Espantoso como lhe ri o olho
vazado, o olho-cambado, capaz
de dissimular um escafandro.
O coalho de vidro nem o desfeia,
ao cabo de meia-hora a implorar,
ou menos. Dá-lhe um ar de pretor
vingativo, de comedor de bacalhau
em desvelada insónia.
Um enxerto de mocho albino.
Mas é amigo do seu amigo –
diz-se. De facto, com um ar
bonacheirão, repete amiúde
“eu não me vou prescrever
receita”, é a dica da sua vida,
como se, Tirésias encartado, des-
mamasse o futuro das tretas
do presente. Casou, apesar do olho-
abafador? Hum, pelo tempo
que passa no bar... Mas, s’o adivinho
grego até foi mulher - quem sabe.
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