- Eduardo, quê que você tá querendo, afinal?
Nunca pensei que Andréa tivesse dúvidas, e a pergunta espanta-me e assusta-me. Estamos na Casa dos Contos e até agora estava tudo bem, pelo menos parecia que estava tudo bem, e, de repente, já não está. Andréa tem os olhos fixos nos meus e sei que espera uma resposta. Mas eu não tenho mais respostas. Já lhe disse o que quero. Só quero estar junto dela.
- Faz três noites que nós saímos e...
Andréa cala-se e olha o fundo da varanda, como se o meu silêncio lhe tivesse respondido. Olho as minhas mãos caídas na toalha e me sinto mal. Não gosto de ruas. Por mais largas que sejam são sempre emparedadas e o sentido é sempre obrigatório. Por isso, gosto da Praça do Papa. Mas Andréa ainda não quis ir lá e também não entendeu o meu desejo.
Andréa tira o maço de Marlboro da bolsa. Devagar. Como se todos os gestos, neste momento, ao invés de terem um objetivo definido, servissem apenas de moldura aos pensamentos. Ainda devagar, coloca o cigarro na boca e guarda o maço, e pega o meu isqueiro. Acende-o e aproxima a chama do cigarro, e, de repente, joga-o na mesa e começa a coçar o peito, por baixo do seio direito. Já a vi fazer isto na minha sala e ainda não sei o motivo. Mas não pergunto. Sei do que são capazes as nossas mãos. As minhas, às vezes, também fazem coisas que eu não entendo e nem sei como impedir. Olho a mão de Andréa, as unhas arrepelando a blusa e enterrando na carne. É a direita. Como a minha, a mais indócil e a mais forte. Andréa tem os olhos fechados e os lábios contraídos, e coça cada vez com mais força e mais velocidade. O cigarro treme na boca e o seio salta no sutiã, e as minhas mãos crispam-se e querem segurar a mão dela. Mas, de repente, ela pára de coçar e abre os olhos, e fica imóvel. Espero que faça ou diga alguma coisa, mas não se mexe, nem diz nada. Continua olhando o fundo da varanda como se nada mais existisse à sua volta. Fica assim algum tempo até que tira o cigarro da boca e joga-o na mesa, e tapa o rosto com as mãos.
- Eu não entendo. Sinceramente, não entendo.
Tira as mãos do rosto e pega o cigarro e acende-o, e puxa uma tragada profunda.
- Não dá pra entender, não, Eduardo.
Respira fundo e fecha os olhos e cerra os lábios com força, e eu continuo calado, pedindo a Deus que ela não levante e vá embora.
- Pra onde é que a gente vai amanhã, hem?
Os olhos de Andréa estão fixos nos meus e as palavras nem pareceram ditas. Pareceram cuspidas. Não respondo e Andréa joga o cigarro na calçada, e, num gesto brusco, pega o copo e bebe o resto da cerveja, e enche-o e bebe mais. Bebe tudo e coloca o copo na mesa, e limpa a boca com a mão.
- Eduardo, me diz uma coisa. Você acha normal a gente tar aqui assim, ou...
Cala-se e olha-me durante alguns instantes.
- Pensa bem. Você me dá rosas, você me convida três vezes seguidas pra jantar...
Passa as mãos no rosto e abana a cabeça com força.
- Eduardo, nunca ninguém me convidou pra jantar sem...
Ajeita-se na cadeira e debruça-se na mesa, e fixa os olhos nos meus.
- Sabe? Quando você disse que nunca tinha jantado com uma mulher, eu duvidei. Duvidei mesmo. Mas, agora, não duvido. Não duvido mesmo.
Recosta-se na cadeira e fixa os olhos nos meus, e eu sei que, da forma como me olha, não espera mais que eu responda. Espera que eu faça. Por um momento ainda penso em perguntar o quê, mas não pergunto. Aquele olhar diz tudo. Andréa quer que eu faça, não que lhe pergunte. Só que eu não sei o que ela quer ou espera que eu faça.
