GUSTAVO DOURADO
Batalha de Fonteneto
No cordel foi retratada
Gênese de Carlos Magno
Narrativas na jornada
Canto dos versos trocaicos
Três por quatro na toada
—
Cordel é gênero antigo
Os salmos abecedários
É desde Santo Agostinho
Língua gen, vocabulários
Poema anti-donatista
Perfectos Dicionários
—
Cordel, corda, coração
Desde o tempo de Trancoso
Nome que tornou-se lenda
Abecê sentencioso
De Gil Vicente a Camões
Ao Nordeste glorioso
—
Relata bois fugitivos
Registros de valentia
Bichos, bodes, vacas, onças
Autos de cidadania
Críticas à corrupção
Invenções, cosmologia—
—
Conta, narra e expressa
Desde os tempos de Nicandro
Vate, mestre, cantador
Do escrete de Leandro
Um “cordeluz” laudatório
Homero, Dante e Lisandro
—
Cordel que narra façanhas
De Lampião, cangaceiro
Histórias dos coronéis
Canudos e Conselheiro
Padim Ciço e Damião
E causos do mundo inteiro
—
Cordel é verso do povo
Consciência universal
Presente em todo o Brasil
Do Nordeste ao Pantanal
Faz análise e critica
Quer um mundo mais igual
—
Cordel reúne linguagens
Imagens, xilogravura
Zé Limeira e Aderaldo
Patativa com ternura
Nos versos do cordelista
O hipertexto em estrutura
—
Cordel pulsa em nossa alma
Flui verve sentimental
Cantiga de nossa gente
Desse povo sem igual
Que luta para mudança
Desse mundo desigual
—
Cordel vem do coração
Aqui chegou via mar
Nas ondas da belonave
No cosmos a navegar
Dos sertões ao Infinito
Singrante em ondas do ar
—
Gramática do cordel
Grã sextilha nos enlaça
Os versos em rimas simples
Hendecassílabo traça
As quadras, das mais antigas
Tercetos, cheios de graça
—
E salve o verso e reverso
Multiversos em ação
O cosmos, a terra, o céu
O solo, a vida e o chão
Sapiência do cordel
Poema em ebulição
—
Maria Bonita, Dadá
No Raso da Catarina
As mulheres no cordel
Paraíba flor menina
Marinês com o seu canto
Caatinga severina
—
Salve o cordel, hoje e sempre
Nas lutas do dia a dia
Tsunamis nas palavras
Escrita em tremeluzia
Universo em multiversos
Nos versos da fantasia
—
O ABC de Vladimir
Segue em frente a jornada
Dito isto, minha gente
Eu vou mudar de toada
Pra falar de um sertanejo
Luminoso camarada
—
ABC de Vladimir Carvalho
Luz cinematografia
Vou de Camões a Cascudo
Augusto dos Anjos, guia
Da Paraíba do Norte
O carbono da magia
—
Aru…anda…Vladimir
Parceiro de Linduarte
Ita.baiano criator
Dínamo da Sétima Arte
Retrata além do Real
Ismo.logus que reparte
—
Betinha do Dr. Cloves
Mestra revolucionária
Nas aulas de Geografia
História da vida diária
Arte no Rio Paraíba
A verve vocabulária
—
Brasília – UnB
Via Fernando Duarte
Cabra Marc pra Morrer
Fortmann, irmão de arte
Vestibular 70, medo
Médici a torturarte
—
Cinema e Literatura
Zé Lins e Graciliano
Dostoiévski – Tolstói
Maiakóvski – Ariano
Vladimir leu de Machado
Ao Grande Sertão Rosiano
—
Conterrâneos de Guerra
Vlad em documentário
Dácia Ibiapina lente
Ás do Perpétuo Lunário
Vladimir visto por Walter
Pulsar do Imaginário
—
Assoc. Brasil. Cineastas
É membro associado
Sempre na linha de frente
Cineasta consagrado
Em diversos festivais
Seu nome foi premiado
—
Bonequinho de O Globo
A Vladimir aplaudiu
O Engenho de Zé Lins
Nota máxima fluiu
Sua obra é destacada
Seu nome repercutiu
—
Cinemat Brasileira
Vladimir é conselheiro
Fund. Cinememória
Holofote…Candeeiro
Fund. Astrojildo Pereira
Presidente timoneiro
—
Antes da inauguração
Chacina monumental
Com os candangos jogados
Nas valas da Capital
Vladimir ouviu o povo
Voz e vez ao social
—
Boi do Teodoro, presença
Atua como conselheiro
Cidadão H. de Brasília
Sua arte é candeeiro
No Festival de Brasília
Vladimir é um luzeiro
—
Cont. Velhos de Guerra
