O PAPEL DO MNHN A preocupação pela salvaguarda do Património Geológico é algo de muito recente entre nós e nela tem estado profundamente empenhado o Museu Nacional de História Natural (MNHN) de parceria com outras instituições que importa destacar a Liga Para a Protecção da Natureza e o Instituto Geológico e Mineiro e a Associação Portuguesa de Geólogos. A falta de apoio e a indefinição e incertezas quanto ao futuro em que tem vivido nos últimos anos, este museu e eu próprio, em particular, procurámos canalizar para o exterior ideias e energias, num processo que os psicólogos classificariam de “escape a uma enorme frustração” chamada Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa, nome pomposo, que pouco mais é do que isso. Uma tal actividade teve início há apenas uma dezena de anos, com a que ficou conhecida por Batalha de Carenque, uma dura e prolongada experiência (5 anos) para começo de uma nova carreira em que se fundem preocupações científicas, pedagógicas e de relações públicas, diplomacia, paciência, resistência e disponibilidade sem limites; prosseguiu sem interrupção, com altos e baixos, em acções diversas, como sensibilização de responsáveis e do público em geral, protecção legal e no terreno de sítios com interesse geológico, nalguns casos traduzida pela respectiva musealização. No presente, Portugal conta com um número razoável de geomonumentos referenciados e protegidos, uns musealizados Pedreira do Galinha, na Serra d’Aire e vários sítios na cidade de Lisboa e outros em diversas fases de projecto, numa colaboração singular com as autarquias Aveiro, Évora, Lisboa, Monchique, Ourém, Porto, Sesimbra, Setúbal, Sintra, Torres Novas, Torres Vedras, Vila do Bispo e Viseu. Não obstante a tradicional falta de cultura geológica nacional, que explica a insensibilidade de muitos responsáveis para este tipo de problemas, temos de concluir que se deram grandes passos em frente e que nunca as perspectivas foram tão animadoras e gratificantes. O programa Geologia no Verão, da Agência Nacional "Ciência Viva", é já um louvável reflexo destas acções e uma palavra de agradecimento deve ser dita às escolas e à comunicação social, aliadas sempre atentas e solidárias com que temos contado.
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