na sua evolução e
áreas do que as cristãs, proibidas de serem explicadas e veiculadas para
o Exterior, segundo regras rígidas da Igreja Católica -, temos o caso de
Toledo, um brilhante centro cultural e intelectual, retirando-se
ensinamentos no ensino do quadrivium, pondo em destaque a Álgebra
e a Medicina, entre outras áreas do saber. Ao nível da tipologia da
cidade, a urbe ibérica recebeu influências directas da tipologia urbana
istâmica. Ao nível linguístico, o contributo revelou-se interessante, na
toponímia, nos vocábulos islamizados e em novos substantivos
introduzidos no nosso léxico. Nos mais variados sectores, a influência
islâmica infiltrou-se, até na própria culinária. Contudo, alguns
aspectos desta aculturação foram apagados por vários vectores, entre
eles o militar e cultural tradicional, obra da “Reconquista” que fora,
naturalmente a grande causadora da destruição da arquitectura religiosa
islâmica.
Quanto ao facto deste tema ser pouco estudado, podemos ver aí, talvez, o
preceito religioso, um certo orgulho nacionalista. A nossa bibliografia
seguinte pode dar, no entanto, relevo a uma preocupação em investigar a
cultura e os hábitos do quotidiano, a religião e o direito, desde o
Extremo Oriente até ao mais recôndito rincão banhado pelo Mar Oceano. É
incontestável, o número imenso de vocábulos árabes ainda hoje presentes
no léxico inglês.
Na verdade, este é o panorama que descortinámos, por investigação
própria e de outros na força da civilização islâmica no nosso Pais e na
Península, de um modo geral. Actualmente, estudos sobre novas áreas e a
explicação dos factos através das conjunturas em que se enquadravam e
onde, pois, se integram, têm melhorado o leque de conhecimentos que
ultrapassam o saber tradicional que não dava a conhecer quanto não se
queria e não se podia falar nem escrever. Estudos houve que devem
considerar-se revolucionários nestas matérias, alguns mesmo sugerindo a
interpretação cuidadosa dos versículos e a relação que há entre eles no
Livro Sagrado do Islam. |
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