Jornadeando em jardinagem: Joana Sobreiro

 

 

 

 

 

 

PAULO JORGE BRITO E ABREU


«É falso dizer: Eu penso. Dever-se-ia antes dizer: Eu sou pensado.»
Arthur Rimbaud

 

I, LIMIAR

Falante e aflante é esta minha oblata. O vaticínio é Vate e o Vate, Vaticano. E mais do que o comunicar, eu anelo o comungar. E dirijo-me, aqui, à comunidade letrada da cidade templária, à cultura, nabantina, do século XXI. É que, no livro de estreia de Joana Sobreiro (Lisboa, 30/ 11/ 1983), ela vai ao encontro da Alquimia do Verbo. E ponderemos ora pois: o deus Hermes, que ela simboliza, ele veramente religa, ele faz a ligação entre o Céu e a terra. A terra à qual permanecemos fiéis. Que ao deus Mercúrio, correspondem, ou respondem, dous ministérios: o hermetismo, por um lado, e a hermenêutica, por outro. Lida-se, neste livro, com uma sápida ciência – mas se lida, a par disso, com uma preste consciência. Sendo, aqui, a «connaissance», o alor e o natal, o nascer em conjunto, a ciência partilhada no Santo, Santo Espírito. É que o Espírito é o Sopro, o Sopro é Ru’ah, o falante é aflante e o Sopro é o Pneuma. Filosofia, por isso, ela é, por um lado, a Amizade e Amor, ela é, de facto e de feito, o fulgor e a flama da Sabedoria. Só se ama aquilo que se conhece, e só se conhece, deveras, aquilo que se ama. Sendo, o livro da Joana, o filosófico exercício pra atingirmos o Self. Ou seja: desde o Chacra da Raiz até ao Chacra Coronal, campeia, na campanha, a serpente «Kundalini». Sendo o que está no alto, similar ou semelhante àquilo que está em baixo, e «nomina numina» diremos nós ora. É que o reino, aqui, é do Nume e é do lume, e o livro lauto, ele aquilata, o «Mysterium Tremendum». Quanto, aqui, ao racionalismo, ora basta e ora bonda. Pascal ( Clermont-Ferrand, 19/ 06/ 1623 – Paris, 19/ 08/ 1662 ) o afirmou, e duma vez por todas: «O coração tem razões que a razão desconhece». Esse é «O Erro de Descartes» ( 1994 ) ao qual se referia, no lance, o António Damásio ( Lisboa, 25/ 02/ 1944 ); pra além da razão, o homem é, também, o sentimento e coração.  Ou melhor: depós o Cartesius (La Haye en Touraine, 31/ 03/ 1596 – Estocolmo, 11/ 02/ 1650), foi preciso esperar por Freud (Freiberg, Morávia, 06/ 05/ 1856 – Londres, 23/ 09/ 1939) pra que o sonho, e a fantasia, os seus direitos readquirissem. Se «O Discurso do Método» foi publicado em 1637, foi dado a lume, a «Interpretação dos Sonhos», em 1899; durante 262 anos, o homem viveu oprimido, subjugado e maniatado, e se pedia, nesse ínterim, camisa-de-forças para a imaginação. E revertendo, agora, ao nosso «topos»: em tópico e típico da História literária, se atente num título de Camilo Castelo Branco (Lisboa, 16/ 03/ 1825 – São Miguel de Seide, 01/ 06/ 1890 ): «Coração, Cabeça e Estômago» foi dado à estampa, lilial, em 1862. Por isso partiremos da Filologia pra subirmos, selectamente, à Filosofia: a correlação, ou ligação, entre a palavra e o sémen está patente, ou presente, no Evangelho de São Lucas: «Semen est Verbum Dei», (Lc. 8: 11),  a semente, por isso, é Palavra, e a Palavra é o prândio. Ou, se preferires, o germinal, ou genial, é o preste genital. Que me releve, aqui, o ledor: para forjar o «Magnum opus» é preciso, e precioso, erotizar as palavras, e muitas vezes o supino ele é devido, segundo o Freud, à sublimação. Quanto ao mais, Gautama Buda, citado por Joana, ele tinha, dessarte, toda a razão: «Tornamo-nos naquilo onde colocamos a nossa atenção». Em termos camonianos, «Transforma-se o amador na cousa amada, / Por virtude do muito imaginar», e se temos, em Janet ( Paris, 30/ 05/ 1859 – Paris, 24/ 02/ 1947 ), o «rapport», lobrigamos, em Freud ( Freiberg, Morávia, 06/ 05/ 1856 – Londres, 23/ 09/ 1939 ), o «transfert», e compreendemos, empaticamente, em Carl Rogers ( Oak Park, Illinois, 08/ 01/ 1902 – La Jolla, Califórnia, 04/ 02/ 1987 ), a abordagem, ou viagem, centrada no cliente. A Psicologia, deveras, não directiva. E nominemos, no lai, o livro e a lavra: «Habitar-me na Triunidade do Ser, 3 Cérebros Inteligências Mentes»: tal como o corpo, é, a linguagem, a casa e o lar da humana «persona»; e, no Hierodrama, Joana Sobreiro é personalidade. É que se gera, o filho do homem, entre as urinas e as fezes: do inferno, ou inferior, até ao acme, ou superior, o cérebro que sente, ou intestino, envia mensagens ao cérebro que pensa, ou cortical: sintamos, infrenes, com a infra-estrutura, e caminhemos, todos juntos, até à Logoterapia.

