Abençoada cidade de uma indolência
pagã, onde o látego e a beleza desfrutam
infância comum, cama e roupa rasgada.
Cidade tão dúbia que milhentos guardas
nela florescem, cambados de sono.
Era nisso que se baseava. O Sebastião
de Portugal montou sobre um cavalo
branco ajaezado de verde com esmaltes
de ouro - na sua última batalha. Este,
galã de Xipamanine, d´emboscados
olhos verdes numa tez cafusa, também
obrou prodígios, e quando hoje tornou
com correntes e cordas para aceder
do telhado ao terceiro esquerdo
não contava que o espanhol estivesse
em casa e o empurrasse da varanda,
ajaezado de tormentas, com esmaltes
no grito, os membros desaparafusados
por invisíveis cavalos que lhe
abalaram a confiança entorpecente.
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