A recepção do Vaticano II
Para tudo há um horizonte de expectativa e um horizonte de decepção.
As dissensões a propósito do Vaticano II não começam apenas quando
se entra na interpretação dos textos. Há a questão da sua aplicação.
O concílio criou grandes expectativas, do mesmo modo que o
pós-concílio trouxe grandes decepções.
É
afirmação corrente que a verdadeira recepção de Vaticano de facto
ainda não começou. Um concílio é, de facto, um acontecimento
extraordinário — um remédio indispensável com, por vezes, efeitos
secundários indesejáveis — e não pode ser confundido com a vida da
própria Igreja.
São
sempre os herdeiros que se pronunciam sobre o legado deixado pelos
outros. Há uma crítica ao Vaticano II que pretende que a torrente da
modernidade terá submergido a escritura, os Padres e a liturgia,
reduzindo-o a um messianismo terrestre.
“Para
que avance, é decisivo encontrar uma garantia espiritual, não apenas
para uma explicação anti-histórico-utópica do concílio, mas também
para uma compreensão criativo-espiritual na unidade viva com a
verdadeira Tradição” (Ratzinger, 1973: 443). |