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A seguir, distinguiu-se em cada uma dessas obras o que foi dito ou escrito pelo seu autor e os acrescentos posteriores. Fez-se esse trabalho de destrinça cada vez mais minuciosa e rigorosa sobretudo em relação ao Proto-Isaías, mas o Deutero-Isaías e o Trito-Isaías não lhe escaparam. Uma vez distinguidos dos acrescentos posteriores, os oráculos tidos como autênticos em cada um dos três ou dois livros de Isaías monopolizaram praticamente a atenção dos exegetas, cujo objectivo era apreender a mensagem das grandes figuras proféticas com a maior precisão possível. Muitos dos resultados da exegese histórico-crítica do livro de Isaías no domínio da crítica literária e da crítica histórica parecem definitivos. É o caso do carácter compósito do livro e da multiplicidade dos intervenientes na sua escrita. Foram raros os exegetas que, desde há meio século, defenderam a posição tradicional relativa à unidade do livro e à sua paternidade isaiana exclusiva. Trata-se em geral de exegetas de língua inglesa, sobretudo americanos (1). Embora estes exegetas façam apelo a alguns elementos unificadores do livro, a sua posição decorre não de uma verdadeira análise do texto, mas de uma atitude fundamentalista em relação à tradição que atribui a Isaías a autoria da totalidade do livro. Todos os exegetas que admitem o estudo crítico estão de acordo para dizer que só há oráculos de Isaías nos cap. 1-39; os cap. 40-55 foram escritos no fim do período babilónico ou ainda mais tarde; os cap. 56-66 foram escritos, total ou parcialmente, no período persa. O mesmo não se pode dizer da hipótese de Duhm relativa aos cap. 56-66. Muitos exegetas contestaram, por razões críticas, a existência de um Trito-Isaías independente. Para uns, os cap. 56-66 são a continuação de Is 40-55 e obra do mesmo autor ou dos mesmos autores (2). Para outros, eles são, total ou parcialmente, um comentário dos cap. 40-55 (3) ou dos cap. 1-55 (4) que nunca teve uma existência independente. Parece ser igualmente definitivo o contributo da exegese histórico-crítica no campo da crítica e da história das formas, graças à descrição bastante rigorosa das numerosas formas literárias utilizadas no livro de Isaías, assim como noutros livros proféticos. O mesmo se pode dizer dos principais aspectos da síntese sobre a mensagem de Isaías e do autor anónimo das partes mais antigas de Is 40-55. Resumindo, a exegese histórico-crítica mostrou que o livro de Isaías é feito de numerosas peças de teor, de origens e de datas diferentes, pondo assim a claro a sua grande complexidade e a sua enorme diversidade. Examinou rigorosamente algumas dessas peças, isto é, os oráculos que reconhece como autênticos. Não há dúvida de que não se poderá voltar a ler o livro de Isaías como antes da exegese histórico-crítica. |
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(1) Entre os mais recentes, por exemplo, O. T. A llis, The Unity of Isaiah: A Study in Prophecy, Philadelphia, 1950 e 1972; R. M argaliouth, The Indivisible Isaiah, New York, 1964; E. J. Y oung, The Book of Isaiah, 3 vol., Grand Rapids, Eerdmans, 1964-1972; J. N. O swalt, The Book of Isaiah. Chapters 1-39 (NICOT), Grand Rapids, Michigan, Eerdmans, 1986, pp. 17-23. (2) Por exemplo, C. C. T orrey, The Second Isaiah, New York, 1928; J. D. S mart, History and Thelogy in Second Isaiah. A Commentary on Isaiah 35. 40-66, London, Epworth, 1967. (3) O. H. S teck, Studien zu Tritojesaja (BZAW 203), Berlin-New York, Walter de Gruyter, 1991, pp. 3-45. (4) J. V ermeylen, « L’unité du livre d’Isaïe », em J. V ermeylen (ed.), The Book of Isaiah. Le livre d’Isaïe. Les oracles et leurs relectures. Unité et complexité de l’ouvrage (BETL 81), Leuven, University Press, 1989, pp. 11-53. |
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