A saga da construção
Visão dos trabalhadores
No planaltino sertão
Massacre dos operários
Péssima Alimentação
—
A irmandade fraterna
Vlad e Walter Carvalho
Parceria solidária
Muito suor e trabalho
Amizade sempiterna:
Não precisa de atalho
—
Brasília, uma constante
O resgate da memória
Filmografia candanga
Conterrâneos da História
Sangue, suor e ação
Verdade na trajetória
—
Cinememória, P. Aberto
Ensaios, diversidade
Pantasmas – Cine e Vídeo
Docs da Realidade
Milit. sociocultural
Voz da Universidade
—
Assistente de Coutinho
Geraldo Sarno, Jabor
UnB na trajetória
Com distinções e dor
Vladimir foi perseguido:
No regime ditador
—
Brasília: A Construção
Fomiséria nordestina
Mais Valia…Mão-de-obra
O lucro que desatina
Poética do cinema
Cinemágica ilumina
—
Coragem e Ousadia
Poética experimental
São Saruê interditado
Proibido no Festival
Censura à criação
Pensamento cultural
—
A luta continua,Vlad
Fica a integridade
O seu nome é legenda:
Exemplo de honestidade
Visionário-pensador
Prima pela qualidade
—
Borinage – Joris Ivens
Documentário em ação
Com o Homem de Areia
Uma grande revelação
Arte, fome e miséria
Operário em Construção
—
Criador éticorreto
O cinema de primeira
Sobre causas populares
Dialética verdadeira
Apoiou D. Elisabete
E João Pedro Teixeira
—
Cabeça sempre erguida
Alta credibilidade
Q. se sobressai em Vlad
Além da criatividade
A sua luta permanente
Talento e sinceridade
—
Brota o cinema direto
Ele dá tiro certeiro
Retrata os camponeses
A filmar o brasileiro
Fotografa com a alma
Nem precisa de roteiro
—
O irmão Walter Carvalho
Uma eterna parceria
Cabra Marc pra Morrer
Com Coutinho ele cria
Vlad em prosa e verso
Flamengol a cada dia
—
Vladimir é talentoso
Ilumina com sua Arte
Começa o Cinema Novo
Glauber – Anselmo Duarte
Aruanda é um marco
Direção com Linduarte
—
Brasília Seg. Feldman
Ecos da fotografia
Athos, greve, Perseghini
Memória da utopia
Cinema documental
Vladimir nos alumia
—
Chacina da P. Fernandes
Foi um massacre brutal
GEB-Tropa de Elite
Nas vilas da Capital
Vladimir investigou
Buscou o fato real
—
Autoritarismo em cena
Tortura e repressão
Pensamento censurado
Na Capital da Nação
Vladimir na UnB
Voz da Comunicação
—
Badernaço 86
Fogo na burrocracia
Os candangos oprimidos
Jogados: periferia
Os sem-terra e sem-teto
Crimiséria à luz do dia
—
O cine documental
Ativista, professor
Fez Os Romeiros da Guia
Vladimir pesquisador
O Vertov dos Sertões
Lume transmuta-a-dor
—
Cria A Pedra da Riqueza
Cosmogônico tungstênio
O Sertão do Rio do Peixe
Tem o toque de um gênio
UnB – Barra 68
Um tempo heterogêneo
—
Barro vermelho e suor
Na pirâmide da história
Consciência Coletiva
Marca a sua trajetória
A terra sempre presente:
O rebuscar da memória
—
Colega de Caetano
Curso de Filosofia
Início anos 60
Universidade da Bahia
Brota o Cinema Novo
Glauber e sua alquimia
—
A concentração de renda
Provoca a violência
Fome e êxodo rural
Torturam a consciência
Vladimir documentou
Com sua clarievidência
—
Barro de Caruaru
Arte de um nordestino
Zé em Campina Grande
Inspira-se em Vitalino
Morte e Vida Severina
Cinema como destino
—
Cabra Marc Pra Morrer
Filmagem interrompida
Golpe de 64
Reviravolta na vida
Vitória de Santo Antão
No Rio, repórter da vida
—
A voz do povo presente
O rapsodo cultural
O Cinema de Cordel
Além do bem e do mal
Óperas documentais
A Paisagem Natural
—
DF: Cine Candango
Matéria, registro, fato
Grande Vladimir 70
Retrospecto cinemato
Atirar “Pedras na Lua”
Nas “Pelejas do Planalto”
—
Cria, recria, traduz
Multitemporalidade
Depoimentos orais
Forte musicalidade
Recortes, cenas de arquivo
Narra-a-dor…diversidade.
