Estava-se em 1919. Anos depois da implantação
da República em Portugal, a 5 de Outubro de 1910, os apoiantes
do anterior regime monárquico conseguiam restabelecer
episodicamente um regime monárquico no Norte do país, em 1918,
ficando algum tempo a nação dividida.
Assim sendo, a Monarquia não acabara
completamente a 5 de Outubro de 1910, mas regressava numa
tentativa de revivalismo, sem que o rei tenha voltado, mas com
Paiva Couceiro e outros militares que o queriam de volta a
conseguirem reinar entre 19 de Janeiro e 13 de Fevereiro de 1919
– no Norte. Em Lisboa e no Sul, a revolta liderada por Couceiro
não vingou. Perfaz agora, a 13 de fevereiro, mais um aniversário
sobre o fim de tal episódio da Monarquia do Norte, que primou
pelo caricato – tal como os republicanos, os monárquicos não se
entendiam entre si. Mesmo doente, com gripe pneumónica (vulgo
"espanhola"), o "Capitão de Cavalaria" Sarmento Pimentel acabou
por restaurar a República.
Com efeito, em finais de 1918 e princípios de
1919, voltara a haver parcialmente Monarquia em Portugal. Não em
todo o País, mas no Porto e, a partir daí, por quase todo o
Norte do País. A restauração, também tentada em Lisboa, a 22 de
Janeiro, falhou no Sul. A Monarquia de 1919 ficou assim a ser a
‘Monarquia do Norte’, existindo acima de Aveiro e Viseu, uma
espécie de ressurreição tardia do original Condado Portucalense.
Na Europa, a I Guerra Mundial acabara havia dois meses e
começava a conferência de paz de Versalhes. A situação do País
era tremenda. Faltavam abastecimentos, o Estado estava
arruinado, corriam muitos boatos, e a epidemia de gripe matava
milhares de pessoas. No Porto estabeleceu-se uma Junta
Governativa do Reino de Portugal, presidida pelo célebre capitão
Henrique da Paiva Couceiro. Por quase todo o Minho e
Trás-os-Montes voltou a haver bandeiras azuis-e-brancas. A Junta
do Porto restaurou a antiga moeda (o real, através de carimbo
nas notas de escudo em circulação), e a Guarda Nacional
Republicana foi batizada Guarda Real. Mas o rei não regressou a
Portugal e o fracasso da restauração em Lisboa desanimou muita
gente. Tudo acabou a 13 de Fevereiro, precisamente onde
começara: no Porto, com um contra-golpe militar.
A 13 de Fevereiro, a Monarquia acabou como
começara: por um golpe militar no Porto. O seu chefe foi o
capitão João Sarmento Pimentel. Apesar de doente com o surto de
gripe pneumónica que grassou no país, ao tempo, aproveitou a
saída de Couceiro e da maioria das tropas para restaurar a
República à frente da Guarda Real, que voltou a ser a Guarda
Republicana. A 19 de Fevereiro, os últimos combatentes da
Monarquia deixaram Trás-os-Montes em direção à Galiza.
Como ilustração descritiva e visual desse
acontecimento histórico, que teve João Maria Ferreira Sarmento
Pimentel como protagonista principal, trazemos a este espaço de
memória histórica alguns trechos relacionados, através duma
página da "História do Porto", cidade onde se passou tal
heroicidade pela Pátria, da lavra de “João da Torre” (então
ainda jovem que, além da vivência em Felgueiras de seus tempos
de “sangue na guelra”, a espaços com sua vida de aquartelamento
militar, residia normalmente no Porto, ao tempo) e também
páginas da “História de Portugal” dirigida por João Medina, com
transcrições das “Memórias do Capitão”.
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