Os Heróis
que a Democracia precisa são os heróis do Bem-comum
Cada cultura, cada ideologia elabora
e produz a própria constelação de heróis e santos que precisa. A cultura
de guerra gera os heróis da guerra, a cultura comunista gera os “heróis do
trabalho”, a cultura mediática gera as estrelas, a cultura religiosa gera
os santos, a cultura árabe afirma os heróis mártires-bomba… Temos heróis
da guerra, do trabalho, dos média, da Igreja, do islão, só nos faltam os
heróis da democracia.
A Democracia não pode ser reduzida a
uma máquina de fabricar pessoas em série. Uma democracia viva precisa de
heróis, carece de cidadãos, que arrisquem a vida, por algo nobre; doutra
forma, fomenta poltrões e morrões.
No céu da nossa democracia só se notam
estrelas enganosas, estrelas cadentes. O Sol deixou de brilhar no
horizonte. Os cidadãos não mostram auréola e a cultura escurece. Uma
cultura com horizonte precisa de heróis porque neles se reúne a força do
povo.
A democracia não pode estar
predestinada a produzir mediania. Ela carece de heróis próprios e os
heróis que ainda não gerou são os heróis do bem-comum.
Os heróis realizam aquilo que o cidadão
normal não está disposto a realizar na sua privacidade. São a consciência
junta dum povo, encarnada numa vontade firme de alguém que se sacrifique
pelo bem-comum. Actos de valentia exigem coragem e a disposição de
entrega, até da própria vida, por uma causa nobre a favor do outro. O
santo e o herói não têm medo do inferno nem da vida; não embrulha a vida
em mordomias e honrarias adquiridas à custa do fascismo do todos juntos.
A valentia do herói quer-se cultivada
no dia-a-dia da luta de cada povo; forja-se na luta contra o medo
cultivado e contra a honra da mais-valia usurpada ao povo, contra uma
democracia de elites a querer viajar sem bilhete.
O herói é o cidadão honrado que procura
superar-se a si mesmo, superar a adversidade, guiado por ideais nobres ao
serviço dos outros. Ela está consciente que a mediocridade arrasta
mediocridade e o exemplo do bem arrasta o bem.
Não podemos continuar a suportar uma
democracia geradora de mediania; a democracia está em perigo, precisa de
heroísmo popular se quer ultrapassar a miséria do pensar correcto do
dia-a-dia e sair do medo da insegurança assistida.
No momento do perigo, a nação
consciente cria o heroísmo correspondente. Precisamos duma cultura que
produza políticos, heróis do bem-comum, que exonerem a elite dos
anti-heróis do bem-comum e da guerra.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
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