CUNHA DE LEIRADELLA

A SOLIDÃO DA VERDADE

ROMANCE

II PARTE - A SOLIDÃO

Dezoito

As nossas roupas estavam espalhadas pela cama e pelo chão, e nós estávamos nus e encharcados de suor. Andréa tinha os olhos fechados e a cabeça deitada no meu braço e os seios, caídos no lençol, pareciam ainda maiores e mais cheios. O cabelo estava úmido e emaranhava-se no rosto, e gotas de suor brilhavam no peito e no pescoço. A janela estava fechada e o quarto estava quente e abafado, e cheirava a fumo de cigarro e a suor. Pensei tomar um banho e dormir, mas Andréa tinha adormecido e não quis acordá-la. Acendi um cigarro e fiquei fumando e olhando o corpo dela.

Um relâmpago ziguezagueou por cima das colinas e o estrondo do trovão ecoou pelas encostas. Uma lufada de vento varreu as folhas da árvore e os gerânios da jardineira, e pingos grossos rebentaram nos vidros da janela. Andréa estremeceu e levantou-se de um salto e abriu a janela e ergueu os braços, e a chuva bateu no corpo e no carpete.

Um segundo trovão reboou e a lâmpada do teto oscilou, soprada pelo vento. Andréa continuava imóvel e com os braços levantados, e os pingos estalavam na pele e escorriam pelo corpo. As costas e as nádegas brilhavam, batidas pela luz, e o volume dos seios aparecia abaixo das axilas. Lembrei deles abanando e o corpo contraiu-se, e o sexo começou a latejar. Fechei os olhos e apertei as coxas, e Andréa já não estava na janela. Estava debaixo de mim e gritava, não pára, não pára, não pára, não, e rasgava a pele das minhas costas e empurrava o corpo contra o meu, e eu gritava abana, abana eles, abana eles, e ela contorcia o corpo e abanava os seios, e ambos explodíamos e gozávamos, e eu caía em cima dela, resfolegando, amolecido como morto.

- Vou na represa.

Andréa está junto da cama, o cabelo colado na cabeça e no rosto, e pingos de água escorrendo por entre os pêlos do sexo. Cata a calcinha e a calça e a blusa e os tênis, e veste-se e sai correndo. Acendo um cigarro e puxo algumas tragadas e fecho os olhos, e Andréa ainda não saiu e abana os seios e oferece-os e diz, faz, faz, eu quero ver você gozar, e a minha mão sobe e desce, sobe e desce e Andréa levanta os seios e eles dobram de tamanho e a minha mão acelera os movimentos e o corpo fica duro e eu grito, vou gozar, vou gozar, e Andréa grita também, eu quero ver, eu quero ver, e abana os seios e oferece-os e o meu sexo explode e as golfadas escorrem pela mão e pelas coxas e eu tombo na cama, resfolegando, amolecido como morto.

Só ressuscitei quando Andréa chegou, muito depois, toda molhada, e se despiu e se deitou e me abraçou e me beijou, e abriu as minhas pernas e olhou as minhas coxas e lambeu-as, e eu senti uma vontade imensa de chorar. Há muitos anos ninguém lambia as minhas coxas.

 
 
 

Cunha de Leiradella
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São Paio de Brunhais
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