Os Poderes
contestados de Ontem reúnem-se modernamente nos Canais de TV
Acabo de chegar de Portugal. Uma
estadia, na Quinta Outeiro da Luz, muito rica em contactos e em
experiências humanas confortantes. O brilho da gente e do clima contrasta
com a negrura e a baixeza de muitos programas da TV. Os responsáveis da TV
parecem ter a intenção de educar o povo para o mórbido para o acaçapado,
quando a sua missão não deveria ser educar mas informar e instruir!
É horripilante o nível das cadeias de
TV. O povo continua a ser emburrecido com histórias emocionais de roubos,
suicídios, assassínios e quejandas; tudo explorado até à exaustão duma
lágrima que turva a inteligência. Notícias, que deveriam ter lugar apenas
nos jornais locais, são exploradas pela TV na intenção de fomentar uma
consciência ligada ao espírito coitadinho e a instintos primitivos;
programas com moderadores, muitas vezes, sem nível, mas democráticos para
que a estupidez também encontre representatividade nos canais virados para
a sentimentalidade e a negatividade; enfim, uma cultura para mais engordar
a plebe. Até o povo sensato parece não notar que está a ser encharcado com
imagens e conversas baratas tendentes ao alheamento, numa perspectiva de
lavagem do cérebro. Deixa-se levar e até gosta do sentimento satisfeito
que o torna cada vez mais na mesma porque “com papas e bolos se enganam os
tolos”. Quanto menos o povo consiga conectar mais facilmente será de
levar!
O mais lamentável é que a classe
académica e gente bem pensante suportem a banalidade e não proteste
contra. Um povo abandonado a feras vestidas de cordeiro.
Quanto ao discurso político
transmitido: uma miséria! Apenas discurso partidário para embalar o
zé-povinho! É rara a discussão política objectiva sobre temas e se tal a
desoras; o que interessa são os ardinas políticos da praça e todo um
enredo em torno do dito e do não dito: uma conversa fiada para
desinformar.
Cada partido apresenta-se como uma
rampa de salvação vendo a do adversário como a rampa para o inferno. Cada
qual com os seus dogmas e conversas intermináveis socorrendo-se da falta
de informação factual e de argumentação concreta de um público à deriva,
até porque só entende os cabeçalhos e os títulos das notícias. Conversa,
só conversa! Porém, a conversa nunca é certa, se deixa espaço para
reticências. Numa sociedade quer entupida/autossuficiente quer castigada,
falta a informação e o interesse por ela, devido às instituições dos boys
que tudo minam e dominam.
Temos de deixar a ilusão de que alguém
nos virá salvar. Nós é que temos de nos salvar. O povo português é de
memória curta e muitas vezes infantil ao pensar que a alternativa, no
tempo de eleições, vem de um outro partido. A República começou empestada
de ideologias e oportunismos e continua fiel a esta tradição. A juventude
abandona o país, permanece o hábito acomodado e autossatisfeito a
continuar a má tradição.
Boa noite Portugal!
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
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