—
Vladimir herdou do pai
Os formões e ferramenta
Escultura na madeira
Esculpe a alma sedenta
Xilogravuras do ser
Arte que nos orienta
—
O seu pai o mestre Lula
Poeta…Entalhador
Mestre dos 7 instrumentos
Moveleiro…Escultor
Transmitiu a Vladimir
A sapiência do Amor
—
Luís Martins de Carvalho
Foi artesão da madeira
Mecânico e escritor
A memória de primeira
Dominava a narrativa
Da boa arte moveleira
—
Autor de móveis de estilo
Além da universidade
Fábrica de móveis Lyon
Mais que uma faculdade
Um expert na madeira
Designer de qualidade
—
No altar de Luís Martins
Cidade de Itabaiana
Fulge na Igreja Matriz
Da terra paraibana
Beleza de ornamento
Aleluia…Amém…Hosana
—
Foi um grande intuitivo
Sobrenome de madeira
Um homem de renascença
Interlândia brasileira
O Corbusier do Sertão
Um artista de primeira
—
Dona Mazé, professora
Sua mãe, grande mulher
Matriarca da família
Sábia, líder, chanceler
Fazia tudo bem feito
É da estirpe de Ester
—
Tirar o santo do pau
Nós da vida desatar
Ser arrimo de família
Sobreviver e lutar
Ser guia e conselheiro
A vida documentar
—
Rio Paraíba: acidentes
Cabos, ilhas, promontório
Gostoso de aprender
No mutirão…adjutório
Mão na massa, na areia
O rio era o diretório
—
Walter Carvalho, o irmão
Com ele O Tempo não Pára
Lav. Arcaica Jan da Alma
Central do Brasil declara
Um Abril despedaçado
Incelência de luz clara
—
A Flexaret, a Roleiflex
Cabo Branco, Tambaú
Sol nasce. João Pessoa:
Lua, Boi – Bumbá, umbu
Pescadores da madruga
Os ecos do maracatu
—
Imagem em movimento:
Mágico documentário
Balão Vermelho na tela
São Saruê visionário
Cinemarte – Fotografia
Vate do imaginário
—
Vladimira o céu azul
Fotografa o grã sertão
Com instinto pioneiro
No Cerrado da Nação
Filma epopéia candanga
Operário em construção
—
Triste ditadura Médici
Comandava a tortura
Guerrilha do Araguaia
Silêncio e amargura
Toda a mídia controlada
Cala a boca na cultura
—
Fest Filme Brasiliense
Grande realizador…
Presidente da ABD(DF)
Demonstrou o seu valor
Pólo de Cinema e Vídeo
Conselheiro-fundador
—
Fundação Cinememória:
Com Glauber, P. do Monteiro
Moviolas e cartazes:
Luz cinema brasileiro
Câmeras, equipamentos
Símbolo do mundo inteiro
—
Desfile Cinememória
Bernadet e Honestino
Lampião e Maria Bonita
O universo nordestino
Dib Lutfi – Paulo Emilio:
O Zé Pereira Sevirino
—
Vladimir… São Saruê
Retrateia Ariano
Engenha com maestria
Cinemais paraibano
Multiversoa imagens
Precursor glauberiano
—
O filme A Bolandeira
No Chile – Viña Del Mar
Joris Ivens elogiou
Soube bem admirar
Lá na terra de Allende
Com Neruda a poemar
—
Foi Doutor Honoris Causa
Na sua terra natal
Univers. da Paraíba
Deu-lhe título imortal
Uma bela homenagem
Por trabalho cultural
—
Cine Vladimir Carvalho
Mestre do documentário
Sua arte flui poesia
À luz do imaginário
Cinema-Verdade em tela
Sob um olhar solidário
—
Duas dezenas de filmes
Registro fundamental
O Margarida de Prata
A temática social
No coração do Brasil
É vanguarda cultural
—
Expressa o não divulgado
Revela o não conhecido
Disseca a mãe natureza
Do sertanejo sofrido
Teatro, Nordeste, vida
O cinema destemido
—
Linguimagem documenta
Retrata o Brasil real
Poética que nordestina:
Grandarte do factual.
