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Revista TriploV
de
Artes, Religiões e Ciências |
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DIDINHO (FERNANDO
CASIMIRO)
didinho@sapo.pt
18.07.2010 |
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O MEU ENCONTRO
COM O CAPITÃO PANSAU INTCHAMA
Em:
http://www.didinho.org/OMEUENCONTROCOMOCAPITAOPANSAUINTCHAMA.htm |
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O MEU
ENCONTRO COM O CAPITÃO PANSAU INTCHAMA (1) |
Pansau Intchama - Se não
fosse a minha pronta intervenção, o grupo de militares que aí estava
teria violado a esposa do Presidente! Eu é que a tirei das mãos deles e
disse-lhe para ir embora, ao que respondeu: obrigado nha fidjo.
Obrigado meu filho. |
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Didinho na
companhia do Capitão Pansau Intchama, EPI, MAFRA 16.07.2010 |
À ATENÇÃO DOS ÓRGÃOS DE
SOBERANIA DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU EM GERAL E DO SENHOR PROCURADOR
-GERAL DA REPÚBLICA, DR. AMINE MICHEL SAAD, EM PARTICULAR.
NOTA: O trabalho que hoje apresento é fruto duma conversa entre 2
guineenses sobre diversos assuntos do país, particularmente, sobre as
matanças de 01 e 02 de Março de 2009. Pode causar transtornos aos
guineenses, pode até, provocar "tempestades" na Guiné-Bissau, mas deve
ser apresentado, para que, quem de direito, utilize da melhor forma o
que nele consta, agindo em conformidade com a Lei, em nome da Verdade e
da Justiça, afim de se acabar, de vez, com a impunidade na Guiné-Bissau! |
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Semelhanças
"No passado dia 1 de abril de 2010, um grupo de militares dirigidos por
mim, viu-se obrigado a tomar medidas com vista a pôr ordem nas Forças
Armadas, porque a forma como a classe estava a ser dirigida, iria
culminar num conflito iminente. O Chefe do Estado-Maior General das
Forças Armadas, Vice-Almirante José Zamora Induta, conduzia o
Estado-Maior como se fosse a sua propriedade pessoal,
tomando sobre si toda a administração da mesma."
António Indjai, criminoso (golpista, assassino e facilitador de
narcotráfico), actual Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas
da Guiné-Bissau. |
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A introdução acima reproduzida "Semelhanças" e que é
a mesma da queixa-crime movida pelo actual Chefe do Estado-Maior General
das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, contra o seu
antecessor e superior hierárquico, José Zamora Induta, poderia servir
(encaixa perfeitamente no mesmo cenário), para anunciar e justificar o
assassinato do ex-Presidente da República, General João Bernardo "Nino"
Vieira, ocorrido na madrugada de 02 de Março de 2009, horas depois de um
outro assassinato, o do então Chefe do Estado-Maior General das Forças
Armadas, General Tagme Na Waie.
Encaixa-se e bem, se fizermos a seguinte "montagem": "No passado dia 02
de Março de 2009, um grupo de militares dirigidos por mim, António
Indjai, viu-se obrigado a tomar medidas com vista a pôr ordem no país,
porque a forma como o Estado estava a ser dirigido, iria culminar num
conflito iminente. O Presidente da República, General João Bernardo
"Nino" Vieira, conduzia o país como se fosse a sua propriedade pessoal,
tomando sobre si toda a administração do mesmo, tendo chegado ao ponto
de mandar matar o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
General Tagme Na Waie, o que motivou a nossa pronta resposta que
culminou também na sua morte..." |
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À conversa com
o Capitão Pansau Intchama |
Na passada sexta-feira, 16.07.2010, no meu trajecto
por Mafra, encontrei-me com o Capitão Pansau Intchama. Não o conhecia
pessoalmente, mas como falamos por telefone várias vezes, encontrando-se
ele nesse dia em Mafra e estando eu de passagem, proporcionou-se um
encontro, há muito desejado.
Tive conhecimento de que Pansau Intchama se encontrava em Portugal no
dia 04.04.2010 e desde então, temos falado por telefone com alguma
regularidade.
A 12 de Dezembro de 2009 escrevi um texto intitulado "A PULSEIRA...", no
qual relatei o que em Bissau se tem dito sobre a sua participação no
assassinato do ex-Presidente da República, o General João Bernardo
"Nino" Vieira. Fiz questão de lhe dizer que tinha escrito esse artigo e
ele tranquilamente respondeu: "Sim, é o que se diz por aí...". |
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Pansau Intchama é um jovem, nascido em 1979, bem
disposto, muito lúcido, que denota muita preparação psicológica, fruto
da sua formação militar. Não é fácil conseguir obter dele informações
precisas que a ética e a disciplina militar impõem como assunto
estritamente de ordem militar.
