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PROJETO «JOÃO SARMENTO PIMENTEL»
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ILDA CRUGEIRA

Cravos em Maio de 74: Sarmento Pimentel nos jornais

Decorridos 47 anos de exilio, no Brasil, eis que João Sarmento Pimentel, com 86 anos, regressou à Pátria, tendo sido recebido de “passadeira vermelha”, em Lisboa e no Porto. Muitas foram as personalidades que o esperavam, alguns velhos amigos e companheiros de luta, outros, rostos jovens, alguns, figuras públicas, mas para todos, o seu nome era a personificação de uma vida de resiliência, de luta pela liberdade e democracia.

Após a Revolução de Abril, o nome de Sarmento Pimentel começou a ser referido em notícias de jornal, precisamente, no dia 5 de Maio, no “Diário de Notícias”, através da nota intitulada, “Fala em Regressar um dos primeiros exilados por causa da oposição à ditadura de Salazar”, constituindo manchete, entre os dias 15 e 19, com anúncios referentes ao regresso após o exílio e o intuito de vir a desempenhar a função de deputado. A apoteose à chegada ao Porto, o comício fervilhante na Invicta, a par de artigos de fundo: a constituição do Governo Provisório e do seu Programa; as expectativas em torno das medidas de carácter económico e social, tomadas pelo governo; a realização de comícios de homenagem a Catarina Eufémia, célebre camponesa morta há vinte anos, pelo governo deposto; a prisão de Silva Pais, inspetor da Pide, com a publicação de imagens das instalações da subdiretoria da Pide/D.G.S., de camaratas inóspitas, de celas individuais, de isolamento e as destinadas para três presos; a chegada ao país de outros ex-exilados políticos; António de Spínola, a assumir o cargo de Presidente da República; Mário Soares em Dacar, a fim de conferenciar com o presidente do Senegal; Álvaro Cunhal a preconizar a necessidade de consolidar a aliança da população com as Forças armadas; a saída forçada, de Marcelo Caetano, para o Brasil, entre a recorrente publicidade do Banco Pinto & Sotto Mayor, com o auspicioso “slogan”, “Deposite Confiança no Futuro!”

Divulgava-se a chegada ao país de Sarmento Pimentel e os jornais davam a conhecer a luta no Brasil, com destaque para a sua presença, na Universidade de São Paulo, no dia 4 de Maio, em que presidiu a uma homenagem, promovida pelos Diretórios Académicos e de apoio à Oposição Democrática Portuguesa, considerada “a maior manifestação Pública realizada no Brasil em apoio ao Movimento que pôs fim as fascismo em Portugal” (1), perante cerca de dois mil estudantes e duzentos e cinquenta professores. Celebrou-se a queda da ditadura fascista em Portugal e o cravo vermelho foi o ícone nos discursos, como símbolo da liberdade de um povo, do sangue vertido pelos combatentes anti-fascistas e, na confraternização dos soldados com o povo, nas ruas. Sarmento Pimentel discursou, apresentando-se:

«Quatro anos na Grande Guerra de 1914, três revoluções, quarenta e sete anos de exílio. Tudo foi por amor a Portugal, à República, à Democracia, à Liberdade. Sempre em defesa dos direitos do povo, da sua existência (…) Eu queria, e ainda hoje continuo a desejar, que a nossa liberdade não seja aquela liberdade burguesa que permite aos ricos continuarem cada vez mais ricos e os pobres sempre mais pobres, mas a liberdade que vós ambicionais, para todos os povos da terra e que lhes garanta uma vida feliz, digna de ser vivida, sem humilhação, sem ofensa às suas aspirações de independência, de saúde, de instrução, regalias que nos tempos que vão correndo só usufruem os cartolas, os grandes, os ricos (…) Foi restaurada a Republica Portuguesa que eu há 64 anos ajudei a proclamar” – a continuidade dos princípios, persuasivos, publicados na revista Seara Nova. Concluiu, pelo vaticínio de um Portugal para todos os portugueses, “uma democracia socialista como aquela que governa os países mais cultos e desenvolvidos da Europa” (2) e, pela abordagem primordial à problemática das colónias portuguesas, desejando o término urgente da guerra colonial, alicerçada, tal como todas as guerras, “no interesse, por mãe a ambição, por próximos parentes todos os vícios capazes de levarem os homens ao mal, todas as crueldades que desonram os homens …» (4).

Uma leitura pelos periódicos “República”, “Diário de Notícias”, “Diário Popular”, “Diário de Lisboa”, “A Capital”, “O Século”, “O Comércio do Porto” e “O Primeiro de Janeiro” demonstram que Sarmento Pimentel era um nome respeitado e prestigioso dos portugueses, conotado inexoravelmente pela luta contra o Estado Novo, que ditou o seu exilio, no Brasil, de onde, continuou a contenda ideológica, quer através dos seus textos publicados em Portugal pela Revista “Seara Nova”, quer no país de adoção ao integrar a Unidade Democrática Portuguesa de São Paulo e o jornal “Portugal Democrático”, editado na mesma cidade.