 

 II, PROVERBIAL

Uma estésica insistência na Verdade do Ser: é tal o livre, e a lavra, da Joana Sobreiro (Lisboa, 30/ 11/ 1983). E se o «mindless», de feito, é qual a charla e charlatão, é, o «mindful», a plenitude de sentido, a autenticidade da nossa existência. Que acerta dessarte, asserta, certeira, a Joana Sobreiro: «No que toca ao coração, aprendemos que este é propriedade e é narrado por artistas, poetas, escritores, músicos e espiritualistas, e fora destes domínios, não o consideramos quando se trata de um discurso ‘sério’». É que, em bíblico discurso, o «coração» é visto como sede da vida emotiva, e também intelectual. Se lê, «verbi gratia», no Deuteronómio, 6: 5: «Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração.» E se assinala, em I Samuel, 16: 7: «O que o homem vê não importa; o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração.» Se lobrigando, ledamente, em Mateus, 5: 8: «Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus.» E ora muito, e muito bem. O lema e emblema para o nosso colóquio poderia ser, então, o seguinte: mente sã, coração terno e corpo puro – e tudo o mais é falace, e evanescente como o cisco. E matutemos, então: à hora mais escura, segue-se a alvorada. E quem acende, nas trevas, uma luz, é sempre o primeiro a dela, e com ela, se beneficiar. Que em boa hora dada a lume, esta lavra que abordamos é convite à Vida Nova, e essa forma de Eubiose, ela há-de ser «meditação». A esse «prana», prumado, e de água primeira, chamamos nós «medicação», sendo, a Autora, qual Hermes Asclépio, a «mediação», medianeira, entre o Céu e a terra. Por via desse lance, ou por via desse laço, há-de ter, em atenção, o psicoterapeuta: ele é, tão-somente, uma Alma humana, lidando e laborando com outra Alma lilial. Ou melhor: se nas palavras de Joana a Medicina é holística, seu razoar, então, é Pansofia, e o todo é muito mais do que a soma das partes. Cotejemos, aqui, com Alfred Adler ( Viena, 07/ 02/ 1870 – Aberdeen, 28/ 05/ 1937 ): numa antítese, desse modo, do pensamento esquizomorfo, Psicologia Individual Comparada quer dizer: é da vida e organismo, é daquele, ou daquela, que não se divide. Que em vera Verdade, e em Verbo verdadeiro, nós somos todos um. A ilusão da separatividade, o facto de nos encararmos como apartados, ou afastados, ele é devido ao Véu de Maya, e é o que se vê, também, na Alegoria da Caverna. Em nótula nitente, foi Alfred Adler quem criou, em 1912, as primeiras consultas psicopedagógicas. Quem deu a lume, em 1930, um livro intitulado «O Sentido da Vida».  E se, como dissemos, o alto e o baixo são ligados, ou liados, ora dêmos mais um passo e divisemos, dessarte: o que está dentro é o que está fora e o que está fora dentro está. Em Budismo Mahayana, «verbi gratia», o rebaixado é soberbo, e é qual vítima o carrasco. Em tópico e típico da Bíblia Sagrada: como o homem imagina em seu coração, assim ele é deveras ( Prov. 23: 7 ). Que lendo este livro, fica ciente o ledor: quem não encontra a Paz adentro de si, é inútil, de feito, é inútil procurá-la fora de si. Ou seguindo e segundo a nossa Escritora: «A distância entre mim e o outro é a mesma distância que eu tenho de mim para mim. Isto significa que