Há três noites não entro nos cinemas, não assisto mais filmes no meu quarto, nem ando mais pelas ruas imaginando os seios das mulheres sem sutiã, e tenho certeza que, se puder continuar, tudo terminará. Mas de nada vale ter certeza. Se não fizer, agora, o que Andréa espera que eu faça, ela vai levantar e vai embora. E quanto mais penso nisto, menos sei o que fazer, e a minha garganta aperta e as minhas mãos tremem e os ouvidos começam a zumbir, e um trovão estoura e a chuva desaba e molha tudo. O pessoal das outras mesas levanta-se e corre para o alpendre, e eu sorrio, aliviado. Pelo menos, neste momento, não preciso fazer nada.
Levanto-me e chamo Andréa, mas ela não se mexe, nem me olha. Tem a blusa colada no corpo e o cabelo encharcado, e parece nem sentir. Uma lufada de vento tomba a garrafa e a cerveja entorna na toalha. Andréa fecha os olhos e deixa a água escorrer pelo rosto. Um trovão estoura por cima de nós e a chuva varre tudo, tocada pelo vento. Os pingos repicam nas tábuas do parapeito e Andréa levanta os braços e abre as mãos, e a água escorre pelo pescoço e pelos ombros e entra no decote. Deixo a chuva cair. Já estou bem e estou calmo, e a chuva não importa. O importante foi Andréa não ter levantado e ido embora.
O temporal alagou tudo, mas durou pouco. Do mesmo modo que começou, terminou. Um trovão ecoou ao longe e o vento parou, e a chuva deixou de cair. No silêncio que ficou, Andréa, imóvel, parece uma visão. O cabelo e a blusa colam-se na pele e a água ainda escorre pelo corpo, e aquela imobilidade petrificada me fascina. É como se ela pertencesse a outra dimensão. Passa-se algum tempo e os garçons começam limpando a varanda, e um deles pára junto da mesa. Peço a conta e chamo Andréa.
- Vamos. Você vai resfriar.
- Resfrio, não, bobo. Sou filha de Iansã.
Olha os garçons arrumando as mesas e as cadeiras, e pega nas minhas mãos.
- Sabe onde eu tava? Num campo, a cavalo.
A roupa está fria e colada no corpo e incomoda-me, mas Andréa segura as minhas mãos e não me deixa mexer.
- Adoro cavalos. Adoro mesmo. Você me leva num lugar que tem cavalos?
- Levo. Mas, agora, vamos.
Andréa levanta-se e abraça-me, e o garçom traz a conta. Levo Andréa para o carro e sigo pelo caminho mais rápido, Avenida Getúlio Vargas e Avenida Afonso Pena. A roupa fria me incomoda e quero tirá-la o mais rápido que puder. Entro na Rua Bambuí e dobro a esquina da Rua Vitório Marçola.
- Pára aqui.
Encosto o carro no meio-fio, sem desligar o motor. Andréa tem as mãos cruzadas no colo e olha-me. A Rua Ramalhete fica a menos de cem metros e o edifício onde ela mora é logo depois da esquina. Olho a ladeira deserta e mal iluminada, e tento imaginar por que Andréa quis parar ali, e sinto a mão dela acariciar a minha nuca. Olho-a e ela sorri, e estende a outra mão e puxa a minha cabeça contra os seios.
- Te quero muito, viu?
É a primeira vez que diz isto e a minha garganta aperta e mal consigo respirar. A seda da blusa está colada na minha pele e, não sei por quê, sinto uma vontade enorme de chorar. Andréa passa a mão no meu cabelo e encosta os lábios no meu ouvido.
- Você é um bobo, sabe? Mas eu te quero muito. Muito mesmo, viu?
Afasta-se e olha-me durante alguns instantes, e espalma as mãos sobre os seios. Fica assim algum tempo e fecha os olhos, e, depois, abre o primeiro botão da blusa. Abre todos os botões e abraça-me, e aperta o corpo contra o meu. A roupa continua fria e colada no corpo e a garganta dói e os ouvidos zumbem, mas já nada me incomoda. Se morresse agora, nem saberia que morria. Nem me importaria, se soubesse. Agora, estou como sempre quis estar. Sentindo Andréa junto de mim e olhando os seios dela.