Em Portugal, a comunicação social divulgou a sua biografia, realçando os feitos em momentos cruciais da história do país: anunciavam-no como figura representativa da 1ª República, um dos únicos sobreviventes, tendo sido galardoado, por duas vezes, com a “Torre e Espada” e herói das campanhas em África e Flandres. Emigrou para o Brasil, mantendo ativa a luta contra o Estado Novo, numa coerência com os ideais pelos quais tinha pautado a vida. Mencionava-se a sua intervenção no país irmão, ao ter apresentado um programa de descolonização para África (5). Aquiescia-se a sua verticalidade, que mesmo em terras brasileiras, continuou a “pugnar pelo retorno à liberdade de um povo traído e esmagado”(6). Na verdade, Sarmento Pimentel foi um combatente político frenético, na ação e no pensamento. No jornal “Portugal Democrático”, de Janeiro de 1963, o capitão, surgiu, em duas notícias, uma a propósito do lançamento do livro “Salazar visto do Brasil”, que consistiu numa seleção de textos, escritos durante os últimos anos, por intelectuais brasileiros que testemunharam contra o ditador, a que se associaram intelectuais portugueses, entre eles, Jorge de Sena, Casais Monteiro, Victor Ramos e o próprio Sarmento, entre outros; e a outra, no lançamento, do livro “Angola através dos Textos”, no dia 14 de Janeiro, na sede da União Brasileira dos Escritores, pela editora Felman-Rêgo. Uma compilação de artigos de opinião sobre a guerra de Angola, da autoria de democratas portugueses, nacionalistas angolanos e escritores e jornalistas de outros países, constituem a obra, apresentada por Victor da Cunha Rego e João M. Tito de Morais. O evento reuniu intelectuais dos dois países nomeadamente, o jornalista Miguel Urbano Rodrigues, Manuel Sertório, Tito de Morais e Pedroso de Lima, além, do próprio Sarmento Pimentel. O jornal encerrou o número com a publicação do comunicado distribuído à imprensa, em São Paulo, no dia 26 de Janeiro de 1963, intitulado “Apoio de democratas portugueses do Brasil”, com o nome de João Sarmento Pimentel a encabeçar a lista dos signatários, seguido de Augusto Aragão, Cunha Rego, do seu irmão, Francisco, Armindo Blanco, Miguel Urbano Rodrigues, João Manuel Tito de Morais, António Bidarra Fonseca, Miguel Urbano Rodrigues, João Manuel Tito de Morais, Manuel Moura, Alexandre Leal …  

Durante esses dias que se seguiram ao “25 de abril”, o crepitar das máquinas fotográficas seguiu o capitão e os jornais deram eco das suas palavras e movimentos. No dia 15 de Maio, anunciavam, para o dia seguinte, a sua chegada, ao aeroporto da Portela, seguindo-se um almoço no hotel Tivoli. No dia 16, pouco depois do meio-dia, chegou ao aeroporto e, entre lágrimas e abraços, referiu que a maior homenagem que poderá ter “é a liberdade e a democracia” (7), vangloriando-se com “uma República com a liberdade que Portugal sempre se orgulhou ter” (8). Aos jornalistas, referiu a esperança no futuro, confidenciando que se sentia quão feliz como no dia 5 de Outubro de 1910, em que desceu a Avenida da Liberdade … Esperavam-no elementos em representação da Junta de Salvação Nacional, representantes de grupos e partidos políticos, amigos e conhecidos, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares, exilado até há menos de um mês e a quatro horas da posse de ministro dos Negócios Estrangeiros, o Ministro da Comunicação Social, Raul Rego, Miguel Urbano Rodrigues, Urbano Tavares Rodrigues, Maria Barroso, Lúcio Tomé Feteira, Cascão de Ansiães, Alvaro Salema, Manuel Serra, o general Silvino Silvério Marques, Tito de Morais, Francisco Balsemão(8) … e outros nomes, também alguns ex exilados e políticos.

Como estava previsto, seguiu-se o almoço, no hotel Tivoli, a que presidiu, organizado por António Amorim, exilado no Brasil há 48 anos, Paradela de Abreu, editor do “Portugal e o Futuro”, o jornalista António Valdemar, Nuno Marques Ribeiro e Pedroso de Lima, Lúcio Feteira, Pedroso de Lima, Nuno Marques Ribeiro, Palma Inácio e Piteira Santos … alguns dos atuais membros do Governo Provisório, jornalistas e personalidades de todos os quadrantes da sociedade portuguesa. A sala, decorada, ao fundo, pela bandeira nacional, tinha sobre a mesa, cravos vermelhos, também ostentados no peito, por alguns dos convivas. Apresentaram-lhe cumprimentos o ministro sem pasta, Sá Carneiro, o ministro da Administração interna, Magalhães Mota e o ministro da Justiça, Salgado Zenha.  