a forma como nos relacionamos com os outros e com o mundo à nossa volta é um espelho de como nos relacionamos connosco mesmos.» E é o que se aduz em lauda 117. A talho de foice, citemos adrede Berkeley (Condado de Kilkenny, 12/ 03/ 1685 – Oxford, 14/ 01/ 1753), o Bispo anglicano: «Ser é  ser percebido, ou então perceber». E disserta, nas artes, Arthur Schopenhauer (Danzig, 22/ 02/ 1788 – Frankfurt, 21/ 09/ 1860): «O mundo é a minha representação». Sendo, etimologicamente, a mente, aquela que mede e aquela que mensura. E sendo pois, o mental, como os óculos, ou «spectacles», com que assistes, e aferes, o espectáculo do mundo: se as lentes forem azulinas, te alevantas ao celeste, mas se as lentes forem negras, tudo vês tu cor da morte. E uma vez aqui chegado, pergunta o ledor: quem é, afinal, Joana Sobreiro??? E a resposta impõe-se plena: é mensageira, ou emissária, da espiritualidade. Ela emite, ela remete, ela está, aqui, em missão. E nomeia, providente, o sacral e o sagrado da humana pessoa. Para ela é como o foi, de feito, pra Mircea Eliade ( Bucareste, 09/ 03/ 1907 – Chicago, 22/ 04/ 1986 ), a sua vida é moldada, plasmada, deveras, por a dimensão do sagrado. Nos informa de facto o Freud: «A Psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor.» É faxina, desse modo, da mente, ela é moral desinfecção. Porque é, sobremaneira, uma cura por a palavra. Pois «Psicologia», etimologicamente, ela é, de feito, uma «fala da Alma». A conquista do Self, amiúde, é ajudar o cliente a tornar-se pessoa, a humana pessoa é filha de Deus. Da Autoria, curial, de Carl Rogers, surde e surge, em 1961, «On Becoming a Person», «Tornar-se Pessoa», e é, essa Obra, um clássico, moderno, da Psicologia. Que o homem foi criado, por Deus, pra cultivar a terra, quero eu dizer, para ser criador. Ou melhor: Deus formou o homem para o homem se formar como o filho de Deus, e eis aqui a génese, e eis a sustância do nosso desiderato. E, agora, quanto ao mais: o catalão José de Letamendi ( Barcelona, 11/ 03/ 1828 – Madrid, 06/ 07/ 1897 ), catedrático de Anatomia, foi o Pai da seguinte frase: «O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe.» Cotejemos com o asserto de Heraclito, o Obscuro (Éfeso, c. 540 a. C. – Éfeso, c. 480 a. C.): «O carácter de um homem é o seu destino.» Se equilíbrio, portanto, é a Libra, pensar é pois pesar, pensar é pôr o penso na ferida narcísica: o homem é, de facto, o homem é o fruto dos seus pensamentos, palavras, actos e omissões. E aqui alembro Dostoiévski (Moscovo, 11/ 11/ 1821 – São Petersburgo, 09/ 02/ 1881): Joana acalenta, é protectora e advogada, dos «Humilhados e Ofendidos» ( 1861 ). Quero eu dizer: o «homo mechanicus», em Joana Sobreiro, ele cede a voz, e a vez, ao homem, dessarte, da misericórdia. «Misericórdia» significa: coração para o maldito, e para o mesto ou miserável. Remembremos Carl Rogers: trata-se, aqui, de uma enfática, empática, compreensão, isso é, o prendermos, o dolente, no encanto e de encontro ao nosso coração. Ouçamos, então, a nossa Autora, em a lauda 74: «Tal como o cérebro da cabeça, o cérebro do coração é um poderoso gerador e receptor electromagnético. O campo electromagnético do coração é 60 vezes maior em