HELDER PROENÇA

Foto: António Aly Silva

POEMAS - INDEX

Quando as flores começam a nascer

Quando as flores começam a nascer
naquele rio vermelho
um sorriso verde caminhará pé ante pé
naquela margem pantanosa
e todas as bocas beberão uma nova água
de fé e esperança

Ninguém naufragará. Jamais!...
ninguém calará seu último grito
no carmesim líquido que deveria ser nossa pomba.
Com dor sufocante
na água que deveria ser nossa criança
ninguém perecerá perante o monstro criminoso
que a turva e a violenta!

Nem Titina dormirá sem fôlego
com a última recordação póstuma
longe da tumba vivente do Mestre.
Quando as flores começam a nascer
naquele rio vermelho
a hora será de ressurreição
e o dia será de glória!

(em homenagem à Titina Silá)
Não posso adiar a palavra, 1982
Em: Manuel Ferreira, 50 Poetas Africanos. Lisboa, Plátano Editora, 1989

Escritor da Guiné–Bissau, envolveu–se, nos anos 70, no movimento independentista do seu país, abandonando os estudos liceais e partindo para a guerrilha em 1973. Após o 25 de Abril, regressou a Bissau, prosseguindo os seus estudos.

Hélder Proença começou por se dedicar à literatura era ainda adolescente, escrevendo poemas anticolonialistas, de afirmação da identidade nacional, que acompanharam a sua actividade política. Os textos desta fase foram reunidos no volume Não Posso Adiar a Palavra, editado apenas em 1982. Este carácter panfletário foi-se atenuando progressivamente, embora o autor nunca tenha descurado uma vertente de intervenção política e social. Considerado uma das grandes figuras da nova literatura guineense, escrevendo tanto em português como em crioulo, foi o co-organizador e prefaciador da primeira antologia poética do seu país Mantenhas Para Quem Luta! (1977). Alguma da sua produção continua inédita.

Fonte:http://web.educom.pt/p-ccomum/2/biblioteca/biografias/guine.htm

http://www.didinho.org/HELDERPROENCAOUOPOETALIBERTADOR.htm

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