Depois dos discursos de Mário de Castro e Lúcio Feteira, que enalteceram as qualidades do homenageado, enquanto militar e democrata, mas também como escritor, autor das “Memórias de um capitão”, livro incluído nos textos selecionados da cadeira de Literatura Portuguesa, nas universidades brasileiras, o comandante, tomou a palavra, com voz firme e segura, apesar da idade, emocionado por encontrar amigos “emigrados” no seu próprio país, num “sacrifício que considerava maior que o seu, pois, embora exilado, vivera num país amigo, fraterno, onde a sua família proliferara”. Mencionou as perseguições, a si e à família, movidas durante o tempo de Salazar e posteriormente, no de Marcelo Caetano. Apontou, como o principal erro da I República, a negligência para os aspetos económicos e sociais, que conduziu ao regime salazarista (10). Invocou aos novos para que olhassem pela República e pelo povo, afirmando que “é preciso que telhamos uma liberdade, não uma liberdade de burgueses, mas sim uma liberdade de fidalgos, porque o são todos os portugueses de lei” (11).  Após o almoço, Sarmento Pimentel dirigiu-se ao Palácio de Belém, onde assistiu à tomada de posse do Governo Provisório, apresentando cumprimentos ao general António de Spínola e Prof. Dr. Adelino da Palma Carlos (12).

Folheando os periódicos, ressaltam registos de Sarmento Pimentel, notícias pequenas ou extensas, ora se expôs o encontro, no aeroporto, com Nuno Simões, antigo ministro do comércio antes da Ditadura, amigo e cúmplice de luta, quando não conteve as lágrimas e, com amável comiseração pela sua presença, objetou: “Escusavas de cá vir, que eu ia já a tua casa” (13); ou, em destaque, frases em que comparou os tempos que se viveram no país como ao tempo da dominação dos Filipes, tempos de atropelo, e, apelou aos “novos” para se comprometerem, porque lhes competia, “governar e conduzir Portugal para os seus verdadeiros destinos” (14). Da entrevista intimista concedida à “Capital”, focou os tempos de estudante, de revolucionário, na Escola do Exército. Em Angola, nos dois anos e meio que passou no sul, na zona do planalto de Huila, junto com uma coluna de “boers”, recordou o facto de ter sido dado como desaparecido e, a sua mãe, na Metrópole, ter mandado rezar missas, pela sua alma; o regresso a Portugal e a luta, entre a vida e a morte, desencadeada contra a pneumónica; a visita do irmão Francisco, então comandante de uma companhia da Guarda Republicana, com as notícias calamitosas da reimplantação da Monarquia. Confessou que, apesar de ter no Brasil os quatro filhos e seis netos, pretendia ficar no país até à efeméride do “5 de Outubro”, comemorada com os compatriotas, durante quarenta anos, no Centro Republicano Português, e sempre, com a convicção de que no próximo ano, estaria em Portugal. Sarmento teve uma aspiração, que coexistiu com o facto de, de se julgar com direito: ser deputado, apresentar-se às eleições legislativas, “subir ao Parlamento para pedir Paz, Liberdade e Justiça para todos” (15). Nos anos que lhe restavam, tencionava passa-los entre Portugal e o Brasil para, “viver no verão todo o ano”.

No dia 17, sexta-feira, viajou para o Porto, de comboio, acompanhado de um sobrinho, António Pimentel das Neves, de António Macedo e de outros socialistas que o foram esperar a Espinho. Na viagem de Aveiro para a Invicta concedeu uma entrevista ao jornalista Daniel Rodrigues, do “Comércio do Porto”. Da conversa, com enfoque nos ideais da “Liberdade, República e Democracia”, Sarmento Pimentel partilhou a opinião sobre a personalidade evangélica do “fradalhão de Santa Comba”, que acreditava ser infalível e inspirado celestialmente. Reiterou a disponibilidade para integrar a campanha eleitoral e, tal como qualquer português, sentia-se, de facto, no direito de se apresentar ao povo como candidato a deputado pela Constituinte. Relativamente à posição de Portugal no Ultramar, questão controversa, o capitão tinha esperança de que o governo Provisório resolvesse esse problema insano. Referiu ter sugerido, há vinte anos atrás, por ocasião das comemorações do 5 de Outubro, uma confederação de nações de língua portuguesa com capital simbólica em Nova Lisboa, tendo sido, considerado um ultraje, por parte dos “analfabetos do regime deposto”. Aludiu ainda, a figura de Humberto Delgado, mártir do país, mandado assassinar, de metralhadora, pela PIDE, facto esse que constava no processo, mas, cuja sentença, Franco, tinha mandado suspender, após ter sido dada pelos juízes espanhóis (16).  

