APRESENTAÇÃO

Na sua expressão ideal, o jardim é um microcosmos que abriga um leque de referências de abrangência universal, condensando objectos e sensações que se transfiguram numa dimensão antropológica capaz de ligar a matéria ao espírito, e que é praticamente única na sua exemplaridade.

Objecto multimodal e multisensorial, o jardim, se num primeiro passo nos solicita a vista, logo nos envolve e remete para uma escala simbólica que se percorre com todos os sentidos e emoções. É, por assim dizer, um lugar axial da mediação do humano e da passagem do mundo da natureza ao mundo da cultura.

Tradicionalmente, o jardim era um lugar não apenas de meditação e de leitura, mas também da música, dos jogos e da dança. Ou seja, um espaço privilegiado do exercício e da fruição das artes. Aí escutamos os sons mais diversos, aí saboreamos os frutos, aí aspiramos o cheiro das flores. Mas não há apenas o jardim dos sentidos, pois, histórica e culturalmente, subsistem muitas outras vivências e dimensões. O jardim medieval, ou renascentista e barroco, por exemplo, tem uma intenção emblemática e alegórica muito marcada, oferecendo-se-nos como um grande texto orgânico, ou como uma metáfora espiritual a decifrar.

Texto e lugar de múltiplas experiências, objecto de contemplação e espaço aberto aos diferentes percursos da percepção, teatro de paixões e de representações díspares, o jardim é, sobretudo, a figura da relação de poder entre o homem e a natureza. É um teatro móvel, uma transição e intercâmbio contínuos, da arte à natureza e da natureza à arte. É um vivo: a memória do homem e a memória do mundo.

Na verdade, o que é o jardim, senão o sonho de um paraíso perdido e o ensaio, sempre imperfeito, de o reconstituir – uma memória em ruínas? Se nele se manifesta a vida e a alma do seu criador, também nele se reflecte a nostalgia de um mundo perdido. O mundo é o resultado de uma arte: viver é inventar uma forma. E a arquitectura e construção dos jardins são, no fundo, a síntese vivida da estética com a ética, da poesia com a arquitectura, do espírito criador que inventa com a racionalidade que planeia e modela.

Porque o jardim constitui um sistema aberto de ressonâncias e de interdependências é propósito deste Congresso pensar e analisar as bifurcações temáticas e simbólicas que os jardins evocam, as mediações que propiciam, as formas de vida e representações que, ao longo dos tempos, eles sustentaram (viveiros de formas arquitectónicas irénicas, utópicas, naturalistas, contra-cultura, tecnológicas, urbanísticas, turísticas, patrimoniais, heterotrópicas).

Ao assumir a iniciativa de promover e organizar este Congresso, em parceria científica com prestigiadas instituições universitárias, entendeu a Secretaria Regional do Turismo e Cultura que a Madeira, pelas suas características de paisagem, história e cultura, merecia disponibilizar-se para ser anfitriã de um evento desta dimensão, que prestigia o lugar onde se realiza e as instituições e entidades que o acolhem. De 9 a 12 de Maio de 2007, vão passar por esta Região Autónoma, no âmbito do Congresso dos Jardins, figuras de renome ao nível da investigação universitária e da obra realizada, com trabalho publicado e reconhecido em Portugal e no mundo, nas diferentes áreas temáticas confluentes com o tema do Congresso.

É por isso que esta é mais uma ocasião em que a Região se vai afirmar, também, com uma iniciativa de prestígio, que contribuirá para divulgar o nome da Madeira nos roteiros do turismo cultural.

DIA 10 quinta-feira

CONFERÊNCIA PRINCIPAL - Presidente da mesa: José Eduardo Franco

O Jardim como representação nas utopia(s) ecológica(s)”, Viriato Soromenho Marques (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

2ª SESSÃO

“Jardins maçónicos”, José António Ferrer Benimeli (Universidade de Saragoça / CEHME - Espanha)

“Jardim da Regaleira e o arquétipo da Ilha dos Amores”, João Cruz Alves (Fundação Cultur-Sintra / ESAD - FRESS)

“Jardins jesuíticos: a busca do Edén e outros modelos de jardinaria religiosa”, Javier Delgado Echevarria (Universidade de Saragoça - Espanha)

“Jardins da Rússia”, Maria Kistereva (Universidade de Moscovo - Rússia)

+ DEBATE

[INTERVALO]

3ª SESSÃO - Presidente: Paulo Mendes Pinto

“O Jardim como extensão da “casa-do-estar”, Onésimo Teotónio de Almeida (Universidade de Brown - EUA)

“Jardins do conhecimento e do sentimento: museus ao ar livre”, Holger Höge (Universidade de Oldenburg – Alemanha)

“Jardins, arquitectura e turismo”, Paulo de Assunção (Universidade da Arquidiocese de São Paulo - Brasil)

“Duas políticas, duas naturezas: conquista e governo nos jardins franceses”, Chandra Mukerji (Universidade da Califórnia – EUA)

+ DEBATE

[INTERVALO PARA ALMOÇO]

III. OS JARDINS E A BELEZA: DA ARTE AO PATRIMÓNIO

CONFERÊNCIA PRINCIPAL - Presidente da mesa: Jacinto Jardim

“Jardins asiáticos e representações europeias”, Luís Filipe Barreto (Centro Científico e Cultural de Macau / Universidade de Lisboa)

1ª SESSÃO

“O Jardim: entre a Natureza e a Arte”, Luís Machado de Abreu (Universidade de Aveiro)

