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A mulher é a negatividade pura, absoluta, infinita, fenda de barbário, fenda sem fundo. A legitimidade de Apolo está em pairar destacado, sustentando a sombra infinita sem jamais cair na tentação de querer percorrê-la do início ao fim ou iluminá-la. Dionísio é Apolo em mergulho, perdido. Temporalmente perdido, pois que Apolo jamais é inteiramente do tempo. Apolo não-Dionísio permite a existência das mônadas, entre as musas, suas sombras. Um pouco antes da década de 80 houve, decorrente do mergulho de Dionísio, um esquecimento de que Dionísio é Apolo em mergulho. Um esquecimento do Dionísio próprio, de si, mesmo, do seu esquecer que L era e será. A década de 80 é finalmente a década dos escombros, do retrait: natural cristalização de toda pseudo-forma na sua condição intrinsecamente fátua: feminismo antifeminista e dissolução das ilusões demais contestatórias todas. O pós-modernismo (sim, depois e sempre há que se insistir no pós-modernismo) são os escombros ansiando por Apolo. Apolo o deus da ordem, o bem e valente policial do estético, sabugo de milho acendido M mílias de fogo. Go West! (But moondust will cover you…) |
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Sinto falta de nossas brigas matutinas. Um modo não muito feliz de começar o dia. Ela não gosta desse tipo de comportamento. (Num jetty landing, nevoeiro e faróis.) O sol como o paraíso, quão quente queimava. Cabeças viradas por todos os lugares em que ela passou, jogando para ganhar e não apenas como mau perdedor. (Clima hispano-americano, camisa de listras amarelas e olhos vesgos.) Pois eu não me importava e ainda não compreendo. (Mãos ao luar em forma de prece e rosto constrito.) Levanto-me às 10:30, telefono para um amigo, ligo o rádio, tomo um café. Talvez se ele estivesse comigo fôssemos ao shopping. Eu era um garoto solitário, sem força e nem alegria, no meu próprio mundo no fundo do jardim. Não gosto de competir. (Terra de vidro.) Continuo achando difícil dizer o que preciso, mas tenho certeza de que você me dirá como é que devo me sentir hoje. (Weimaraner sobre bola de tênis.) Estou tranqüilo, estou bem, estou como nunca deveria estar. (Bebê em fogos de artifício.) Encontrarei minha alma quando for para casa. (Cleptomaníaca adorável e indescritível: 54 kg, de botas e borboletinhas pretas na parede imóveis.) Fiquei lá ao meu lado, decifrando as nuvens. O beijo perfeito é o beijo da morte. (Quase mas não chorando azul claro cinza-rosa e branco, sapos invisíveis.) O que eu ganho com isso? Você não vai sequer notar que está sozinho. Tem de doer um pouco. Sou aquela que você está usando, por favor, não me ponha de lado. (Blondie, Studio 54, echarpe flutuante.) Me faça hoje à noite. Oh, seu cabelo é lindo! (Atomic. Um olho roxo.) Terei ido em um ou dois dias. (Morten Harket rotoscoped.) O sol sempre brilha na televisão. (Catedral de manequins e máscaras.) Ela é agora mais doce do que o sonho mais selvagem. (Orquestra em carrossel.) Então, por favor, agora, fale comigo, caindo em pedaços pelas costuras. Quem você ama quando se desfaz? E as luzes estão piscando no seu parapeito. Guarde a prece para a manhã seguinte. (Carrossel de crianças numa ilha.) Onde está meu amigo quando mais preciso dele? Papéis à beira da estrada. Independente das notícias, nossa conversa não vai além de pequenas dores. Me entenda. Me entenda. Quando eu não estou lá, lá estarei em espírito. (Pandeiro? Sem sol e reco-reco invisível.) Talhou os pulsos em tédio por pequenas piedades, esperando encontrar deus rindo quando morto, atropelado. (Pássaros cantando num céu de verão.) Eu me entrego numa baixela. Menininha, venha, mexa minhas cordinhas e assista: faço qualquer coisa. Tudo o que quero é vê-la. Você não me acredita? Dando uma volta com meu melhor amigo: nunca mais quero por os pés nos chão de volta. Basta saber quem está no controle. (Tomando café em canecas de metal e suspensórios.) Fantasmas aparecem e se apagam. Só o que quero é ficar. Só aqui com meus amigos de infância. (Saxofone.) Assobie sua canção favorita. Mandaremos um cartão e flores. Pneumonia. Como dançar quando a terra gira? Um fato é um fato. (Deserto.) |
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