A.M. GALOPIM DE CARVALHO
Fala-se hoje muito de biodiversidade e ainda bem que assim é. Os biólogos têm sabido dar o devido relevo a este importantíssimo tema. O mesmo não tem acontecido com a GEODIVERSIDADE, palavra ainda ausente no discurso oficial, apesar de, não é demais lembrar, a geodiversidade constituir o suporte de toda a biodiversidade.
Numa primeira aproximação, geodiversidade pode ser entendida como o conjunto de todas as ocorrências de natureza geológica, com destaque para rochas, minerais e fósseis (testemunhos de uma biodiversidade passada), dobras e falhas, grutas naturais e galerias de minas, relevos e depressões terrestres e submarinas, vulcões, etc.
Em condições favoráveis, os agentes físicos, químicos e biológicos, existentes à superfície do planeta, alteram a capa externa das rochas, condição necessária ao nascimento do SOLO (do latim solum, chão, pavimento) definido como um corpo natural, complexo e dinâmico, constituído por elementos minerais e orgânicos, caracterizado por uma vida vegetal e animal própria, sujeito à circulação do ar e da água e que funciona como receptor e redistribuidor de energia solar. Com efeito, quando ardem a madeira ou o carvão, seja ele o carvão vegetal ou o fóssil (a lenhite, a hulha ou a antracite), todo o calor que libertam é energia solar neles retida que se liberta. Toda a força que os animais, incluindo este “bicho” complicado que somos nós, desenvolvem no trabalho que executam, teve origem na luz solar, absorbida pelas plantas usadas na sua alimentação.
Entidade presente na imensa maioria das terras emersas, na interface da litosfera com a atmosfera e a biosfera, o solo estabelece, assim, a fronteira entre a geodiversidade e a biodiversidade. Sem solos não haveria prados, charnecas, tundras ou FLORESTAS, nem hortas, searas, montados, vinhas ou olivais, nem toda a biodiversidade animal que nos rodeia.
A Floresta é um habitat intensamente arborizado com inúmeras muitas espécies de outras planta e animais. A sua biomassa por unidade de de superfície ultrapassa, de longe, a de outros biomas. Ocupando cerca de 30% da superfície terrestre, a floresta têm acção sobre o clima e representa um sector importante na economia da sociedade, como fonte de riqueza ( madeira, resina, celulose, cortiça, frutos, entre outros),
Segundo o dicionário da Porto Editora, a palavra “floresta” provém do frâncico “forhist”, colectivo de “forha”, que significa plantação de pinheiros, através do francês antigo “forest”, hoje “forêt”.
O oxigénio atmosférico que nos assegura a vida é o resultado de uma interacção constante e contínua poe parte de todas as plantas que nos rodeiam. É por isso que dizemos que os parques arborizados, no interior das cidades, são os seus pulmões. E é por isso que lutamos pela defesa das florestas de todas as latitudes e altitudes, das quentes e húmidas, como a amazónica, à taiga canadiana e siberiana, passando pelas de climas temperados, pois são elas que fabricam essa parte importante (21%) do ar que respiramos.