amplitude que a cabeça e a sua componente magnética é, aproximadamente, 5 mil vezes mais forte.» E alembro os primórdios da escola, gaulesa, da psicoterapia, como sejam, Hippolyte Bernheim  (Mulhouse, 17/ 04/ 1840 – Paris, 02/ 02/ 1919) e o Marquês Armand de Puységur ( Paris, 01/ 03/ 1751 – Castelo de Buzancy, Buzancy, 01/ 08/ 1825 ). É força, aqui, é força dizê-lo: um homem que antecipou, de forma genial, a amada Psicanálise, ele foi o Abade, luso-goês, José Custódio de Faria ( Goa, Candolim, 30 ou 31/ 05/ 1756 – Paris, 20/ 09/ 1819),  é este, pelo menos, o parecer, judicativo, do Professor Egas Moniz ( Avanca, Estarreja, 29/ 11/ 1874 – São Sebastião da Pedreira, Lisboa, 13/ 12/ 1955 ). O grande Egas Moniz, o laureado, a 27 de Outubro de 1949, com o Prémio Nobel da Medicina. A propósito, agora, da «Katharsis»: essa é palavra proveniente dos Mistérios e popularizada, adrede, por o preste Estagirita. Quiçá o vocábulo tenha sido tomado por Aristóteles ( Estagira, 384 a. C. – Atenas, 322 a. C. ) a seu Pai, que era médico, e transposta, por ele, da purificação do corpo para a purificação da Alma. Adunemos, então, Aristóteles ao Freud e teremos então a purga, nós teremos o afã da neurolinguística. Em parentética nota, o Jacques Lacan ( Paris, 13/ 04/ 1901 – Paris, 09/ 09/ 1981 ) denominava, Freud, de linguista, deveras; é que o sonho se organiza segundo as metáforas, e prestes metonímias. Inda não há muito tempo nós versávamos, no Poeta João Belo (Cebolais de Cima, 25/ 06/ 1959), o projecto qual parábola, a Poesia como a forma de evacuação. É que toda a Poesia é catártica deveras. Ou seja, ao avocar à consciência os estados afectivos recalcados, ao liberar, alfim, o censurado ou o Isso, o doente atinge, dessarte, uma purificação. Ora eis o que pensava, de facto, o Estagirita: na tragédia grega, a representação das paixões, por o temor e a piedade que elas inspiram, permite, ao espectador, se liberar do seu «pathos», e sair, do teatro, purificado. E esse foi o passo dado, giganticamente, por Jacob Levy Moreno ( Bucareste, 18/ 05/ 1889 – Beacon, 14/ 05/ 1974 ); seu psicodrama, afinal, é uma liberação dos conflitos interiores através, ou por meio, da representação dramática, e eis aqui a oblata, e eis aqui na obra uma ab-reacção. Este homem genial, generoso e germinal, e referimo-nos a Moreno, pediu que, em sua sepultura, fossem gravadas as seguintes palavras: «Aqui jaz aquele que abriu as portas da Psiquiatria à alegria.» «O homem fala», diz Lacan (Paris, 13/ 04/ 1901 – Paris, 09/ 09/ 1981), «mas é porque o símbolo o tornou homem.» O «pathos», desse modo, é falante, é cura, dessarte, a palavra, e a Psicanálise é a liga, e o desejo se humaniza através da linguagem. E aqui acareamos o jogo e não o jugo; uma Arterapia é sempre, na «imago», uma Ludoterapia. É um pôr-se por isso em obra da solerte imitação, quero eu dizer, duma mitificação. Que leva, o espectador, a assimilar, a identificar-se com a «persona», ou personagem, do sociodrama ritual. Nesse mito ou mistério, a magia é mancia, o encantamento mântico é encantamento mítico. Ou melhor: o jogral é o jogo e o carme é o charme. E no ludo, por isso, eu imagino, e nada mais pedimos à Joana Sobreiro

