Homenagem (poética) a John Lennon

 

PAULO JORGE BRITO E ABREU


( convoco, para a Musa minha, o 3 de Copas Arcano )

 

I

 

Os rapazes sentavam-se na areia, sentavam-se a tocar viola, e todas as raparigas daquela região os sabiam acompanhar ao som das palavras e ao ritmo dos beijos.

Cabelos longos, de mulher sincera. Cabelos verdadeiramente sinceros. Naquela região não havia necessidade de tramas nem de gestos fingidos, ah pois, naquela região não havia doentes mentais. Ali tudo se movia ao seu som do plexo solar, ali tudo era fino e cristalino como a água dum regato. Lembro-me que os pais não ralhavam com os filhos, lembro-me disso recordando os cabelos cor de mogno da mulher que me levou até ao mundo da Anarquia.

 

II

 

Para resolver o binómio, faltava-me ainda a doçura dos teósofos. Para chegar até lá, um sopro de vento na areia movediça, na areia caudalosa um sopro de vento… Muito ao de leve, uma música de Lira. A letras sangrentas, do sangue dos heróis, o nome crucificado da palavra cor de Cristo. Não havia mais nada a fazer naquela re ( li ) gião. Doces de ovos e mel na boca das crianças, uma música de fundo e a palavra do Amor. Os namorados a caminharem de mãos dadas como o futuro, sorrisos leves a pairar até à boca dos oceanos, muito ao de longe esta secura da planície que me criou. Tentem a Paz, meus irmãos, apenas mais uma vez………………


Lisboa, 27/ 01/ 1981

SIC ITUR AD ASTRA

PAULO JORGE BRITO E ABREU

In «Cântico Jovem para a tua Rebelião», 1984.

In «O Livre e a Lavra», 1999.