Hoje é sexta-feira treze.
Levantei da cama com o pé esquerdo.
Passei por baixo de uma escada.
Cruzei com um gato preto.
E fui a um piquenique com o meu amor.
Levávamos uma cesta
recheada de ganâncias, desconfianças e mentiras.
Comemos ganâncias como se comem humildades.
Tomamos desconfianças como se bebem fidelidades.
Saboreamos mentiras como se saboreiam verdades.
Voltamos do piquenique cheios de felicidade.
No caminho lhe dei um brilhante de treze quilates,
que com o tempo vai revelar-se
tão verdadeiro quanto nós. |
Uma notícia biográfica, por ele mesmo [agosto/2000]:
Cláudio Portella, 27 anos. Escritor e Poeta. Legítimo representante da vanguarda contemporâneo na poesia brasileira. Nunca pertenceu a grupos. Acredita que a poesia atual, pois para ele nada é novíssimo, possui como característica o individualismo. Não o individualismo transparente, do qual refere-se Allen Ginsberg, quando interrogado acerca do que seria nudez na poesia, e esse imediatamente tirou a roupa.
O intimismo de Cláudio Portella, não é coeso, não é translúcido, não é emblemático, não é panfletário. Mas falho, caótico e doentio. Sua poesia busca cobrir a falsa moral, desdizer o lengalenga dos intelectuais, dos doutos que apontam os falos alheios comparando-os aos seus.
A poesia de Cláudio Portella é uma velhinha de 4000 anos, que sobe ao palco para declamar seus versos, de botas, gibão e guarda-chuva. |