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III, COLOQUIAL

Concordamos, do cor, com Viktor Frankl ( Viena, 26/ 03/ 1905 – Viena, 02/ 09/ 1997 ) e Alfred Adler ( Viena, 07/ 02/ 1870 – Aberdeen, 28/ 05/ 1937 ): a hereditariedade, o passado e o meio não são determinantes no psiquismo da pessoa, que o homem foi dado, em Natureza, pra se fazer em Liberdade, e no fazendo, fazer-se, dessarte, a si próprio. E era isto que o Sartre ( Paris, 21/ 06/ 1905 – Paris, 15/ 04/ 1980 ) tinha em mente quando dizia que «o homem está condenado a ser livre.» O método, desse modo, de Hippolyte Taine ( Vouziers, Champanha-Ardenas, 21/ 04/ 1828 – Paris, 05/ 03/ 1893 ), da escola positivista, compreendia o ser humano à luz de três factores: o meio ambiente, a raça e o momento histórico. Mas ora bonda, ledor, e ora basta. A  teleologia, no bípede implume, é mais forte que o fatalismo, é mais importante o para quê do que o porquê. Se estás cansado de ser quem és, então muda de papel no teatro do mundo, escreve, no mesmo papel, o teu novo ou novel estilo de vida – e farás, por fim, um papelão. Que um papelão, «verbi gratia», fez Machado de Assis ( Rio de Janeiro, 21/ 06/ 1839 – Rio de Janeiro, 29/ 09/ 1908 ), o Escritor fluminense: de raça mestiça ou mulata, filho de um descendente de negros alforriados, e sem estudos, por isso, regulares, introduziu, ele, o Realismo no Brasil, e foi o primeiro Presidente, eleito por unanimidade, da Academia Brasileira de Letras. E Demóstenes, «verbi gratia», era gago, mas graças, dessarte, a estreme treino, conseguiu superar a sua falta e se volveu, deveras, no maior orador da Grécia antiga. Pra já não falar dos compositores Smetana ( Leitomischl, Boémia Oriental, 02/ 03/ 1824 – Praga, 12/ 05/ 1884 ) e Beethoven ( Bona, baptizado em 17/ 12/ 1770 – Viena, 26/ 03/ 1827 ), que sofriam de hipoacusia, nem, tampouco, de Mozart (Salzburgo, 27/ 01/ 1756 – Viena, 05/ 12/ 1791 ), cujo ouvido presentava sinais de degenerescência. «Ser humano significa sentir-se inferior», dissertava, com «adresse», o Adler, adrede. E pra longe vá o agouro da medicina materialista, ou materialeira: Charles Binet-Sanglé ( Clamecy, 04/ 07/ 1868 – Nice, 14/ 11/ 1941 ), médico militar e psicólogo francês, publicou, em 1908, uma obra intitulada «La Folie de Jésus», «A Loucura de Jesus», e foram, taxativamente, foram quatro volumes de  lixo ou de cisco. Mas revertamos, com justeza, revertamos ao labor de Joana Sobreiro. O sistema nervoso entérico, ou, como sói dizer-se, o cérebro do intestino, ele é, na verdade, a serpe abdominal. A serpente é responsável pelas condutas animais, como sejam, a irritabilidade, a alimentação, a fecundação e a excreção. Essa parte instintiva, ela é afecta, e afeita, ao pensar de Sigmund