Homossexuais: duas medidas?

 

ANTÓNIO JUSTO


UEFA recusou a Iluminação da Arena do Estádio de Munique
com as Cores do Arco-íris

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, criticou o Presidente da Hungria, Orban, alegando que a lei húngara estigmatiza os homossexuais. Por outro lado, a EU e a imprensa cala quanto ao agir do Emir do Qatar que os lança na prisão.

A crítica contra Orban faz-se sentir muito na Europa; contra o Emir do Qatar, não se ouve nenhum protesto para que o futebol mundial no Qatar não seja perturbado. O negócio não permite criticar o Qatar e por outro lado, a luta parece querer-se cingida à sociedade europeia.

Segundo noticia a imprensa alemã, o Parlamento húngaro aprovou há uma semana uma lei que restringe os direitos de informação dos jovens e crianças sobre a homossexualidade e a transexualidade. “A lei prevê a proibição de livros, filmes e outros conteúdos acessíveis a crianças e jovens em que a sexualidade retratada se afaste da norma heterossexual. Além disso, qualquer tipo de publicidade em que homossexuais ou transsexuais apareçam como parte da normalidade será proibida”.  O governo justifica o pacote legislativo como esforço de proteger o “direito das crianças à sua identidade de género concebida à nascença” (HNA 24.06.2021).

Pelos vistos a opinião pública europeia está a ser envolvida na luta do Género (Gender), também a pretexto do futebol como se houvesse países bons e países maus.

Estranho é o facto do aproveitamento de um jogo de futebol em Munique (Alemanha-Hungria) para se fazer dele um jogo de propaganda política, como se em Munique a Alemanha estivesse a jogar contra uma equipa de anti-homossexuais. Os políticos aproveitam-se oportunisticamente da boleia do futebol e de ONGs para tentar ganhar pontos em partes da população.

A UEFA rejeitou um pedido do lóbi Gay para iluminar a arena do Campeonato Europeu de Munique com as cores do arco-íris (1). O empenho da política pela igualdade pressuporia como consequência lógica o boicote do Campeonato do Mundo no Qatar. Consequentemente teriam de ser questionadas as participações no Campeonato do Mundo e dos Jogos Olímpicos noutros países.

Para não se usar um padrão duplo em futebol, haveria que ser-se consequente e firme, ou ficar-se completamente fora dos assuntos de Estado de outras nações.

O clima já carregado politicamente não deveria ser transportado para o futebol. O Futebol deveria tornar-se num espaço cultural onde, em vez da prática de subornos e de lutas, se passe a substituí-las por jogos. O jogo possibilita a sublimação dos instintos baixos da pessoa e da sociedade. 

Há que criar eventos e formas de jogo social onde os bons ganhem sem desprezarem os outros e sem se considerarem, só eles, os bons da fita. Mais que ser contra algo importa ser-se a favor de algo! Não é justo classificar o outro para o pôr numa gaveta ou num canto qualquer.

Quem se aproveita da arena pública como se ela fosse mero campo de luta não deve esperar compreensão mesmo por parte de pessoas que defendam a sua causa. O lóbi Gay (LGBTIQ) abusa da sua força e deste modo prejudica-se também.

É de questionar uma política que, em vez de unir e integrar os diversos movimentos e interesses sociais, aposta na divisão da sociedade para mais facilmente a dominar. É uma pobreza de espírito usar-se o tema homossexualidade de forma polémica. Deste modo fomenta-se o formar de trincheiras. Cada um deve poder viver a sua sexualidade em paz sem que esta se torne em arma de guerra para dividir ou afirmar-se contra alguém!

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  1. O Arco-íris apropria-se a  simbolizar união, construção de pontes no sentido de uma sociedade  mais justa, tolerância e empatia com todos, indiferentemente  da origem, crença ou género. A tolerância, respeito e solidariedade com diferentes comunidades sejam elas Gay (LGBTIQ) ou não, não justifica que qualquer uma delas se apodere do brilho do Arco-íris para atacar outras comunidades. O decisivo são as virtudes (acções) que as suportam.


António CD Justo

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=6594