A Democracia
partidária tornou-se antiquada e atrasa o Futuro
Portugal, no século XV, foi a expressão da pujança vital da Europa, dando
início à sua expansão pelo mundo. Na era actual, Portugal deixou de
testemunhar a sua exuberância para se tornar o rosto do seu declínio.
Portugal é a radiografia e o rosto da Europa.
Hoje
fala-se de crise mas o que se está a dar é uma mudança radical da
sociedade e de parâmetros duma época privilegiada que praticamente já
passou. A efervescência cultural culminada na geração 68 e especialmente
os acontecimentos de 1989 alteraram a sociedade totalmente (ideário,
economia. EU) iniciando uma mudança social radical. As consequências da
mudança em curso fazem-se sentir especialmente na crise económica que
conduz à perda da dignidade nacional sob a pressão da ditadura financeira
global que abala as nações nos seus fundamentos e ridiculariza os regimes
democráticos parlamentares, iniciando, ao mesmo tempo, uma cultura da
preocupação. (Ensina-nos a História que os problemas e a decadência só se
reconhecem a posteriori e que, quem alerta para o perigo dela, é
considerado desmancha-prazeres!). Portugal inicia o fim do apogeu da
cultura ocidental. A consistência ou insegurança de um núcleo começa
por se expressar e notar nas suas bordas.
O
sistema democrático borbulha. Os órgãos do estado encontram-se ao serviço
dum regime político partidário, numa democracia já não convencida de si
mesma.
O
estado do país é instável com uma democracia instável. As instituições
funcionam mal e a economia encontra-se num beco sem saída porque as forças
que a geram são indomáveis. Espalha-se, entre o povo, o desengano da
política, de partidos e políticos. A raiva engolida leva o povo à
depressão e à nostalgia. Expressa-se socialmente, de forma bordaline e
rotineira em manifestações organizadas por sindicatos, por vezes, tão
irresponsáveis e comprometidos como a política de mãos atadas.
Num
estado assim o povo pressente que não há remédio, que será melhor ir à
bruxa. A classe política não tem soluções, é vítima e criminosa ao mesmo
tempo; ela e a EU tornaram-se parte do problema num horizonte sombrio sem
utopias ao alcance. Os tempos da democracia ocidental com uma economia
séria já passaram; a economia já não se encontra em função do bem-comum e
a Europa vê chegar a ela os pobres do mundo e os produtos fracos de fracas
economias. O Estado social cada vez se torna mais num estado bombeiro a
apagar os fogos da miséria com dinheiros do contribuinte numa sociedade
cada vez mais precária. Os atropelos da indústria financeira internacional
são distribuídos pela classe indefesa e pelos países menos fortes. Os
países fortes ainda vão vivendo bem da implosão dos países da borda.
A
política tornou-se muito complexa. Tornou-se impossível governar com
independência e justeza. O povo deixou de acreditar e de ter poder de
influência, este é exercido pela classe superior. Os negócios públicos tal
como socialismo e capitalismo vivem em promiscuidade.
A sociedade Ocidental ao integrar nela,
irreflectidamente, a ideologia marxista-leninista iniciou definitivamente
a decadência e o seu próprio fim. É um veneno que mata lentamente mantendo
a boa-disposição até final. O pensar correcto hodierno faz parte das suas
flatulências!
Os
negócios da nação são feitos em prejuízo do povo e do Estado. Quem
beneficia deles é a classe superior, são os políticos e os magnates da
banca e de consórcios internacionais.
Na Era da
Informação e dos Lóbis monopolistas
A
classe baixa e parte da classe média não vê nem entende o que está a
acontecer. A classe média privilegiada encontra-se insegura porque os
modelos de economia apresentados já ultrapassam o nível da compreensão,
movimentando-se mais no âmbito virtual que real. Há uma dissociação entre
informação e modelos.
Os
debates públicos refugiam-se nos ataques aos partidos; estes, sem soluções
nem modelos, escondem atrás duma retórica vazia. Ninguém entende a
avalanche de políticas ditadas pela oligarquia da EU. O seu ditado põe em
perigo actuais formas de Estado e democracias. A EU para conseguir os seus
objectivos de poder suprarregional encostou-se à ideia do globalismo
económico liberal. Deste modo tanto cientistas, ecónomos como povo
encontram-se abandonados a forças de que não podem ter a supervisão. Tudo
comenta e atira a sua opinião que se revela apenas erudita mas tão
competente como a opinião simplória do povo.
No
meio desta confusão, para salvar a democracia, não ajudam consultas
plebiscitárias nem análises científicas porque o desenvolvimento é de tal
modo desregulado que não tem controlo possível porque lhe faltam as pistas
e os dados reais. (Recorde-se no meio disto a discussão sobre espionagem
desmascarada por Edward Snowden).
A
política não tem hipótese de elaborar programas objectivos dado
encontrar-se a um nível inferior ao dos poderes e sistemas supranacionais
em acção. As nações e os governos encontram-se num andar abaixo do dos
magnates do capital internacional e dos feitores das crenças actuais. Isto
questiona a formação de qualquer vontade democrática e conduz ao desespero
de quem pensa.
António da Cunha Duarte Justo
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