Eram dez e quinze quando passei na Recepção. Uma das bombas parou de madrugada e faltou água quente em alguns apartamentos. O operador da caldeira chamou-me às cinco horas e o chefe da Manutenção chegou às cinco e meia. O motor tinha queimado e a bomba precisava ser trocada. Às sete e meia a troca estava feita, mas alguns hóspedes reclamaram e um antecipou a saída. Tomei café e fiz a visita aos setores, e, como sempre, terminei na Recepção. O Sr. Ferraz conversava com um hóspede e foi Andréa que me atendeu.
- Bom dia, Sr. Eduardo. Aqui na Recepção, sem problemas. Só dois hóspedes pediram pra trocar de apartamento e um não quis ficar no hotel. O resto...
Sorriu e ajeitou o cabelo e debruçou-se no balcão, e os seios apareceram no decote.
- O resto, tá tudo bem.
O Sr. Ferraz terminou a conversa com o hóspede e veio cumprimentar-me. Conversamos sobre o acidente e a saída do hóspede insatisfeito, e subi para a minha sala. D. Beth esperava-me com um chá de camomila e disse que seria melhor deitar um pouco. Não era normal levantar às cinco horas e continuar sem dormir. Tomei o chá e D. Beth saiu com a bandeja. Acendi um cigarro e recostei-me na cadeira. Tinha valido a pena o acidente. Sem ele os seios de Andréa não teriam aparecido no decote. Apaguei o cigarro e estava pensando seguir a sugestão de D. Beth, quando tocou a campainha do ramal.
- Alô?
- Oi. Sou eu. Me pega às cinco e meia.
- Às...
- Agora não dá pra falar. O balcão tá muito cheio. Mas vai ser uma surpresa, viu?
Andréa desligou e eu fiquei com o fone na mão, espantado. Nunca tinha pedido para pegá-la tão cedo. Mas, se ia ser uma surpresa, melhor ainda. Subi para o apartamento, feliz com a idéia da surpresa, e dormi até ao meio dia.
Quando cheguei na porta do edifício Andréa já me esperava na calçada. E vestida de uma forma como se quisesse, realmente, fazer-me uma surpresa. Blusa de seda branca, bem decotada, e calça vermelha de jeans, e uma bolsa com a alça passada pelo ombro. Mal parei ela correu e entrou no carro.
- Vamos. Já tamos atrasados.
Dobrei a esquina, sorrindo. Era bom Andréa estar assim. Quanto mais satisfeita estivesse mais satisfeito, também, eu ficaria. Acelerei e Andréa voltou-se e olhou a rua.
- Tá indo pra onde?
- Prá Casa dos Contos.
- E quem disse que eu quero ir prá Casa dos Contos?
O tom da voz me espantou tanto que meti o pé no freio.
- Mas a gente...
Andréa não respondeu, nem me olhou, e um carro buzinou atrás de nós.
- Você não quer ir prá Casa dos Contos, não?
Andréa continuou sem me olhar e o carro buzinou outra vez.
- Diz pra onde, então.
- Vai. Vai pra onde você quiser.
Pela primeira vez entramos na Casa dos Contos separados. Eu na frente e Andréa atrás de mim. Sentamos na varanda, como sempre, mas Andréa não falava e também não me olhava.
- Quer tomar o quê?
Andréa encolheu os ombros e olhou o relógio, sem responder. Chamei um garçom e pedi uma cerveja e um conhaque, e acendi um cigarro. Andréa continuava calada, olhando a rua. Também não falei nada. Quando chegasse a hora, tinha certeza, ela falaria. Ainda mais hoje, depois de ter dito que me faria uma surpresa.
O garçom trouxe as bebidas e Andréa continuou calada. Joguei o cigarro na calçada e ia pedir um tira-gosto, quando ela me olhou e perguntou, Eduardo, quê que você tá querendo, afinal? Depois, veio a chuva e saímos, e, agora, estamos aqui. E estou feliz. Ainda não sei qual era a surpresa, nem o que Andréa queria que eu fizesse, mas ela fez o que eu mais desejava e nunca tivera coragem de pedir. Mostrou os seios. Por isso, estou feliz. A minha cara está colada neles e, neste momento, nem lembro mais de morrer. E mesmo que lembrasse não morreria. Estou feliz e ninguém morre feliz.
