No Congresso do partido AfD
(Alternativa para a Alemanha) realizado em Hessen a 4-5 de Julho,
impuseram-se as forças nacional-conservadoras, elegendo como sua
presidente Frauke Petry. Deste modo a AfD perdeu o seu fundador Prof. Dr.
Bernd Lucke que há anos atrás tinha profetizado a actual crise da Grécia.
O economista Bernd Lucke, depois de ter
sido destituído de chefe demitiu-se do partido. Lucke vê na eleição da
nova direcção ( a sua rival Frauke Petry) uma nova orientação que permite
o espalhar-se de ideias latentes islamofóbicas e contra
estrangeiros. O presidente deposto alega que a nova presidência assumirá
uma orientação antiocidental (USA) e “uma orientação resoluta a favor de
uma política externa e de segurança pró-russa”.
Bernd Lucke na sua atitude professoral
não era a pessoa mais indicada para estar no topo do partido que reúne em
si imensa gente descontente. Bernd Lucke é presidente da Associação
“Weckruf 2015” (“Relógio Despertador 2015 ") e pode fundar um novo
partido. Nos últimos dias 600 membros já abandonaram o partido AfD que
contava com 21.000 filiados.
Apesar da clientela do partido, no
dizer dos partidos estabelecidos, constar de uma mistura de “críticos do
sistema, nacionalistas, populistas, amigos do movimento Pegida e racistas”
não será fácil a Bernd Lucke conseguir a fundação de um novo partido que
se afirme.
Com Frauke Petry, o partido tornar-se-á
mais radical. Atendendo ao geral descontentamento político em relação aos
partidos principais e aos problemas de integração de estrangeiros, à crise
do Euro e ao descontentamento de grande parte da população em relação à
política americana nas fronteiras com a Rússia, a AfD continuará a ter
muitas chances.
Embora a Alemanha não se possa comparar
com a França, o potencial de eleitores do estilo da “Front nacional”
francesa, aumentará também na Alemanha. Frauke Petry afirma que não
seguirá as pegadas da Front nacional.
Os ventos que correm na Europa e no
mundo, em reacção ao globalismo e ao modo como a UE se comporta com os
seus países membros, dão mais razão a uma retalhação da sociedade como
movimento reactivo às centralizações do poder
político-económico-ideológico.
Numa democracia, os governos e os
parlamentos dependem dos eleitores e estes estão muito descontentes devido
a uma política europeia de tecnocratas cada vez mais distante dos cidadãos
e mais próxima das elites. O melhor exemplo revelador da situação
europeia torna-se palpável no teatro da tragédia grega e no teatro das
marionetes de Bruxelas. De um lado o nacionalismo grego e do outro
lado os nacionalismos congregados em torno da UE e representados até ao
esgotamento.
António da Cunha Duarte
Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu
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