Vladimir…São Saruê:
CineCordel magistral
—
Vladimir faz releitura
Da dor da sociedade
José Lins, José Américo
Sertã adversidade
Traduz com Graciliano
Os autos da realidade
—
Vladimir é persistente
Tem essência brechtiana
Sertanejo luminoso
Nasceu em Itabaiana
Cactus mandacaru
Da terra paraibana
—
Pois teceu A Bolandeira
Entoou a Incelência
Luziu A Pedra da Riqueza
Com verve e clarividência
País de São Saruê
É arte de excelência
—
Viu de tudo em Cinema
Na vida se inspirou
Em Vertov – Eisenstein
Cinearte projetou
Flaherty, Welles, Ivens
Com eles dialogou
—
Militância coerente
Refletiu o comunismo
Marx, Lênine e Prestes
Combate ao capitalismo
Por querer um novo mundo
Sem o analfabetismo
—
Rio do Peixe, Paraíba
Drama e fotografia
Zé Américo de Almeida
Bagaceira em poesia
A Revolta de Princesa
Despertar da fantasia
—
Presença em Aruanda
Destacou-se no roteiro
Deu asas à criação
Seu olhar é um luzeiro
Assistente de Direção
Luz, farol e candeeiro
—
O João Ramiro Mello
Companheiro de estrada
Vladimirovski em cena
Sapiência na jornada
Substantivo concreto
Dia, Noite, Madrugada
—
Repressão e Ditadura
O seu nome foi trocado
José Pereira dos Santos
Nome novo lhe foi dado
Cinemagia escultura
Em Vladimir integrado
—
O Partido o escondeu
Disfarçado em santeiro
Era a clandestinidade
De um grande brasileiro
Exílio na própria terra
Ditadura por inteiro
—
Curtas de Humberto Mauro
Influência pioneira
Arraial de Saraceni
A mesma linha certeira
Zé Américo de Almeida
Mote de A Bagaceira
—
E no Jornal do Commercio
O mestre se revelou
Paraíba para o mundo
Vladimir universou
A sua genialidade
Ariano logo notou
—
Idos dos Anos 60
Vladimir e Ariano
E São Saruê inédito
Visto em primeiro plano
Cinemateca do MAM
Deu-se o ato soberano
—
Os dois juntos assistiram
Foi no Rio de Janeiro
Ariano e Vladimir
São Saruê por primeiro
Lançaram a epopeia
Vista pelo mundo inteiro
—
Ganhou o prêmio dos prêmios
Thiago de Mello chorou
O Engenho de Zé Lins
Na Feira do Livro ousou
Foi um momento marcante
Vlad se emocionou
—
Vladimir filma a história
Mira a realidade
Candangos e camponeses
Luta pela liberdade
Conflitos e fomiséria
Sol… Solidariedade
—
Glauber o denominou
Rosselini do Sertão
O Vertov das Caatingas
Lume da Revolução
O Flaherty de Euclides
Vate da trans.formação
—
O império do latifúndio
Busca da reforma agrária
Egoísmo e estupidez
De uma elite refratária
O lucro ganancioso:
Fere a alma libertária
—
Flaherty, o Homem de Aran
Deu-se a revelação
Realidade viva… Sonho
Mundo em contradição
Árida Serra Talhada:
Boa terra de Lampião
—
Casa Grande e Senzala
Refere-se a Itabaiana
Great Western Railway
Via férrea paraibana
Cruzar a linha do trem
Transpor a vida cigana
—
Troféu Abelin colheu
No Festival de Gramado
Pelo conjunto da obra
Foi bem homenageado
Vladimir reconhecido
Por todo o realizado
—
O seu nome é referência
Conselheiro consultado
Cuba, Alemanha, França
Vladimir foi convidado
Festi internacionais
Atuacao como jurado
—
Trabalho…indignação
Aspereza da linguagem
Busca do desconhecido
Sapiência na filmagem
As Ligas Camponesas
Ecoam em sua imagem
—
Firme na interlocução
Crítica…reflexidade
Poema experimental
Pulsa criatividade
Coragem…Indignação
A memória da verdade
—
Histótia do Nordestino
O cinema em trilogia.
São Saruê, Conterrâneos
Zé Lins e sua alquimia
O Evang. Seg. Teotônio
Palavras…Ideologia
—
Revela-nos os excluídos
Os sem nada da cidade
Camponeses-Operários
Dramas da sociedade
Radografias da vida
Arte.amor com liberdade
—
Massacre dos operários
Nos tempos da construção
Vladimir buscou os fatos
Fez boa observação
Os candangos dizimados
Registro da informação
—
Os tratores do Governo
Jogam barracos no chão
Ouve-se mestre Teodoro
Boi Bumbá do Maranhão
Vladimir filma a história
Com sua cosmovisão
—
Vladimir filmou Brasília
Ditadura Militar
Em Vestibular 70
Soube bem documentar
Vivia-se sob censura:
Não se podia pensar
—
Movimentos populares
Movimento estudantil
Fez Vestibular 70
No coração do Brasil
UnB – Barra 68
Cinema ato febril
—
Itinerário: Niemeyer
No galope da viola
Em Vila Boa de Goyaz
Para além da moviola
São Saruê, Aruanda
Vladimir é uma escola
—
Vlad prêmios conquistou
Em Brasília e Gramado
Foi objeto de pesquisa
Em teses de doutorado
URSS…USA
Vladimir foi consagrado
—
Zum-Zum: pés no futuro
Criação do brasileiro
Pankararu: B. dos Padres
Quilombo, navio negreiro
Mutirão, Negros de Cedro
Cantigas do violeiro
—
Vladimir filma o Ser
Na aldeia universal
Critica e questiona
Busca o fato real
Tornou-se uma legenda:
É destaque cultural…
Gustavo Dourado