Por diversas vezes tentei "sacar" dele informações e confissões sobre as
matanças de 01 e 02 de Março de 2009, mas também, sobre o envolvimento
das altas chefias militares e outros, no narcotráfico.
"Sabes, sou militar, sobre essas coisas não falo...". Respeitei sempre a
sua "recusa" em falar, mas na sexta-feira, 16 de Julho, dia em que
concluiu o Curso de Promoção a Capitão de Infantaria - CPCI - Curso
General Luís Augusto F. Martins, realizado em Mafra de 11.01.2010 a
16.07.2010, consegui saber algo mais do que sabe Pansau Intchama,
considerado testemunha-chave, a par de Isabel Romano Vieira, do
assassinato do ex-Presidente Nino Vieira.
Pansau recebeu-me no jardim em frente à Porta de
Armas da Escola Prática de Infantaria, aí conversamos um pouco e depois
convidou-me a entrar para visitar a EPI.
Pude constatar que conhece os cantos à casa e que é bem tratado por
todos. Fomos ao bar beber qualquer coisa e de seguida, fez questão que
jantasse com ele. Surgiu no entanto um outro militar, timorense, que
tinha frequentado o mesmo curso que ele e jantamos os 3 .
Continuamos a falar da Guiné e dos militares; da necessidade de os
nossos militares frequentarem cursos de oficiais e outros, no âmbito da
capacitação dos recursos humanos em particular e da modernização das
nossas Forças Armadas em geral.
Terminado o jantar, dirigimo-nos para o quarto onde está instalado e que
partilha com um militar cabo-verdiano, do mesmo curso, com quem também
falei.
Pansau ligou o seu portátil e mostrou-me imagens fotográficas e vídeos
do seu casamento, realizado em Janeiro deste ano, dias antes de viajar
para Portugal afim de frequentar o curso de promoção a capitão de
infantaria, curso este proporcionado pelos acordos de cooperação militar
entre Portugal e a Guiné-Bissau e abrangente a outros países da CPLP.
Foi o António Indjai quem fez questão que eu me casasse antes de viajar
para Portugal, disse-me ele, acrescentando que foi assessor de António
Indjai durante 7 anos!
Na verdade, ele tinha-me como um filho!
Das muitas imagens que vi, pude concluir que Pansau Intchama era (até
Janeiro de 2010) muito estimado pelas chefias militares.
Pude ver no seu rosto, muita ansiedade, reflectindo, naturalmente,
saudades da família que se encontra em Bissau: a esposa e os seus
filhos, um casal de gémeos. |
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Então Pansau, sempre voltas para a Guiné-Bissau,
mesmo sabendo que corres risco de vida, por tudo o que se tem dito a teu
respeito? Questionei-lhe mais uma vez, a ver se lhe conseguia
surpreender e obter algo que me ajudasse a juntar mais dados sobre o que
penso e já escrevi em relação às matanças de 01 e 02 de Março de 2009.
Sim, estou disposto a regressar e já agora, faço questão que saibas que,
contrariamente ao que dizem na Guiné, não fugi e, se estou em Portugal,
isso é do conhecimento das nossas autoridades, pois vim fazer
especialização desde Janeiro e o levantamento militar aconteceu a 01 de
Abril.
Para confirmar-te que as nossas autoridades sabem onde estou e o que vim
fazer, vou telefonar agora mesmo ao General António Indjai e vais ouvir
a nossa conversa.
Telefonou, no modo alta-voz e pude ouvir, do outro lado da linha alguém
atender.
- General, i ami Pansau! General, sou eu o Pansau!
- Ah, Pansau, cuma ku sta?! Ah, Pansau, como é que estás?!
Pude ouvir a voz do António Indjai, tal e qual a da gravação contendo as
ameaças proferidas no dia 01 de Abril passado. Porém, desta vez era uma
voz calma, muito calma mesmo.
Da conversa tida entre eles, o Capitão Pansau Intchama fez questão de
dizer ao actual Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas,
António Indjai que, tal como lhe dissera há cerca de 1 mês, o seu curso
acabava e acabou nesse dia, 16 de Julho e que, por isso, aguarda o
bilhete de passagem de regresso ao país, sendo que, já não tem direito a
ficar alojado nas instalações da EPI, pois a sua formação tinha chegado
ao fim...
Do outro lado, o General António Indjai respondeu mais ou menos desta
forma: "Tem calma, o Ministro vai resolver isso, tens que aguardar.
