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(em que se explicam os eventos referidos no capítulo 1) Para evitar o apocalipse, Tristótelas enviara Reeta Li ao fundo do mar, coordenadas 24o6E e 24o7S, num submarino de ataque rápido, com bio-skin regenerável e movido por 4 drives de propulsão aqua-return. Diz-se que era capaz de atingir a velocidade de 140 mil nós. Mas ao chegar à zona sombria, ao invés de seguir os sinais dos clausineos (Sesdentinceps Clupeoide), Reeta Li deixou-se absorver pela lava da fenda de Barbário. Não se sabe se esse último passo foi intencional. A teoria divulgada pelo busto recomendava seguir os sinais dos clausineos sem mergulhar na fenda. Mas o provável é que a pressa de Tristótelas fosse mesmo por chegar ao fundo, que hoje se sabe não haver. Em todo o caso, também não se sabia serem os clausineos a única espécie capaz de nadar na zona sombria sem cair na fenda. Ou talvez o busto soubesse, já que também aprovara o uso do submarino de ataque rápido. As imagens que sobraram dos clausineos revelam não apenas a perfeição do todo, mas uma minúcia de detalhes, ainda a ser divulgada. Há quem diga que o busto tenha mantido um deles como animal de estimação, em Roma. Essa época lembrada por ele como uma das mais felizes, marcou no entanto a queda da popularidade do busto. Não se entendia como os clausineos poderiam causar mutações nas demais espécies, como no caso do petit chien transformado em cavalo inglês. Para o busto, esse era o caminho do espírito, suspender a realidade úmida da natureza. Um caminho velho, fora do qual nada de importante restava a descobrir, repetir ou dizer. Até voltar era bom, mesmo se impertinente. O que vale é a grandeza, como no caso do Lorde Barão. Assim como o busto, o Lorde Barão entendera que, independente de se poder explicá-las, haveria sempre uma volta das potentes mutações. Isso era verdade no que diz respeito tanto a cristais quanto a filósofos. Provava-se do fato que tudo estava em atividade. O povo, por paixões e sentimentos; a elite, pela razão. Todo o erro na forma de aplicação do código viria de uma falta de pureza e sinceridade do discípulo. A natureza ela própria estará sempre aberta. Mas no que é vivo, por isso a fendalogia é uma ciência impossível. O Barão teria dito isso a Tristótelas caso o tivesse reconhecido em Zurique, naquele final de tarde de maio, em 1979. Mas o espanto só lhe ocorreu depois de ter cruzado com Tristótelas, e daí não teve como pará-lo. Por mais alto que gritasse, Tristótelas não o ouvia e sinalizava com a mão para atrás estendida a fim de fazê-lo falar mais baixo. O céu coberto de demônios. |
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