Cunha de Leiradella

QUE PAÍS É ESTE?

Dizem os galenos financeiros que o euro tem batido recordes. De baixaria, diz o meu compadre Zé das Couves. Pois então? Não diz quem sabe coisas e loisas que o euro, em Maio de 2010, chegou às beiradas de Abril de 2006, homessa!?!

Concedo que o meu compadre está longe de ser um analista fiduciário. O mais perto que já chegou foi a cinquenta e tal quilómetros de ver o papa Bento XVI. Foi atropelado nas Taipas, quando ia ao Porto assistir a missa campal na Avenida dos Aliados. Mas o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, embora não conheça o meu compadre Zé das Couves, também está com ele e não abre, preocupadíssimo com a velocidade da queda da moeda única. Isto sem falar na galenagem financeira, perguntando a Deus e ao mundo se a moeda europeia sobreviverá a esta crise.

Já o compadre do meu compadre, o compadre Quim dos Nabos, o mais competente e entendido comentarista em genéricos, sejam eles remédios, futebóis, políticas ou programas de televisão, do alto da sua sabedoria de ouvinte profissional das justificativas do aumentos dos impostos, dadas à nação pelo secretário-geral do PS, actual primeiro-ministro, e pelo presidente do PSD, putativo primeiro-ministro de um futuro Portugal, cofia os bigodes e assegura, confiante: se fossem duas moedas não cairiam mais depressa? Era só uma puxar a outra e ia tudo raso, caraças!

Mas tudo isto é apenas uma sardinhita assada diante da euforia que avassalou Lisboa & arredores. Leia-se Portugal inteiro, do lugar de São Gregório, em Melgaço, ao Cabo de Santa Maria, lá em Faro.

No passado dia 21 de Maio, Portugal, se não deu outros novos mundos ao mundo, acabou, pelo menos, com a baixa auto estima da galáxia portuguesa: começou o Rock in Rio-Lisboa 2010. Foram cinco dias de rega-bofe para Catão nenhum botar defeito. A 58 euros por dia, por pessoa, salvaram-se a honra e a economia nacionais. Se os galenos financeiros, Jean-Claude Juncker à côté, viessem a Lisboa dançar o solidó e cantar o tiro-liro-liro com aquele sotaque de pigarro marado à la cannabis sativa, vulgo charrinho, será que Bruxelas ainda proibiria o TGV e os outros sorvedouros do nosso rico dinheirinho? Duvido!

Dizia a propaganda que o Rock In Rio-Lisboa “é um veículo de comunicação de emoções e causas”, e de efeitos do caraças, acrescenta o meu compadre Zé das Couves. Mas uma coisa é certa. O Rock in Rio-Lisboa 2010 fez pela juventude o que nunca nenhuma escola tinha feito. Ensinou-a a “tocar instrumentos como bidons, latas, garrafas, djambés ou tambores pow-how”. Quem o disse não fui eu, não foi o meu compadre Zé das Couves, nem foi o mea culpa dos primeiros-ministros, um de facto e o outro putativo. Quem o disse foi a comunicação social do evento. O que já não é, nem nunca foi, coisa pouca.

Dizem por aí que cada português, para Portugal sair da crise, tem que pagar mais 100 euros de impostos até o final do ano. Não senhor! Tem é que receber 190! Se já pagou 290 para a gasolina do tal “veículo de comunicação de emoções e causas” (5 dias x 58 = 290), tem mais é que receber. Receber, sim senhor, mesmo que a emoção das desculpas dadas à nação pelo governo e assemelhados redobre os decibéis da barulhada e faça chorar até as pedras da calçada. Ou isto já virou casa da mãe Joana, hã!?!

Só que, de emoção em emoção e de causa correlata em causa correlata, lá caminhamos nós, alegremente, para a porta do cemitério. Mas, pensando bem, estamos no caminho certo. Se ninguém cá fica para a semente, fazer o quê, senão aprender a “tocar instrumentos como bidons, latas, garrafas, djambés ou tambores pow-how”, hã?

Depois da visita do papa, a visita do rock e fim. Estamos, realmente, visitados como manda a sapatilha.



Cunha de Leiradella

Cunha de Leiradella
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