Na minha cidade de Kassel, 40%
dos nascimentos dão-se através de operação cesariana. No Estado do
Hessen, Alemanha, a média de cesarianas em 2009 foi de 33,6%.
Muitos optam pela operação em vez
do parto natural, embora não haja indicação medicinal que justifique
a intervenção médica. Factores determinantes para a prática não são
apenas o medo das dores de parto mas entre outros motivos a vontade
de determinar o nascimento em data escolhida. Por outro lado, muitos
médicos favorecem a cesariana porque há pais que, no caso dum parto
natural em que o bebé sofra alguma lesão, colocam o caso em tribunal
reclamando indemnização. A intervenção cirúrgica também se torna
mais rentável para o operador.
Enquanto que, na Alemanha, os
custos dum parto vaginal se cifram numa média de 1500 Euros, o
hospital gasta 2400 euros com o parto através de operação cesariana,
refere a HNA. A redução de apenas 1% das cesarianas efectuadas em
toda a Alemanha corresponderia a uma poupança de 6,5 milhões de
euros por ano para as Caixas de Previdência.
Há que ponderar antes de se tomar
a opção por uma ou por outra modalidade de parto. No caso de decisão
por uma intervenção cirúrgica a mulher tem de continuar mais tempo
sob observação médica além da cicatriz que fica.
Para a criança a operação
cesariana, ao acontecer rapidamente e sem que a mãe tenha tido a
possibilidade de deitar adrenalina através do stress do parto, pode
tornar-se desfavorável, porque impede o activar das forças corporais
do bebé a nível de circulação e de respiração.
Na psicanálise alerta-se para os
problemas psíquicos que pode acarretar o nascimento por cesariana. A
criança entrou na vida sem esforço e muitas vezes sem ter activado
os seus mecanismos de defesa e de afirmação perante a vida.
Por outro lado pais, demasiado
fixados na fuga à dor, serão levados a arrumar do caminho da criança
todas as dores e dificuldades, por rejeitarem o sofrimento natural.
Tudo isto pode ter consequências graves no desenvolvimento da
criança. O mesmo se refira para o caso do emprego do biberão, onde,
por vezes sem necessidade, o bebé é privado dum contacto relacional
mais directo com a mãe.
Depois de pensados os prós e os
contras na situação concreta, a decisão pertence à mulher.
O parto é primariamente um
processo natural. Por isso há organizações que pretendem que o parto
natural seja reconhecido como herança cultural mundial.
Uma sociedade, cada vez mais
técnica e individualizada olha apenas para os seus interesses e
possibilidades sem respeito por uma natureza que mantém os seus
segredos e dons.