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Os video-jogos e a TV como objecto preferencial de relação de crianças que estão mais ou menos abandonadas (qualquer que seja o extracto social), parece ser contudo o aspecto mais preocupante, pelas consequências para o futuro que tal situação encerra. Falo das situações em que o tempo, a energias destinadas a serem investidas na relação com o(s) outro(s), ou nos jogos que estimulam a imaginação e o conhecimento próprios (também conhecimento do eu físico, acesso a uma imagem integrada do corpo), se quedam nestas formas fisicamente paradas (facto relacionado já com a epidemia de crianças obesas) que proporcionam descarga pulsional eficiente e rápida, mas sem matização e elaboração mental da angústia ou da culpa. Tem sido chamada a atenção para o facto de, diferentemente do que acontece nas lutas reais entre crianças, nos video-jogos se fere e se “mata,” sem o mais leve assomo de culpa, aquela que poderia sobrevir perante a visão do rival caído ou ferido, no chão. Ali, nunca há sangue verdadeiro. Este tipo de agressividade, sem o freio da humanidade do outro, do olhar do outro, induz e favorece sentimentos de omnipotência e arrogância muito particulares, momentos de elação que não serão alheios à propensão adictiva, fomentadora de dependência, também observável em relação a este tipo de jogos, em certo tipo de crianças. |
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