CARNÍVOROS!

Há dez anos, «DINOSSÁURIOS REGRESSAM EM LISBOA» foi o acontecimento museológico desde sempre mais falado e com a maior afluência de público jamais registada em Portugal. Trezentos e cinquenta mil visitantes em apenas onze semanas foi e continua a ser acontecimento ímpar entre nós.

Foi inesperadamente contagiante o entusiasmo dos que acorreram nos primeiros dias e, rapidamente, os portugueses, de norte a sul (e também muitos espanhóis) quiseram ver os «dinossáurios robots» em exibição no Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa.

Foi a autêntica «corrida aos dinossáurios». Foi o pandemónio e a alegria na Rua da Escola Politécnica e em toda a zona do Rato e do Príncipe Real. As escolas vieram em peso, de todo o País, em autocarros cedidos pelas Câmaras Municipais.

Organizando-se em excursões de autocarro, algumas em comboios especiais, também o público não escolar entrou em frenesi. Ninguém queria deixar de ver, numa espécie de delírio colectivo que acabou por constituir a maior promoção do evento.

No último dia, o telejornal das 20 horas mostrava a fila de público que se estendia até ao Príncipe Real (o que significava 2 a 3 horas de espera). As portas deviam ter fechado às 19 horas, mas mantiveram-se abertas. A TV e a rádio informavam que o museu estaria aberto enquanto houvesse público para entrar.
A fila não diminuía, pelo contrário, aumentava. Às 23 horas partiu de Coimbra um comboio especial, com cerca de trezentos decididos a não perder uma tal «maravilha». Às 2 da manhã chegou uma excursão em dois autocarros vinda do Algarve, e às 4 uma carrinha de Sesimbra, com gente do mar, que, em vez de ir para a cama, rumou a Lisboa. A esta hora fechou-se a bilheteira e as portas foram escancaradas à entrada livre. Às 6 horas servia-se chocolate e bolachas aos últimos visitantes, a que se juntaram os frequentadores dos muitos bares da 7ª Colina.

Lisboa, 23 de Setembro de 2002