Numa União Europeia (EU) de 493 milhões
de cidadãos registou-se 57% de abstenção às eleições para o
parlamento europeu, realizadas de 4 a 7 de Junho de 2009.
No dia 14 de Julho (no espírito
da revolução francesa), 736 deputados de 27 estados da EU irão
iniciar em Bruxelas a legislatura de 2009-2014.
O salário bruto dum
eurodeputado é de 7.665 euros, acrescido de 17.450 euros para
despesa de secretariado e assistentes e de 4.200 euros para despesas
gerais.
Quanto mais o povo desconfia
mais os políticos se aconchegam numa plataforma olímpica a que o
povo não tem acesso. Teimam em construir uma Europa distante, de
livres-pensadores e materialistas com uma nomenclatura de burocratas
superiores e um proletariado rasteiro, cada vez mais igual, numa
Europa cada vez mais conforme e chata. Parte do folclore permitido
consta do lenço na cabeça e duns cachecóis de futebol, o resto
quer-se desnudado de espírito. A luta duma oligarquia cada vez mais
safada contra cidadãos queridos plebe, cada vez alastra mais, como
nevoeiro serrado que aperta todos os países da Europa. Assim a
avaliam os votantes e a admoesta o Tribunal Constitucional alemão
com uma decisão que dá razão aos críticos do Tratado de Lisboa.
Afinal, estes revelaram-se os verdadeiros defensores da democracia e
da soberania ao criticarem a União Europeia dos funcionários. Os
alemães, os beneficiados do Tratado de Lisboa com os países grandes
europeus, revelaram-se, com a decisão independente do tribunal,
verdadeiros democratas.
A Europa descobriu o mundo e
mudou-o. Ela é fruto duma ideia
progressiva universal que depois de tanto se expandir para o
exterior, segundo a força centrífuga à procura do universo, sente no
espírito do povo a necessidade dum crescimento interior, uma força
centrípeta que a leve a redescobrir-se. Só na auto-mudança se mudará
a Europa e com ela o mundo. O cristianismo universalista e global,
que lhe deu o ser no respeito pelo indivíduo e pelas consciências
individuais e sociais, não poderá ser desqualificado na construção
da nova Europa e do mundo do globalismo.
Torna-se óbvio que o
desenvolvimento estrutural da Europa deverá ser acompanhado pela
consciência do povo. O povo não pode votar no que desconhece. Mais
que ter terá de ser.
A Europa ainda não está madura
para dar o passo na sua direcção. Precisa duma metamorfose. Como
ponta avançada das civilizações ainda terá de realizar em si a
descoberta do outro na aceitação da sua diferença e
particularidade.
Os políticos ainda se encontram
muito verdes na matéria, continuando com uma mentalidade tutelar e
dirigista. Armam-se em progressistas de rosto luzidio e cabeça leve.
A ideologia materialista marxista, já ultrapassada científica e
politicamente, ainda se encontra demasiado jacobina e à vontade nas
estruturas da Europa. Se os políticos não se encontram à altura do
que pretendem, que dizer do povo…
A actual crise económica é
consequência da perda de valores morais e da falta duma ideia forte
de identidade comum à Europa e ao Ocidente em geral.
A Europa precisa, de novo,
duma ideia forte e renovada, baseada no humanismo cristão e no
respeito pela natureza. Não chegam
interesses económicos de elites mercantilistas nem ideologias de
livres-pensadores à la 14 de Julho, nem duma devoção constitucional
para se construir um povo com identidade própria.
Por interesses ideológicos e
por respeito à Turquia os mercenários querem uma Europa sem
cristianismo, sem via espiritual, uma Europa só para eles, longe do
povo e das tradicoes. Esquecem que por detrás de toda a
realidade se encontra uma energia espiritual. Contra a religião
e contra a identidade nacional não se constroem complexos com bom
fundamento. O povo pressente o espírito que está por detrás da EU: o
espírito materialista liberal determinista e mecanicista da física
que teve alardes de universalidade até às descobertas da nova física
quântica.
Não chegam os interesses duma
elite, de eunucos da vida, que aspira ao poder mundial sob os
auspícios do dinheiro. O povo vê o proveito deles e nota que o
próprio ordenado é cada vez mais miserável e inseguro. O cidadão
sente-se cada vez mais controlado e explorado por um Estado e
instituições que só conhecem o valor do dinheiro e da concorrência
como reguladores das relações humanas. Isto significa a abdicação de
valores humanos. Numa Europa riquíssima em relação ao passado,
assiste-se à expropriação dos direitos nacionais e humanos. Fazem da
nação monte tal como o pós-guerra fez da província terras
degradadas, em serviço duma política de enquartelamento do povo nas
cidades. O povo reage instintivamente.
É preciso arredar dum pensar
redutor que se encontra longe da dimensão espiritual nobilitadora do
Homem e do Povo; não chegam instituições de escravos da lei. Na
democracia ocupada “eles comem tudo e não deixam nada”… Comprazem-se
em oferecer pseudo liberdades e sexo.... Quando se apanham em
Lisboa, tornam-se irreconhecíveis, ninguém os conhece mais, e uma
vez em Bruxelas logo ficam com a auréola de consagrados!...
No tempo da Internet a
consciência torna-se rasante no seu desenvolvimento o que poderá
apressar um processo de desenvolvimento da estrutura EU e da
consciência individual. Isto pressupõe uma nova ordem baseada na
originalidade e na personalidade individual.
O poeta Novalis, no seu livro
„Cristandade ou Europa” confessa: “Só a religião pode acordar a
Europa de novo e proteger os povos”. Os partidos usam e abusam do
povo e da nação. O Cristianismo foi a alma da Europa e o seu
garante, não será que estamos a construir uma Europa desalmada, uma
Europa só para alguns?