Freud. Era a ela que o Jung ( Kesswill, Turgóvia, 26/ 07/ 1875 – Kusnacht, Zurique, 06/ 06/ 1961 ) se referia quando assertava dessarte: que o homem civilizado inda arrasta, atrás de si, a cauda, invisível, de um sáurio; essa é a infra-estrutura, esse é o «ça», a pulsão, e esse é o «id». Digamos a verdade: ela é patente, e presente, na Sombra sinistra. A talho de foice, a Joana menciona, em a lauda 70, que o sistema intestinal ele é, selectamente, o cérebro segundo. E eis aqui o papel da prática ou práxis: ao comunicar, o intestino, com a cabeça, ele afecta, dessarte, a sua função. Em platónica, ou tónica, «República», o sistema nervoso entérico corresponde ao ventre, ou concupiscência, ele é próprio da classe dos lavradores ou artesãos. Ele tem, por quididade, a Economia, e está ligado, ou liado, à fecundidade forte. Encontramos, aqui, o simbolismo do dinheiro, que é o estreme esterquilínio, o dinheiro é qual adubo e o esterco da terra. A maquia, aqui, é deus Pluto, e Plutão, no Averno, é a parte infernal. E tanto em soterrâneo como no intelecto, o inferno é a fonte de toda a criação. Passemos, agora, para o sistema nervoso cardíaco. Para os antigos egípcios, era o coração, e não a cabeça, a origem, ou fonte, da sabedoria humanal. Sendo, este órgão, o representante, caroal, das emoções e da memória. Em Língua, aqui, Portugalaica, quando se diz «saber de cor» (o leitor, por favor, que abra o «o»), nos referimos, falantes, à deusa Mnemósine, se significa, o cór, o coração e a coragem, é que a faculdade da memória, para os Antigos, era ligada ao coração. Em a selecta, deveras, e Santa Kabbalah, ligado ao tronco, ou coração, bem fulge o Tiphereth: ele é Beleza, beletrista, é também a compaixão. E assertemos, agora, o preciso e precioso: Tiphereth se relaciona, simbolicamente, com o Sol. É que prima, a classe dos guerreiros, por o ardor e a coragem, ele é a sede do amor, e são os sonhos e valores. Para Saint-Yves d’Alveydre (Paris, 26/ 03/ 1842 – Pau, 05/ 02/ 1909),  é, a Justiça, a quididade, ou qualidade, que responde ao coração. Para Aristóteles (Estagira, 384 a. C. – Atenas, 322 a. C.), outrossim, a sede da Alma reside, e é sita, no músculo cardíaco: e é que os grandes pensadores quase sempre estão de acordo. Que o Sol é o centro do nosso Universo, é o Arcano 19 do Livro de Thoth. E chegamos, agora, ao sistema nervoso central, que é o cérebro da cabeça. Representando o conhecimento, e a sabedoria, ele é o cunho dos magistrados, dos sacerdotes e professores. Foi da magíster, por isso, que eu falei. Foi da Magia, marial, e de Aum Shanti, Maran Atha. Saúde e Saudade, portanto, pra Joana Sobreiro. E Paz na terra para todos os homens……………………….


Tomar, 19/ 05/ 2024

SIC ITUR AD ASTRA

PAULO JORGE BRITO E ABREU