semana de Verão de Teologia. 2007

A Vida e a Restante Vida
 
 
 

Fátima, 27-31 de Agosto

Casa das Irmãs Dominicanas

 
 
 
A Vida e a Restante Vida

“Desnudei o centro da cozinha, sentei-me nesse centro a escrever; o meu móbil é exprimir que há uma vida de que não se fala e não se pressente, e que, no entanto, enche, escondidamente real, o seio da primeira vida.”
(M. G. Llansol, Na Casa de Julho e Agosto)

"Viver em verdade é sofrer por causa da mentira que impede que homem nasça da palavra."
(Denis Vasse)

Haverá um espaço onde não há resignação nem morte, um espaço de vida sob o signo dos afectos, no seu triplo registo: o Belo, o Pensamento e o Vivo? Haverá um lugar onde se exerce a liberdade de consciência (que permite a cada um reconhecer-se direito e ser inteiro?)
(Fr. José Augusto Mourão)

- Severino, retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga.
É difícil defender,
só com palavras, a vida, ainda mais
quando ela é
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva;
e não há melhor resposta
que o espectáculo da vida:
vê-Ia desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.

Morte e vida severina (auto de natal pernambucano)
João Cabral de Melo Neto

 
 

ISTA, Página principal - Cadernos do ISTA - TriploV

ISTA
CONVENTO E CENTRO CULTURAL DOMINICANO
R. JOÃO DE FREITAS BRANCO, 12
1500-359 LISBOA
CONTACTOS:
GERAL: ista@triplov.com