Fui ontem ver o lançamento do filme Enraizados de Niu Batista e fiquei encantado com o que vi. Filme realista de um lado do sertão que todos nós queremos esquecer ou vê-lo de forma diferente. Um dia a história do homem do semi-árido será contada de vez. Estamos a caminho.
Não sou crítico de cinema e nem pretendo ser, falo do meu gostar e desgostar das coisas. E o filme Enraizados é de um singeleza poética. Ora! Dirão alguns: mas foi feito por poetas. Graças a Deus! Ultimamente a coisa mais séria que eu conheço chama-se poesia. Pois nela as pessoas conseguem ser verdadeiras, mesmo quando fingem. A paisagem bela, a fotografia mais ainda. Enraizados é uma composição de boa idéia, cenário deslumbrante, fotografia caprichada, som de qualidade e mão segura na direção. Esse pessoal não tem medo de sobrar nas curvas. Não tem medo de ousar fazer. Faz com empenho, dedicação. Salustiano e Minervino – avós das nossas consciências nordestinas – pousam com uma delicadeza de dá dó. Dó da história e dó da estória que estão nos contando. Rezei junto no terço de Salustiano. Viajei cada passo de Minervino no caminho ao açude. Da sede da vida de cada um de nós. O semi-árido não é brinquedo não. Voltei pra casa mais leve. E também com a certeza de que estaremos cada vez mais distantes daquele nordeste enraizado na pobreza. Somos um povo forte e destemido. Já construímos um Brasil. Imagine se não vamos fazer do Nordeste Brasileiro um pomar de felicidade. Fico feliz de que as coisas comecem de fato acontecer na cena cultural paraibana. São tantas as produções – com toda falta de apoio que ainda existe – que nos anima a dizer que estamos construindo o novo tempo no momento cultural paraibano. E o melhor, os criadores não estão esperando mais pelo apoio oficial. Parece que estamos começando a vencer aquela barreira do cabo da boa esperança, de que se não tiver apoio oficial, não se faz. Confesso-lhes que não senti falta de brasão nenhum. Ah! Mas isso é outra discussão. Se eu fosse você procuraria comprar uma cópia original do filme Enraizados e chamava os amigos pra ver. Vocês vão gostar. Quinze minutos que valem uma eternidade. |