Andréa afasta-me e beija-me e espalma as minhas mãos sobre os seios, e os meus dedos enterram-se na carne. Andréa aperta o corpo contra o meu e beija o meu ouvido, e a respiração quente espalha-se pelo pescoço e pela nuca, e os ouvidos zumbem e a cabeça parece explodir. Quer? Não sei se é Andréa que diz quer ou se sou eu que entendo quer. A voz é sussurrada e é rouca, e o zumbido dos ouvidos é mais forte. Pego os seios e uno-os, e eles sobram no sutiã. Enterro a cara no meio deles e, de repente, tudo parece rodar à minha volta. Milhões de besouros cavoucam nos ouvidos e quase não posso respirar, e Andréa contorce o corpo e geme, e o meu sexo começa a latejar. Sem pensar no que faço, puxo o sutiã e os seios ficam nus. Grandes, cheios, muito brancos e redondos. Como eu sempre quis que eles fossem. Mas nem tenho tempo de pegá-los. Quando levanto as mãos a nuca estala e a cabeça estoura e o sexo explode, e os olhos apagam e mergulham em milhões de fagulhas coloridas. Não sei quando Andréa saiu do carro, nem quanto tempo fiquei assim. Mas, quando pude abrir os olhos, estava deitado no assento e estava só e o motor do carro estava desligado, e a braguilha estava aberta e a calça estava úmida.
Sorrio, feliz, e fecho os olhos, e os seios de Andréa estão outra vez na minha frente. Estão soltos e abanam e Andréa debruça-se e roça-os na minha cara e eu pego-os e enterro a cara neles, e a nuca estala outra vez e a cabeça estoura e o sexo explode e os olhos apagam e mergulham em milhões de fagulhas coloridas, e eu estou bem e estou calmo, e sou o homem que quero ser.
Ela está parada na calçada, junto do meio-fio, e olha a entrada da Casa dos Contos como se tivesse acabado de sair e estivesse arrependida, ou estivesse esperando alguém e também estivesse arrependida. Choveu no fim da tarde, mas o ar já está outra vez quente e abafado, e ela usa uma blusa de seda branca, decotada, e calça vermelha de jeans, e uma bolsa com a alça passada pelo ombro. Paro e ela tira um maço de Marlboro da bolsa e pega um cigarro. Aproximo-me e acendo o isqueiro. Ela sorri e debruça-se sobre a chama e os seios aparecem no decote. Grandes e cheios, como pareciam ser, vistos de longe. Não usa batom ou qualquer outra maquiagem e não parece ter mais de vinte anos, e o cabelo é liso, muito comprido e cor de cobre, e cai-lhe sobre os ombros como um véu.
- Obrigada.
Guardo o isqueiro e aponto a entrada.
- Não vai entrar, não?
Ela puxa uma tragada e solta o fumo devagar.
- Ainda tou pensando.
Um táxi pára e duas moças saltam, e uma delas cumprimenta-me. É atriz de teatro e trabalhou na minha última peça.
- Viu a peça do Elvécio? Depois, eu quero falar com você sobre, tá? Não gostei muito, não, viu?
- Ok.
As moças entram e ela encosta-se num carro parado junto do meio-fio.
- Você mexe com teatro?
- Escrevo.
Ela olha-me durante alguns instantes e puxa uma tragada.
- Como é seu nome mesmo?
- Eduardo.
- Eduardo da Cunha Júnior?
- Hum, hum.
- Então, já vi uma peça sua.
- Qual?
- Cor Local. É muito triste. Mas adorei. Adorei mesmo.
- Ainda bem que você adorou. Assim, já nos conhecemos.
Ela ri e estende a mão.
- Ok. Meu nome é Walkiria. Com W e com K.
- Por quê com W e com K?
- Guerreira do Walhalá, o paraíso dos heróis.
Puxa uma tragada e joga o cigarro no chão e desencosta-se do carro. Olha-me e cruza os braços, e os seios saltam do decote. Ela nota o meu olhar e sorri e aperta mais os braços, e os seios parecem vir ao meu encontro. Engulo em seco e pigarreio, e as palavras saem da garganta.
- Inês de Castro.
Ela ri.
- Inês de Castro? Quê que...
- Dizem os cronistas que ela tinha os seios mais lindos de Portugal.
- E português se amarra em seios, é?
- Condição sine qua non.
