EVIDÊNCIAS
Hoje, que nada nos
chama,
as horas
pendem
vagarosas no espelho,
e
o corpo
espanta-se,
nos fatos
desabotoados,
na curvatura das
costas,
naquela ruga que
apareceu num dia mau.
Crescemos numa
aparência sem nexo,
e atordoados,
procuramos
as flores,
a confusão das
cadeiras,
os brinquedos que
viviam no corredor.
Precisa de óleo a
dobradiça do armário,
e os joelhos,
gritam
a idade
esquecida de virar no
calendário.
DECRETO
que exista uma só linha entre as saudades
que nunca mais ao
gritar
recebas no rosto a vergastada do
vento
que se alongue até ao
infinito o calor dos abraços
e que o reencontro aconteça
antes que mergulhes no
silêncio das cidades
DO CANSAÇO
Era o primeiro sábado
da paixão,
avivado no calendário
com tinta
fluorescente.
Os corpos,
apanhados num motim ,
esqueceram a luz
ténue e avermelhada,
e as feromonas
jazem no fosso
escavado entre os sonos,
enquanto nas
estantes,
a sinergia de dois
polos opostos,
desaba como cacos, de
uma esfinge secular.
COLAGEM
Das lembranças fizera uma trouxa
atirada fora num sábado de manhã.
Depois,
mergulhou a alma em espuma,
para que escorresse
qualquer resquício, do cheiro das
rosas.
Reconheceu-se inteiro no espelho,
mas na pele do peito,
erguia-se agora a marca
indelével, da fugaz
eternidade em que lhe pertencera.
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