Ver-te-ei sempre como a criança
muda, à beira do vagalhão,
a que se levanta intacta de entre
as algas mas com a cabeça
raiada por um troço de mistério.
Lembro-me que tiritavas
como uma labareda à míngua
de riso, de um sopro fraterno -
é malária dizias, e a voz fugia-te.
E nos teus olhos adivinhava-se
a surpresa da primeira vez que viste
a rapina a planar. Intermitente
amante de charadas, em dez anos
deve ter-te custado nunca
jogarmos xadrez sob o bafo da lareira.
Sabes que adormeço a planejar o lance
da torre seguido de cavalo, e renuncias,
compassiva. O melhor é libarmos
aos deuses cruéis - entre nós
o passado nunca foi iminente. |