Ela balança a cabeça e ri às gargalhadas. Olho o cabelo ondular pelo rosto e imagino-o espalhado num lençol, e um desejo enorme de pegá-lo faz tremer as minhas mãos. Ela pára de rir e joga o cabelo pelos ombros.
- Ok. Quando me falam em latim, pra mim é lei.
Encosta-se no carro e ajeita a alça da bolsa no ombro.
- Mas com Z.
- Por quê com Z? Inês...
- Eu gosto de coisas diferentes.
Desencosta-se do carro e olha a rua. Um casal abraça-se e beija-se na outra calçada, encostado numa árvore. O homem, com um braço por cima dos ombros da mulher e a mão enfiada no decote, e uma perna entre as pernas dela. A mulher, com a cabeça encostada na árvore as mãos fincadas nas costas do homem, e as pernas apertando a perna dele. Inêz de Castro olha os corpos enroscados e aperta os braços contra o peito. Olho o perfil dos seios e um calor sobe pelas virilhas. Quero ver aqueles seios. Tenho que ver aqueles seios. Inêz de Castro fecha os olhos e aperta mais os braços, e os seios saltam do decote. Engulo em seco e cerro os punhos, e o sexo começa a latejar. Tenho que ver aqueles seios. Nus, abanando na minha frente.
Inêz de Castro estremece e o corpo parece balançar, e, de repente, começa a coçar o peito, por baixo do seio direito. Coça com tanta força, que a blusa amarfanha e sai das calças e o seio salta do sutiã. O gesto espanta-me, mas deixo que continue. Não posso perder a visão daquele seio. De repente, Inêz de Castro pára de coçar e olha a calçada, do outro lado da rua. O casal continua abraçado, indiferente a quem passa e a quem olha. Inêz de Castro acende um cigarro e puxa algumas tragadas, profundas e seguidas, e mantém os olhos fixos nos gestos do casal.
- A vida da gente é muito estranha. Ou a gente faz e se arrepende, ou a gente não faz e se arrepende do mesmo jeito.
Não respondo, não sei o que responder, como também não soube responder quando Andréa saiu da minha sala, e ela joga o cigarro no chão, num gesto brusco, e aproxima-se.
- Cadê seu carro?
Aponto o meio-fio, do outro lado da rua, e ela agarra a minha mão e arrasta-me. Entramos no carro e ela senta-se e joga a bolsa no banco traseiro, e espalma a mão na minha coxa. Piso no acelerador e os pneus cantam no asfalto. Subo a Rua Rio Grande do Norte e entro na Avenida Nossa Senhora do Carmo, e sigo reto. Passo pelo Shopping e, depois da curva, aparecem os motéis. Paro na porta do primeiro e entramos, e Inêz de Castro joga a bolsa no chão e tira a minha camisa e a blusa, e abraça-me. Olho os seios, esmagados no meu peito, e enterro a cara no meio deles, e Inêz de Castro crava as unhas nas minhas costas. Abro o colchete e tiro o sutiã, e os seios ficam nus. Grandes, cheios, muito brancos e redondos. Como eu queria que eles fossem. Levanto-os e abano-os, e uma fisgada estala na nuca e o sexo parece explodir. Inêz de Castro tira a minha roupa e despe-se e arrasta-me para a cama, e pega o meu sexo com a boca. Os seios parecem gelatina e abanam a cada movimento, e Inêz de Castro deita-se e abre as pernas, e empurra a minha cabeça para baixo. Enfio a língua por entre os pêlos emaranhados e Inêz de Castro geme e aperta a minha cabeça com as coxas. A saliva escorre e um cheiro acre entra pelas narinas, e o meu sexo dói, de tão intumescido. Inêz de Castro puxa-me e ajeita-se, e guia o meu sexo com a mão. Penetro-a com força e ela geme e aperta os braços contra o corpo, e os seios unem-se e saltam ao meu encontro. Beijo-os e Inêz de Castro enrosca as pernas nas minhas e crava as unhas nas minhas costas e diz mete, mete, mete tudo, e eu enfio com força e acelero os movimentos, e ela grita, não pára, não pára, não pára, não, e empurra o corpo contra o meu e rasga as minhas costas com as unhas, e eu sinto a primeira convulsão e olho os seios, e eles estão cobertos de espuma e ela não tem mais rosto, nem cabelo. Está morta. |