O jogo (1-0)
entre a Alemanha e a Argentina foi um desafio de grandes. Fica o exemplo
positivo da eficiência do trabalho em grupo (um por todos e todos por um)
e a
advertência para as equipas e para as nações: Modernamente é
imprescindível, saber e competência técnica, espírito de equipa,
orientadores à altura, para que se evite que “equipas”, com grandes
capacidades a nível de indivíduos, se desorientem e árbitros amadores
fomentem jogos desagradáveis, em que a brutalidade tenha chance, como foi
o caso do jogo entre Brasil e Colômbia com a vítima Neymar.
A selecção
alemã foi um exemplo de competência e solidariedade. Soube ganhar ao
valorizar o adversário. Soube ser hóspede comprando um terreno e mandando
construir um campo de futebol e um condomínio para habitação, em Porto
Seguro, contratando pessoas humildes da terra para construí-lo. Desde a
sua chegada misturou-se com o povo participando na sua vida e nas suas
festas. Depois do campeonato e de volta à Alemanha ofereceu o condomínio
em que esteve instalado, para ser dedicado ao ensino dos mais necessitados
e doaram também uma ambulância. Deste modo a festa valeu a pena para
todos!
No
campeonato, por trás dos bastidores houve, certamente, muitas coisas que
enjoariam o espectador e estragariam a festa se fossem publicadas. Como em
tudo, onde o ser humano entra cheira a próximo! O problema
prevalece, como de costume: uns celebram a festa e outros preparam-na e
pagam-na.
A realização
do campeonato no Brasil contribuiu um pouco também para o grande colosso
acordar e organizar manifestações cívicas capazes de formularem mais
exigências políticas que, de outro modo, não seriam colocadas na ordem do
dia.
A equipa
alemã deu um exemplo de competência, humanidade e um grande testemunho de
solidariedade; a equipa, símbolo da nação, marca presença, sabe estar com
os ricos e com os pobres, do lado dos vencedores e dos vencidos. (Esta
deveria ser mais motivo de imitação do que de posições e comentários
ressentidos, agarrados a uma Alemanha do passado impedidores de encarar o
presente!)
Talvez o que
esteja por trás de uma certa inveja e ressentimento de certos resmungões,
que ao contrário da Alemanha são incapazes de integrar o colectivo no
sujeito e o sujeito no colectivo.
Vai sendo o
tempo de abandonar a consciência da adulação dos heróis, ou da demonização
dos fracos, para se passar à construção de um povo heróico. A equipa alemã
não se fica pelo herói, pela tribo, pela nação porque procura integrar
nela não só o mundo mas também os seus arredores.
António da
Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
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