Sopa de letrinhas é um estudo sobre o movimento homossexual brasileiro no
contexto da segunda metade dos anos 1990. Realizado a partir da cidade de São
Paulo, este trabalho pretende contribuir e estabelecer diálogo com os estudos
sobre movimentos sociais no Brasil contemporâneo. Tem como base uma pesquisa
bibliográfica e documental, sobre a trajetória de mais de 25 anos do movimento
homossexual brasileiro, e um trabalho de campo realizado a partir da
observação participante das atividades internas e externas do grupo CORSA -
Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor - Grupo de Conscientização
e Emancipação das Minorias Sexuais, entre 1997 e 2000.
O objetivo é, pela análise de processos de construção e reconstrução de
identidades coletivas, explorar a dinâmica interna desse movimento no contexto
brasileiro da segunda metade dos anos 1990. A partir dessa análise, a autora
procura questionar a ausência de sentido ou de coerência em relação à
proliferação de categorias e/ou denominações que a expressão "sopa de
letrinhas" tende a sugerir.
Assim, este livro apresenta o movimento homossexual brasileiro. Com rigor,
trata das relações entre grupos, organizações e ativistas independentes que,
recusando qualquer tipo de estrutura organizativa formalizada, teceram uma
rede social ao longo de mais 20 anos. Com sensibilidade política, exploram-se
aqui as razões que levam à proliferação de siglas no interior do movimento que
é ironicamente caracterizado pela mídia como uma "sopa de letrinhas".
Compreendemos então os desafios envolvidos na criação de um leque de
identidades, cada vez mais amplo, capaz de abarcar a diversidade das "minorias
sexuais". Como criar uma identidade no grupo e manter e estimular as
diferenças que seus participantes reivindicam? Quais são os dilemas envolvidos
na transformação de uma associação informal numa ONG? Qual foi o impacto da
Aids, de início tratada como a "peste gay", no movimento? |
Regina Facchini, nascida na cidade de São Paulo em 1969, é bacharel em
Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e
mestre em Antropologia Social pela UNICAMP, cursando atualmente o doutorado em
Ciências Sociais, também na UNICAMP. Sua área de investigação abrange os
estudos sobre movimentos sociais no campo da antropologia política, abordando
gênero e sexualidade, tendo publicado vários artigos sobre essas temáticas. |