Ao fim da tarde do
passado dia 20 do corrente, o Salão Nobre da Sociedade Histórica da
Independência de Portugal (SHIP) — instalada no Palácio da
Independência, sito no Largo de S. Domingos, em plena baixa lisboeta —
estava à cunha com largas dezenas de cidadãos com o intuito de
assistirem ao lançamento do último livro de António Júlio E. Estácio,
engenheiro técnico agrário, natural de Bissau (1947) e que durante 26
anos (1972 – 1998) exerceu diversas funções no Território de Macau.
Tal como já sucedera no
ano transacto — em que o autor apresentou o livro intitulado “Nha
Carlota. Figura Esquecida da História Guineense.” evo-cativo da popular
e mui estimada Nha Carlota de Nhacra, de seu nome Carlota Lima Leite
Pires, natural de Cabo Verde e que durante mais de meio século viveu na
Guiné onde, aliás, no antigo cemitério de Bissau repousam os seus restos
mortais — este ano António Estácio entendeu trazer a público um bem
documentado trabalho evocativo da lendária figura de Leopoldina Ferreira
Pontes e intitulado “Nha Bijagó. Respeitada Personalidade da Sociedade
Guineense (1871-1959).”
Foi a sessão presidida
por José Ângelo Lobo do Amaral, Vogal da Direcção da SHIP, que
apresentou o autor, tendo a apresentação do trabalho literário sido
confiada ao Dr. Eduardo José Rodrigues Fernandes — também natural da
Guiné, licenciado em economia, que de 1986 a 1994 exerceu cargos
governamentais no governo guineense, posto que foi administrador
executivo da Eurocomercial, estando desde 1998 a residir em Portugal,
onde exerce funções de Consultor Económico e é comentador de política
africana na RTP, quer na rádio, quer na televisão, onde integra o painel
do programa semanal “Ao Calor de África: Debate Africano” da RDP África,
emitido aos domingos, para Portugal e todos os PALOP (Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa) em FM e para todo o mundo via internet — o
qual realçou, detalhadamente, a obra literária em apreço, bem como a
objectividade e a clareza de exposição do autor.
Seguiu-se uma curta
intervenção do agrupamento “Canto d’ Alma”, que interpretou três
interessantes trechos de fados de Coimbra, posto que interveio o autor
que, sem descurar populares expressões de crioulo, deu a conhecer as
razões que, neste últimos sete anos, o levaram a debruçar-se sobre as
figuras destas duas destacadas senhoras e incentivou outros estudiosos a
apresentar trabalhos que registem a vivência de figuras da sociedade
guineense que, tão ingratamente, permanecem esquecidas.
De referir que nessa
memorável tarde de fim de Primavera, na mesa de honra se encontravam
Maria Isabel Gertrudes Colaço de Sá Barbosa e José Jorge de Sousa
Martins Ribeiro, respectivamente neta e bisneto de “Nha Bijagó”.
E, uma vez dada por
encerrada a sessão, seguiram-se os habituais autógrafos, tendo-se gerado
por mais hora e meia um agradável convívio de cariz histórico-cultural
que as fotos de João Ramiro S. C. Firmino tão bem documentam. |