Se antigamente estávamos
“orgulhosamente sós”, hoje marcamos passo orgulhosamente sós!
O átrio do país passou a ser o
partido. Não há povo, não há actores, apenas espectadores dum país a
salto.
A imprensa portuguesa, que deveria
confrontar continuamente os políticos com esta realidade, vive também
ela no país da Bela Adormecida, espalhando o tapete vermelho a políticos
que falam de tudo, menos do que importa a Portugal e deveria importar
aos portugueses.
Como de costume, se o governo for
questionado sobre tão miserável situação, os espertos do poder
compararão a sua miséria com pior miséria de algum caso particular dum
país de nome, para assim fugirem com o rabo à seringa e enganarem um
povo sempre crente. Quem observa com olhos de ver as atitudes de
políticos na TV até fica com calafrios perante os seus tiques e
peculiaridades dandy. Vivem em grande parte da arte de enganar quem quer
ser enganado. Somos inveteradamente vaidosos!
Vivem do factor Salazar, sempre na
desculpa e no empolgamento, justificando uma política improdutiva na
ideia de liberdade e democracia.
Os nossos políticos não têm noção
de estado nem de povo, servem-se deles em vez de os servir. Partidarismo
e servilismo oportunista enchem a Administração pública e rebentam o
aparelho do estado pelas costuras. Depois desculpam-se que é a vida e
que o povo tem os políticos que merecem. O povo porém precisa de
exemplos e de personalidades que se tornem a consciência da nação para
impedirem que mercenários continuem a abusar do povo, a violar Portugal.
Aqui, as revoluções, a partir do século XVIII, têm um denominador comum,
satisfazer uma classe descontente que ao assumir o poder se satisfaz à
custa do Estado e em gozar o povo.
Na democracia, o povo português
continua a desobrigar-se com a ida às urnas como antigamente se
desobrigava da abstinência com a bula.
Portugal joga cronicamente na Liga
dos derrotados, antigamente com honra, hoje com orgulho. Países que no
Estado Novo estavam atrás de Portugal encontram-se hoje à sua frente
quando; apesar do 25 de Abril não saímos do grupo dos países em que nos
encontrávamos no tempo de Salazar. Portugal a continuar assim daria
razão aos que defende que em vez de mudar os sistemas é preciso mudar o
povo! Estes gostariam de nos ver espanhóis. O que precisamos todos é de
mudar o nosso ideário de povo, mudar a nossa mentalidade e não suportar
os que usam e abusam do Estado e desencorajam a iniciativa privada em
nome do monopólio partidário. O espírito da terra, da ecologia, do bem
comum expresso nos “Homens Bons” dos tempos da fundação da monarquia
deveria tornar-se o padrão a seguir no governo de Portugal e não o da
ideologia. Por um Portugal dos biótopos naturais com menos coutadas
ideológicas. |