Nos últimos anos, a reflexão sobre a ética tem ocupado intensamente a atenção da teóloga e pensadora Maria Clara Bingemer. Suscitada inicialmente - e sobretudo - pela questão da violência, que ela considera o mais grave problema dos que hoje assolam o planeta, essa problemática adquiriu paulatinamente um papel central em seu pensamento.
Segundo ela, foi a leitura de Simone Weil que desencadeou essa reflexão - e essa centralidade da discussão ética. A partir dessa leitura, recorreu a outros autores também judeus: Levinas e Buber, por exemplo. Assim como aos cristãos Girard, Rahner e Moltmann, para que a ética também estivesse iluminada pela luz crística.
Atravessando essa ética, sempre esteve a questão do gênero. Maria Clara Bingemer não podia deixar de perceber que, sendo mulher, pensava e sentia o imperativo ético em comunhão com os companheiros homens, mas com matizes diferentes. Daí o gênero ocupar parte importante nesta obra, principalmente em decorrência de um trabalho que a autora já havia iniciado, e prossegue aqui, que é destacar grandes figuras femininas que marcaram a história da humanidade justamente por sua luminosidade e visão ética.
A literatura é sua velha paixão: "Sempre me fascinou e sempre foi, por assim dizer, a pequena nostalgia acadêmica que podia ter sido e não foi, parodiando Bandeira. E finalmente a porta se abriu, com convite de outros pares e a possibilidade percebida de entrelaçar e fazer dialogar teologia e literatura. Daí o nome, Teopoética, que além de verdadeiro é igualmente belo."
Os ensaios desse livro transitam por essas três áreas: Ética, Gênero, Teopoética. Através delas, Maria Clara Bingemer vai tecendo e entretecendo a ética e sua correlata mística, a partir do gênero que é condição de humanidade, e da poética que, tal como a teologia, vive de inspiração.