Acordei com o barulho da campainha do telefone. Xinguei um palavrão e atendi antes que Andréa acordasse. O sol já entrava pela janela e subia pela cama, e, dentro em pouco, bateria nos olhos dela.
- Alô?
- Por favor, senhor, Andréa?
O sotaque era estrangeiro, muito carregado nos "rr".
- Quem quer falar com ela?
- Érika. Madame Érika, senhor.
Olhei o corpo deitado. Andréa dormia de lado, voltada para mim, e os seios caíam no lençol.
- Ela tá dormindo.
- Por favor, senhor.
Acordei Andréa.
- Telefone pra você. Uma tal de Madame Érika.
Andréa passa as mãos no rosto e tira o cabelo dos olhos e da boca, e pega o telefone.
- Alô? Oi, como vai?
Escuta alguns instantes e tapa o fone com a mão.
- É aquele casal de ontem, no restaurante. Tão convidando a gente pra almoçar.
Olho o relógio. Meio dia e dez. Ainda não tinha falado com Andréa, mas estava pensando sair por volta das três horas. Deixaria Andréa em casa e passaria no hotel, e, à noite, jantaríamos na Casa dos Contos ou na Brunella. Ou ficaríamos na Praça do Papa.
- Não tou muito a fim. Você tá?
Andréa encolhe os ombros.
- Por mim... Mas se você não tá...
- A fim, a fim, não tou mesmo, não. Mas se você tá...
Andréa tira a mão do fone.
- Desculpe, viu? Mas tá ok. À uma, então, no restaurante.
Desliga e passa as mãos no rosto e boceja e espreguiça-se, e deita-se no meu peito.
- Tou morta. Vamos tomar banho? Ontem nem tomamos, ou já esqueceu?
Levanta o corpo e eu abro as pernas e puxo-a, e ela encaixa-se nas minhas coxas. Beijo a pele avermelhada do pescoço e ela ri e força por soltar-se.
- Ah, não. Agora não. Não agüento mais.
Rodo na cama e sento nas coxas dela, e o sexo estende-se nos pêlos emaranhados. Andréa tem os olhos fechados e a boca entreaberta, e os braços estão apertados contra o corpo. Os seios estão unidos e salientes, e o meu sexo começa a latejar.
- Pega eles.
Andréa pega os seios e junta-os, e eu beijo-os. Desço a língua, devagar, e lambo o ventre e as coxas, e Andréa geme e abre as pernas. Continuo lambendo e ela dobra as pernas e empurra a minha cabeça contra o sexo. O cheiro é forte e almiscarado, e o meu sexo lateja no colchão. Afasto os pêlos e enterro a língua, e Andréa joga as pernas nas minhas costas e agarra o meu cabelo. A saliva escorre pelo queixo e mal posso respirar, e Andréa arqueia o corpo e aperta a minha cabeça com as coxas. Movimenta os quadris e a respiração fica roufenha, como se fosse um estertor. Contorce-se e retesa o corpo, e um regougo prolongado ecoa pelo quarto. Andréa fica suspensa, como se a explosão do orgasmo a sustivesse, e, de repente, cai na cama, amolecida como morta, os olhos fechados e o suor escorrendo por entre os seios e pelo ventre, e as pernas e os braços abertos e caídos no lençol. Recosto-me na cabeceira da cama e fecho os olhos. Foi bom Andréa ter gostado. A minha mãe sempre se enxugava no quarto. Sentava na cama e esfregava a toalha no cabelo, e eu sentava no chão e abraçava as pernas dela. A primeira vez aconteceu por acaso. As minhas mãos escorregaram e as pernas abriram, e a cabeça entrou por entre as coxas. O cabelo nem secou. A minha mãe gostou e eu também, e fizemos um ritual. Fingíamos que não queríamos e só fazíamos porque éramos obrigados. E quanto mais fingíamos, mais prazer dava o fingimento. Era como se fosse um pecado e a sensação proibida estimulasse as nossas línguas. Não sei se Andréa também fingiu que não queria, mas a minha mãe também regougava e caía na cama, amolecida como morta.
Escuto ranger a porta do banheiro e levanto-me. Andréa está no box e liga o chuveiro, e a água escorre pelo corpo e forma ilhas oleosas nos ombros e no peito, e serpenteia pelo ventre e pelas coxas. A porta está aberta e alguns pingos batem na minha cara, e Andréa olha-me e sorri e passa as mãos nos seios.
- Não vai entrar, não?
Não respondo e ela passa xampu no cabelo, e a espuma escorre pelos ombros e pelos seios. Lava o cabelo e enxágua, e desliga o chuveiro. Pega o sabonete e ensaboa-se, e os seios cobrem-se de espuma e abanam. É a primeira vez que vejo Andréa tomar banho e a boca fica seca e um arrepio desce pela espinha. Entro no box e abraço-a, e o sexo infiltra-se nas coxas ensaboadas. Aperto-a com força e beijo-a, e Andréa levanta os seios e oferece-os. Ligo o chuveiro e enterro a cara no meio deles, e Andréa ajoelha-se e cola a boca no meu sexo. Abraça as minhas nádegas e movimenta a cabeça, e a água espirra nos ombros e nas costas. Andréa desliga o chuveiro e começa a masturbar-me. É a primeira vez que me masturba e a garganta aperta e a boca fica seca, e os ouvidos começam a zumbir. Andréa levanta-se e acelera os movimentos, e eu concentro-me nos seios, abanando, e logo começa a primeira convulsão. Vem a segunda e eu grito e Andréa grita também, e a nuca estala e golfadas espirram e batem nas coxas dela. Mas é como se estivéssemos na cama. Também aqui não acontece o que mais temo. Os seios continuam abanando e não se cobrem de espuma, e Andréa não morre sem rosto e sem cabelo. Abraço-a e beijo-a, e rio às gargalhadas. É fácil ser feliz. Às vezes, a gente é que tem medo. |