Drama dos Refugiados -
Um Problema sem Solução?
As notícias catastróficas sobre
refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo para a Europa
multiplicam-se de dia para dia; o número de naufragados subiu, esta
última semana, já para mais de mil.
Segundo a agência da ONU para
refugiados do ACNUR, deu-se agora (19.04.2015) a maior tragédia no Mar
Mediterrâneo com refugiados. A 10 km da Líbia afundou um arrastão com 700
pessoas a bordo, dos quais apenas 28 puderam ser salvos.
Dias antes, segundo a organização de
ajuda humanitária Save the Children tinha naufragado já um navio ao largo
da costa da Líbia, com 560 refugiados/imigrantes. A Guarda Costeira
italiana ainda conseguiu salvar 144 dos naufragados.
Desde o início deste ano, já foram
salvos 19.000 imigrantes.
Operações de salvação de
imigrantes/refugiados - Mare Nostrum e Frontex
Em Novembro de 2014, a Itália deu por
finda a operação (“mare nostrum”) de salvação de migrantes vindos das
costas da Líbia” e iniciada depois do naufrágio de Lampedusa onde morreram
400 imigrantes líbios em Outubro de 2013. Esta operação italiana custou
114 milhões de euros e conseguiu salvar 150 mil vidas em perigo de
naufragar no mediterrâneo.
Para poupar dinheiro e para,
alegadamente, não facilitar o trafego dos traficantes contrabandistas de
refugiados e para não se tornar num incentivo para outros refugiados, a UE
não continuou a missão salvadora “mare nostrum”, criando, em vez dela, uma
patrulha (“Triton”) a operar no alto-mar mediterrânico que faz o rastreio
de barcos (impedir barcos ilegais e salvar pessoas). A Marinha dos estados
membros e a Agência de Patrulha de Fronteiras (Frontex) só podem operar no
âmbito de 30 milhas náuticas das fronteiras da UE, o que facilita a vida
aos traficantes de imigrantes/refugiados.
Entre os Estados membros não há acordo
em criar estratégias mais eficientes atendendo também à situação mercantil
com os refugiados e aos concorrentes interesses e compromissos históricos
dos diferentes países europeus em relação a África. (A Inglaterra não
participa na Frontex).
Por outro lado, uma política de
distribuição equitativa dos imigrantes pelos diferentes países membros
revelar-se-ia injusta. A agravar a situação está o facto de a grande
maioria de imigrantes serem muçulmanos e estes se organizam em guetos que
se definem, geralmente, na autoafirmação e contraposição em relação à
cultura não muçulmana. Por um lado, os imigrantes/refugiados trazem sangue
novo e contribuem para o rejuvenescimento de uma Europa já envelhecida,
por outro trazem imensos custos, a curto prazo, no que respeita a medidas
de alojamento, formação escolar, profissional e de integração no mundo
social e laboral.
A UE encontra-se dividida entre o
combate às organizações de tráfico (quadrilhas de contrabando) que
fomentam o trafego com refugiados cobrando entre 4.000 e 7.500 Euros por
pessoa, pela sua passagem para a Europa, em condições míseras e desumanas,
e o regime jurídico a aplicar: as autoridades europeias têm dúvidas sobre
a definição do estatuto dos refugiados que se for de ordem económica, não
dá direito a asilo, e se for de ordem política implica o direito a asilo
no país onde aportarem.
Esta nova catástrofe motivou a intenção
de criar novas iniciativas a nível europeu. Neste sentido pensa-se na
extensão da missão de salvação “mare nostrum” a nível europeu e a medidas
nos países costeiros africanos. “Mare nostrum” tinha a vantagem de
detectar o perigo nas zonas costeiras da Líbia.
Muitas das famílias dos
refugiados/imigrantes vivem em situações críticas no que respeita à
segurança, à corrupção das autoridades da alta jerarquia e a dificuldades
económicas e por isso procuram enviar os seus jovens mais robustos para a
Europa para que, uma vez que tenham um lugar de trabalho, possam enviar
dinheiro para elas.
