Os ideais sociais e republicanos parecem só se poderem afirmar numa relação social de dois grupos antagónicos: Caim e Abel. Saramago, um apologista da velha física mecanicista e materialista deita mão da sua ignota sebenta sobre o Velho Testamento para afoguear o ânimo dos portugueses e reavivar os velhos ressentimentos republicanos e materialistas, cada vez mais presentes numa sociedade decadente. Esta polémica em torno de Caim, no centenário da república portuguesa, procura dar continuidade a um republicanismo barato e atrevido que vive de forma discreta e parasitária num Estado em estado de graça e de sonho.
Saramago, fez, como os bons promotores de vendas fazem. Dias antes do seu livro “Caim” aparecer nos balcões de venda, o negociante da opinião presta uma série de declarações provocantes aos Media para chamar as atenções para si e motivar os correligionários e curiosos à compra do livro. A polémica ajuda o negócio. A arte cada vez se reduz mais ao escândalo. A opinião publicada em torno de Nobel camarada, revela um país assombrado, como se tratasse dum galinheiro de galinhas de olhar fixo na crista vermelha do galo que brilha no poleiro da sua importância. Os negociantes da cultura e os traficantes das ideologias e do poder sabem bem que os ingredientes que melhor servem os seus interesses cínicos e logo atraem as atenções do galinheiro são: religião, sexo e dinheiro. Saramagos parecem dar-se bem nos baixios da nação. Por isso persistimos em viver na mediocridade do medo, do recalque, da inveja e do sonho.
Os jornalistas, por avidez de escândalo que lhes simplifica o trabalho ou por razões ideológicas, aproveitaram a deixa para o seu negócio, moendo e remoendo continuamente a mesmo assunto. Saramago com uma machadada consegue encher os bolsos e ao mesmo tempo fazer a maior propaganda contra a Igreja Católica como se a Bíblia só fosse propriedade dos católicos e estes só conhecessem a leitura literal da mesma. Como numa acção concertada, nos Media ouvia-se continuamente falar do cândido Saramago e da inocência de Caim como se tivesse sido a Igreja Católica a matar Abel.
Saramago banaliza o Nobel e banaliza a Bíblia. À maneira de Pilatos lava as suas mãos nas águas turbas da ignorância e do oportunismo. Terapia os seus medos inconscientes atacando.
O artista quer dizer aos cristãos que “Deus fez o mundo em seis dias, porque ao sétimo descansou”, quando os cristãos sabem que aqui se trata não de dias de 24 horas mas de épocas da evolução, muito embora de cariz antropológico onde se apresenta o processo do desenvolvimento do primitivo para o mais desenvolvido, a nível biológico, moral e existencial.
Na sua interpretação interesseira, Saramago até sabe que “Caim matou o irmão porque não podia matar Deus”. E na sua inocência primitiva o escritor afirma o seu dogma revelador da sua lógica: “Um Deus que não existe, nunca ninguém o viu.” O que é estranho é que Deus e o Catolicismo parecem ser o bombo da sua festa e do seu negócio!
Saramago faz uma leitura ingénua e tendenciosa da Bíblia. Fala como um iletrado. Para justificar a sua fé ateia joga com a não informação das pessoas e com interesses baixos de desacreditação e com uma mentalidade ávida do insólito. Estamos perante um caso de desinformação para que o povo desça à praça das ideologias e se sirva de ânimo leve nas bolsas dos dogmas da opinião.
O azedume de Saramago, ao afirmar que “sem a Bíblia seríamos outras pessoas. Provavelmente melhores”, luta contra o seu fantasma do medo, falando mal dos outros para melhor poder branquear-se e branquear os seus patronos marxistas. O que ele parece desconhecer é que o socialismo, a fé que professa, é um produto da Bíblia, um filho da tradição judaico – cristã.
O maior documento da história humana é categorizado por Saramago como um “manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e da pior da natureza humana”. Saramago querer desconhecer a Bíblia na abordagem que ela faz do Homem e do seu desenvolvimento, no que ele tem de positivo e negativo. O autor julga sai-se melhor apostando num Deus que quer “cruel, invejoso e insuportável.” A guerra contra Deus serve-o a ele e à sua desilusão ideológica. |