Estação das Devesas, 18.45 horas, entre a multidão que aguardava a chegada do comandante Sarmento Pimentel, encontrava-se José Luis Nunes, Beatriz Cal Brandão e José Neves. Às 19.05 o comboio deu entrada na gare da estação da Campanhã e um clamor de vivas ecoou por parte da “imensa multidão”, constituída pelos dos democratas presentes, alguns familiares e uma representação de Eixes, sua terra natal, identificada por cartaz que dizia “Eixes presente”, que impossibilitou a aproximação à carruagem, do repórter do “Primeiro de Janeiro”. Numa janela da composição, o Capitão acenava, registando a “alegria pura, a do povo que o aclamava”(17). Na gare, a bandeira do Partido Socialista balançava ao vento, “sobressaindo, em braços, um busto da República”. O povo proferia o slogan “o povo unido jamais será vencido” (18) e, de novo, através de um megafone, se ouviram as palavras, tantas vezes repetidas: “temos por obrigação defender a República e a democracia”; felicitou, no discurso, o movimento das Forças Armadas e ambicionou, um Portugal feliz e, para todos os portugueses, o direito de viver, de ter uma família e de não estar na angústia de saber se no dia seguinte “têm pão para os seus filhos” (1). Dirigiu-se, então, com dificuldade, entre as alas de militares da Polícia Militar, ao som das palavras entoadas pela multidão “O Povo unido”, sendo conduzido ao Quartel-General, onde foi recebido no salão nobre, dirigindo-se de seguida, para casa. 

Às 21.30 h, presidiu a um comício do Partido Socialista, no pavilhão do Palácio de Cristal, onde se reuniram “muitos milhares de pessoas”, que afluíram antes da hora marcada. Sentados a seu lado, “Mário Soares, António Macedo, Salgado Zenha, Ruy Luís Gomes, Maria Barroso, Mário Sottomayor Cardia, Tito de Morais, Ramos da Costa, Vilhena de Andrade, Mário Cal Brandão, Coelho dos Santos”, entre outros … vindo Sarmento Pimentel, “com o coração rejuvenescido” a encerrar o comício, ao som do cântico da “Internacional” e o Hino Nacional.

As notícias apressuradamente tornam-se efémeras e breve foi a que divulgou a ocorrência de um jantar de homenagem ao Capitão, no dia 22 de Maio, prestada por um grupo de democratas, numa estalagem em Aboinha, na estrada marginal do Douro.

No mês seguinte, o seu regresso a Portugal foi saudado “comovidamente” pela “Seara Nova”[19], que enfatizou a “figura exemplar de português” e o facto de ter sido um dos fundadores da revista, tendo integrado o primeiro corpo diretivo. Uma pequena biografia encerrou a notícia, com ênfase para o confronto contra o regime, através do “Portugal Democrático” de que era diretor, condenando a política colonial salazarista e a guerra do Ultramar.

Terminou o périplo em território nacional e regressou a São Paulo. Sarmento tencionava, nos anos que lhe restavam, passa-los entre Portugal e o Brasil. Não foi deputado. O homem que fez surgir cravos em Maio, em Portugal e no Brasil, desejou um país novo, para o Homem novo.

 

 

Ilda Crugeira

A Capital, 19.05.1974
O Primeiro de Janeiro, 18.05.1974
Primeiro de Janeiro, 18.05.1974
 
 

(1) Diário Popular, 15.05.1974, Nº 11336

(2) Portugal Democrático, Janeiro 1963, Nº 68, pág. 6

(3) Idem, Maio 1974, Nº 186

(4) Vítor Cunha Rego in “República”, 16.05.1974

(5) Diário de Lisboa, 17.05.1974

(6) República, 16.05.1974

(7) O Comércio do Porto, 17.05.1974, Nº 134

(8) Diário de Lisboa, 17.05.1974, Nº 18460. Nenhuma referência a Sarmento Pimentel no semanário “O Expresso”

(9) Diário de Notícias, 17.05.1974, Nº 38859, pág.2

(10) O Comércio do Porto, 17.05.1974, Nº 134

(11) O Primeiro de Janeiro, 17.05.1974

(12) Diário Popular, 16.05.1974, Nº 11337

(13) O Século, 17.05.1974

(14) A Capital, 17.05.1974

(15) O Comércio do Porto, 18.05.1974, Nº 135

(16) O Primeiro de Janeiro, 18.05.1974

(17) Idem

(18) Idem

(19) Seara Nova, Junho, 1974, Nº 135