As nações e a ONU enviam bastante
dinheiro para projectos de desenvolvimento e de infraestruturas mas, como
não há controlo, muito do dinheiro é desviado, enquanto projectos
pequenos, a nível regional de Autarquias, Aldeias, no dizer de Cap Anamur,
são eficientes: “à medida que se sobe na jerarquia aumenta a corrupção”.
Rotas dos refugiados
ilegais
Segundo menção da imprensa alemã, as
rotas de proveniência da maior parte dos refugiados ilegais, em 2014,
foram: Europa de Leste com 1.270 refugiados (vindos do Vietnam,
Afeganistão e Geórgia), Europa do Sul com 43.360 refugiados (do Kosovo,
Afeganistão e Síria), Grécia com 8.360 (da Albânia, Macedónia e Geórgia),
Mediterrâneo Oriental com 50.830 refugiados (da Síria, Afeganistão e
Somália), Canárias com 275 refugiados (de Marrocos, Guiné e senegal),
Mediterrâneo Ocidental com 7.840 refugiados (dos Camarões, Algéria e Mali)
e Mediterrâneo Central com 170.760 refugiados (da Síria, Eritreia e
Somália).
A esperança desesperada tenta a
ilegalidade como meio para melhorar a vida. Fogem do Iraque, da Síria, da
Líbia, do Afeganistão, do Iémen, de Marrocos, de Mali, etc. Fogem à
guerra, à injustiça e à pobreza. Explorados por quadrilhas traficantes,
vêem a sua vida ameaçada até atingirem a cortina europeia da Itália,
Grécia, Bulgária ou Espanha. Chegados a um país europeu vêem-se
confrontados com burocracias e costumes estranhos bem como com o receio de
parte da população dos países de recepção que vêem a sua identidade
cultural ameaçada e as finanças das comunas sobrecarregadas.
Devido à contínua afluência de
refugiados à Alemanha já se observam actos de vandalismo contra casas que
são preparadas para a recepção de refugiados e uma crescente oposição de
grupos que se manifestam contra políticos que a nível local tomam
iniciativas de criar lugares de alojamento para refugiados. Por outro lado
assiste-se na população alemã a uma grande participação em medidas de
ajuda concreta a refugiados.
Para não se sobrecarregar a sociedade
com problemas de integração a sociedade acolhedora terá de garantir o
sucesso aos refugiados que encontrem guarida entre nós, indo de encontro
às suas necessidades humanas, nos diferentes níveis de acolhimento. Por
outro lado os migrantes muçulmanos terão de mostrar mais vontade de
respeitar a mentalidade dos países acolhedores não se rebelando contra a
integração.
Num barco saído da Líbia (14.04.2015),
com 105 imigrantes, tripulantes muçulmanos lançaram 12 cristãos ao mar,
encontrando-se agora 15 dos prováveis assassinos (da Costa do Marfim, Mali
e Senegal) a contas com a justiça italiana em Palermo. A realidade
ultrapassa a nossa fantasia: no mesmo barco, na procura de salvação em
terras cristãs, imigrantes muçulmanos perseguem companheiros cristãos em
nome da sua religião! Em casas para refugiados na Alemanha tem havido
contendas entre refugiados que se agridem devido à sua diferença
religiosa.
Muitos africanos passaram o primeiro
colonialismo na sonolência e agora como imigrantes têm medo de ser
colonizados pelo ocidente civilizado. Antigamente os "chefes" forneciam
escravos à Europa em troca de algum dinheiro e hoje fornecem-nos
matéria-prima deixando os seus cidadãos passar mal.
Combater as causas e não apenas as
consequências da catástrofe humana, será a grande tarefa da UE, procurando
fomentar perspectivas de vida digna nos seus países de origem e criando um
ambiente favorável à integração dos hóspedes chegados. Sem uma abertura
mútua entre hóspedes e hospedeiros acumular-se-ão problemas e criar-se-ão
situações futuras perigosas para toda a população.
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