A Síria é o palco da guerra muçulmana
entre a confissão dos xiitas e a dos sunitas. A luta de influências entre
os dois grupos é bem-vinda aos países da Nato porque lhe oferece a
oportunidade de combater a influência russa na região e de fortalecer a
Turquia como bastião avançado da NATO numa região que se pode estender
pela Ásia Central, Rússia, Cáucaso, China, etc. Com a intervenção militar
dos EUA, o Ocidente quer fomentar a soberania do islão sunita (Turquia)
sobre o islão xiita (Irão). A Nato com a Turquia e a Arábia Saudita apoiam
os rebeldes sunitas e a Rússia com o Irão apoiam o governo sírio e os
rebeldes xiitas (xiitas Hezbollah).
Baschar al Assad, presidente da Síria,
pertence aos muçulmanos Alevitas (uma comunidades islâmica liberal com
raízes no islão xiita mas que não segue os 5 deveres do Islão, nem o seu
sistema de direito-sharia, e não frequenta a mesquita, nem interpreta o
Corão à letra e reconhece mulheres e homens como iguais – um argueiro no
olho islamista). Como se vê a Síria oferece-se como o melhor campo de
batalha para as rivalidades entre NATO e Rússia, entre as facções sunita e
xiita, entre Irão e Arábia-Saudita, entre Ocidente e Irão, dando
oportunidade a todos estes para apoiarem os seus grupos rebeldes e em nome
deles transformar um conflito religioso local num conflito
político-militar regional. Por isso a imprensa internacional dá tanta
importância aos rebeldes que camuflam interesses estratégicos estranhos à
Síria e no fim só se aproveitam os extremistas religiosos e o Ocidente na
reconstrução. Resumindo: na Síria alinham-se os interesses dos aliados
EUA, Turquia, Arábia-Saudita e dos sunitas contra os interesses da Rússia,
do Irão e dos xiitas.
O conflito descarregado na Síria é
quase uma cópia da “Guerra dos 30 anos” entre a confissão protestante e a
confissão católica; por trás do conflito religioso encontrava-se o
conflito entre o sacro império germânico e a Áustria (dinastia dos
Habsburgo) que envolveram, nessa guerra, a maior parte dos países da
Europa. Tal como na guerra dos 30 anos do séc. XVII em que os conflitos
religiosos entre católicos e protestantes davam oportunidade aos países e
principados europeus para tentarem impor o domínio duns sobre os outros,
repete-se hoje um conflito religioso muçulmano não declarado entre as duas
confissões na Síria, Paquistão, Afeganistão, Iraque, Egipto, Líbia ao
serviço de tendências hegemónicas da NATO, Rússia, Turquia, Arábia-Saudita
e Irão.
Os Média ocidentais estão, duma
maneira geral, ao serviço duma informação confusa e confundidora, dado
estarem também eles ao serviço dos interesses estratégicos e económicos do
Ocidente; por isso favorecem uma intervenção do Ocidente contra a Síria.
Quem paga a factura é o povo ocidental com impostos e a obrigação de
receber os refugiados que o Ocidente produz e o povo muçulmano obrigado a
manter-se sob o jugo divino e sob o jugo regimes despóticos. Este
conflito, que não deveria ser nosso, só serve a escalação do poder e os
interesses das indústrias de guerra e de reconstrução. Uma intervenção
militar seria mais um acto da selvajaria que o Ocidente e a Rússia, com
gosto, atribuem a outros povos não tão “desenvolvidos”.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
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ANTÓNIO da Cunha Duarte JUSTO . Nasceu em Várzea-Arouca (Portugal). E-mail: a.c.justo@t-online.de.
Professor de Língua e Cultura Portuguesas, professor de Ética, delegado da disciplina de português na Universidade de Kassel .
PUBLICAÇÕES
- Chefe Redactor de Gemeinsam, revista trimestral do Conselho de Estrangeiros de Kassel em alemão com secções em português, italiano, turco, françês, grego, editada pela cidade de Kassel, tiragem 5. 000 exemplares.
- Editor da Brochura bilingue: "Pontes Para um Futuro Comum – Brücken in eine gemeinsame Zukunft", editada na Caritas, Kassel
- Editor de "O Farol" , jornal de carácter escolar e social em colaboração com alunos, pais e portugueses das cidades de Bad Wildungen, Hessisch Lichtenau, Kassel, Bad Arolsen e Diemelstadt( de 1981 a 1985)
- Editor de „Boletim da Fracção Portuguesa no Conselho de Estrangeiros de Kassel (1984)
- Autor da Brochura „Kommunalwahlrecht für Ausländer – Argumente“ editada pela Câmara Municipal de Kassel, Fevereiro de 1987.
- Co-autor da Brochura „Ausländerbeiräte in Hessen - Aufgaben und Organisation“, editada pela AGAH e Hessische Landeszentral für politische Bildung, Wiesbaden, 1988.
Colaborador de vários jornais e do programa de rádio semanal de português de Hamburgo.
http://blog.comunidades.net/justo
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