Olha, os teus colegas que estão em Angola a receber formação, estão bem
piores e até choram..."
Aguardar até quando, General? Perguntou Pansau Intchama, para a ligação
terminar aí...
Se dizem que sou criminoso, então que me enviem o bilhete de passagem
para eu regressar e ser julgado pelos crimes que me acusam, disse-me de
seguida Pansau Intchama. |
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Afinal, por que razão os deputados guineenses e
outras autoridades nacionais continuam a afirmar desconhecer o paradeiro
do Capitão Pansau Intchama, ele que chegou a ir à nossa Embaixada em
Lisboa tratar de assuntos pessoais?!
Afinal, por que razão algumas vozes acusam Portugal de dar protecção ao
Capitão Pansau Intchama, quando, na verdade, todos sabem desde quando
Pansau Intchama saiu da Guiné, com destino a Portugal, e ao que veio...
Confrontei o Capitão Pansau Intchama com notícias publicadas em diversos
órgãos de Comunicação Social, dando conta de que o Procurador-Geral da
República, Dr. Amine Michel Saad estaria interessado e empenhado em
ouvi-lo, por ter sido considerado testemunha-chave do assassinato do
ex-Presidente Nino Vieira.
Levantou-se e foi buscar 1 exemplar do Semanário "Última Hora", Edição
Nº 89, de 16.06.2010, publicado em Bissau, que fala precisamente sobre o
assunto.
Pansau Intchama, pelos vistos, está bem informado e documentado sobre o
que se diz dele.
Talvez abalado por tudo isso, se tenha deixado embalar na conversa que
fui puxando até chegarmos ao seguinte:
Pansau, onde estava António Indjai na madrugada em que o ex-Presidente
Nino Vieira foi assassinado?! Perguntei.
- Hum, onde achas que devia estar?!
- É assim Pansau, acusam-te de seres criminoso, de teres participado na
morte de Nino Vieira, sabem que estiveste lá, mas certamente, digo eu,
não estavas sozinho...
- Olha, sou militar, como militar respeito os meus superiores e cumpro
as suas ordens.
Estávamos, estivemos todos em casa do ex-Presidente Nino Vieira nessa
noite. O nosso Comandante era o António Indjai. Um militar cumpre ordens
do seu superior hierárquico...
Por que não falam do Major Tcham Na Man, questionou, dando a entender
que foi este oficial, aliás, referenciado na altura, quem teve maior
participação na morte de Nino Vieira.
De seguida, disse-me: Se não fosse a minha pronta intervenção, o grupo
de militares que aí estava teria violado a esposa do Presidente! Eu é
que a tirei das mãos deles e disse-lhe para ir embora, ao que respondeu:
obrigado nha fidjo. Obrigado meu filho.
Que relação existe entre o duplo assassinato de Tagme na Waie e Nino
Vieira, perguntei.
O assassinato de Tagme Na Waie, tem a ver com o narcotráfico, com os
aviões que até hoje estão no aeroporto de Bissalanca...
Mas isto quer dizer que as disputas provocadas pelo controlo do
narcotráfico, entre Tagme Na Waie e Nino Vieira, ditaram a morte do
Tagme e que de seguida houve um aproveitamento estratégico de pessoas
interessadas na tomada do poder e que incitaram os militares a
vingarem-se, assassinando o ex-Presidente Nino Vieira, por, alegadamente
se atribuir a ele a autoria moral do assassinato de Tagme Na Waie?
(...) |
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Olho para as horas, já tínhamos esgotado 3 horas de
conversa. Tinha registado o essencial de tudo quanto o Capitão Pansau
Intchama se disponibilizou a dar a conhecer.
Disse-lhe que tinha sido muito frutuoso o nosso encontro e que estava na
hora de ir para casa.
Acompanhou-me e ainda fomos beber algo já fora das instalações da EPI,
mas sempre a falar de assuntos da Guiné-Bissau.
Hoje fico por aqui, amanhã há mais... |
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Próximo capítulo:
O QUE É QUE ESTÁ NA BASE DO
LEVANTAMENTO MILITAR DE 01 DE ABRIL
ENTRE VERDADES, CONSIDERAR TODAS! 04.04.2010
Em:
http://www.didinho.org/ENTREVERDADESCONSIDERARTODAS.htm
A PULSEIRA...02.12.2009
Em:
http://www.didinho.org/APULSEIRA.htm
VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR! |
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DIDINHO (Fernando Casimiro)
http://www.didinho.org/apoesiadefernandocasimiro.htm |
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