“Fábula, história, real e imaginário no jardim barroco”, Ana Paula Correia (Escola Superior de Artes Decorativas da FRESS)

“Azulejos e embrechados nos jardins portugueses dos séculos XVII e XVIII”, José Meco (Escola Superior de Artes Decorativas da FRESS)

+ DEBATE

[INTERVALO]

2ª SESSÃO - Presidente da mesa: Luís Machado de Abreu

“Os Jardins do Iluminismo”, Pedro Calafate (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

“O jardim medieval”, David Pinto Correia (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

“Cenários recreativos para édens recriados”, Roland Delbaere (Ministério da Cultura da Bélgica)

“O real jardim botânico da Ajuda: a obra e os artistas”, Isabel Mayer Mendonça (Escola Superior de Artes Decorativas da FRESS)

“Os jardins e os sentidos”, Marjok Krom (Universidade de Évora)

+ DEBATE

DIA 11 sexta-feira

CONFERÊNCIA PRINCIPAL - Presidente da mesa: Annabela Rita

“Imagem do Jardim na Pintura durante a Idade Moderna”, Vítor Serrão (Instituto de História de Arte – Universidade de Lisboa)

3ª SESSÃO

“A sociologia cultural e artística dos jardins”, Pedro Andrade (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa)

“O Jardim no teatro”, Idalina Resina Rodrigues (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

“O ornamento vegetalista nos têxteis: entre o Oriente e o Ocidente”, Fernanda Pinto Basto (Escola Superior de Artes Decorativas da FRESS)

“A noite liberta as flores: jardins e paraísos na arte contemporânea”, Sandra Leandro (Universidade de Évora)

+ DEBATE

[INTERVALO]

4ª SESSÃO- Presidente da mesa: Nelson Veríssimo

“Os jardins proibidos da poesia”, Teresa Salema (PEN Clube Português)

“Da natureza agreste no último Garret (1843-1854)”, Sérgio Nazar David (Universidade Estadual do Rio de Janeiro - Brasil)

“Jardins Africanos”, Muanamosi Matumona (Universidade Agostinho Neto - Angola)

“Os sentidos do jardim no Japão”, Ana Fernandes Pinto (Universidade Católica Portuguesa)

+ DEBATE

[INTERVALO PARA ALMOÇO]

IV. DO JARDIM AO PARAÍSO: UM IMAGINÁRIO (QUASE) TOTAL

CONFERÊNCIA PRINCIPAL - Presidente da mesa: João Henrique Silva

“Jardins e Cultura”, Eduardo Lourenço (Universidade de Nice/Fundação Calouste Gulbenkian)

1ª SESSÃO

“O jardim inicial”, José Tolentino Mendonça (Universidade Católica Portuguesa)

“Jardins da Babilónia”, Paulo Mendes Pinto (Cátedra de Estudos Sefarditas – Universidade de Lisboa)

“Jardins e florestas dos filósofos”, Mendo de Castro Henriques (Universidade Católica Portuguesa)

“O jardim do paraíso: imagens de uma nostalgia utópica”, Sónia Talhè Azambuja (Universidade do Algarve)

+ DEBATE

[INTERVALO]

2ª SESSÃO- Presidente da mesa: Alberto Vieira

“Jardins na Literatura”, Annabela Rita (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa / CLEPUL)

“O topos clássico e renascentista do jardim: paradigma da utopia”, António Moniz (Universidade Nova de Lisboa)

“O Brasil como habitáculo dos Jardins do Paraíso”, Miguel Real (CLEPUL/Jornal de Letras)

“A metáfora do jardim na literatura ascético-mística da modernidade”, João Francisco Marques (Centro de Estudos Regianos/Universidade do Porto)

“O Jardim ideal dos Ameríndios” , Valmir Muraro (Universidade Federal de Santa Catarina - Brasil)

“Visões do paraíso na cartografia portuguesa do século XVI”, Nuno Milheiro (CLEPUL – Universidade de Lisboa)

+ DEBATE

DIA 12 sábado

CONFERÊNCIA PRINCIPAL - Presidente da mesa: Miguel Real

“Madeira, mito da ilha-jardim”, José Eduardo Franco (CLEPUL – Universidade de Lisboa/ESAD)

3ª SESSÃO

“A representação da Madeira, ilha-jardim, nos manuais dos ensinos básico e secundário”, Ana Leal de Faria (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

“Madeira, ilha-jardim, nas ciências e literatura suecas”, Kjell Jonson (Universidade de Umeä - Suécia)

“A ilha da Madeira, jardim real e imaginário na literatura italiana”, Mariagrazia Russo (Universidade de Viterbo - Itália)

“A ideia de jardim e a Madeira na cultura polaca e eslava”, Beata Cieszynska (Universidade de Lisboa / Centro de Estudos Eslavos – Polónia)

“A Madeira e os seus jardins na literatura Inglesa”, Marie-Luise Egbert (Universidade de Leipzig - Alemanha)

+ DEBATE

[INTERVALO]

CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO - Presidente da mesa: Pedro Andrade

“A Árvore das Palavras”, José Augusto Mourão (Universidade Nova de Lisboa - ISTA)

SESSÃO DE ENCERRAMENTO
Secretário Regional do Turismo e Cultura
Presidente do Congresso – Director da DRAC
Presidente do Centro Científico e Cultural de Macau
Presidente da Comissão Científica do Congresso

ACTIVIDADES SOCIOCULTURAIS
(Programa a estabelecer)